
Allan Costa
Allan Costa é empreendedor, investidor-anjo, mentor, escritor, motociclista e palestrante em dois TEDx e em mais de 100 eventos por ano. Co-fundador do AAA Inovação, da Curitiba Angels e Diretor de Inovação da ISH Tecnologia. Mestre pela FGV e pela Lancaster University (UK), e AMP pela Harvard Business School.
Liderança
O que (não) fazer quando você é um líder em plena crise
Grandes crises, como a dos Subprimes em 2008 ou a da Covid-19, são grandes testes para os negócios e seus líderes. Quando a situação se torna obscura é que vemos com muito mais clareza quem realmente vive, na prática, o discurso de ter as pessoas no centro, e quem usa a retórica apenas para atrair atenção.
Em momentos intrincados, negócios viram ambientes
quase caóticos. Decisões precisam ser tomadas de forma rápida e não há escolha
simples. É “o lado difícil das decisões difíceis”, como diria o empreendedor e
investidor norte-americano Ben Horowitz.
quase caóticos. Decisões precisam ser tomadas de forma rápida e não há escolha
simples. É “o lado difícil das decisões difíceis”, como diria o empreendedor e
investidor norte-americano Ben Horowitz.
Uma das coisas mais importantes a se fazer é trabalhar com cenários. Algo que me incomodou profundamente no início da crise do novo coronavírus foi ver alguns empresários anunciando que “essa crise tem data para acabar”. Estávamos em março, e a pandemia chegava ao Brasil.
Isso se mostrou uma tolice absurda porque, por mais otimista que você seja, é arriscado querer acertar em um evento de escala mundial e sem precedentes. Qualquer previsão é, no máximo, um chute. Por isso é fundamental trabalhar com cenários, buscando posicionamentos claros à medida que a crise avança, partindo de percepções de como ela se comporta.
Se a atribuição de cenários pode trazer clareza, o
próximo passo seria aproximar o time para perto e comunicar, de forma firme e
direta, como deverão ser os próximos meses e quais caminhos a empresa pode
traçar. Um senso de urgência e cartas na mesa são ações fundamentais para que
as pessoas confiem em quem está no comando e se sintam engajadas em ajudar a
organização a passar por aquele período de turbulência. Parece algo simples,
mas acredite. A comunicação ainda é um gap
gigantesco no gerenciamento de crises em boa parte das empresas.
próximo passo seria aproximar o time para perto e comunicar, de forma firme e
direta, como deverão ser os próximos meses e quais caminhos a empresa pode
traçar. Um senso de urgência e cartas na mesa são ações fundamentais para que
as pessoas confiem em quem está no comando e se sintam engajadas em ajudar a
organização a passar por aquele período de turbulência. Parece algo simples,
mas acredite. A comunicação ainda é um gap
gigantesco no gerenciamento de crises em boa parte das empresas.
Outro ponto importante é a liderança. Uma empresa que promove cortes de funções em níveis hierárquicos mais baixos, ao mesmo tempo em que mantém altos salários e até mesmo bônus para alguns dos líderes demonstra incoerência. Claro, mesmo com renegociações de contratos, um bom desenho de cenários e a liderança dando o exemplo, por vezes, não haverá outra saída. Cortes precisarão ser feitos. Mas os líderes precisam ser transparentes.
A lógica financeira dos cortes deve ser explicada à
equipe. Jamais será uma decisão fácil. Porém, esse processo pode ser menos
doloroso se os líderes tiverem em mente que cada colaborador e colaboradora
carregam consigo uma história própria, uma família, diversos sonhos. Isso
resultará em decisões mais empáticas, ainda que difíceis.
equipe. Jamais será uma decisão fácil. Porém, esse processo pode ser menos
doloroso se os líderes tiverem em mente que cada colaborador e colaboradora
carregam consigo uma história própria, uma família, diversos sonhos. Isso
resultará em decisões mais empáticas, ainda que difíceis.
Essa não é e não será a última crise pela qual nossos negócios vão passar. A do novo coronavírus está sendo uma grande prova para todos nós. Mas ela vai passar. Não sabemos quando, mas vai. E depois dela, outra virá. Os pontos mencionados aqui valem para qualquer quadro desafiador, não importa a dimensão que tenha. Comunicação, liderança e transparência são fundamentais para momentos de turbulência. E pode ser que sejam também decisivos para aquelas empresas boas somente com discursos, a aprenderem, de vez uma vez por todas, a colocarem as pessoas no centro.