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53% das grandes empresas apostam em construtechs para impulsionar inovação

Mariana Ceccom, especial para o Gazz Conecta
21/07/2020 18:21
Um estudo realizado pela multinacional Deloitte, em parceria com a Terracotta Ventures, empresa especializada em investimentos em construtechs, apontou que 53% das grandes empresas do ramo de construção civil e mercado imobiliário apostam em startups como elemento chave de inovação em suas corporações. O estudo chamado de “Construção do Amanhã” foi publicado este mês e tema da live de estreia do novo canal Sebrae-PR Construtech, dentro do Gazz Conecta. Um dos sócios da Terracotta Ventures, Bruno Loreto analisou o relatório detalhadamente a pedido do Sebrae-PR. O vídeo com a análise completa pode ser conferido abaixo.
O estudo, que ouviu 214 corporações, além de 29 startups do ramo, questionou empresários sobre como eles promovem inovação em seus negócios. No segmento das corporações, 28% disseram investir diretamente em startups e outros 25% afirmaram que apostam em tecnologias piloto, desenvolvidas em parceria com esse tipo de empresa.
“É um número que chama atenção e mostra que as corporações do setor de construção chegaram a um nível de maturidade e tem enxergado nas startups uma relação de cliente e fornecedor. Isso é muito saudável, mas não é possível tratar startups como fornecedores quaisquer. É preciso entender que são negócios em fase de validação e a vantagem é justamente ajudar a construir um modelo de negócio e produto que esteja adaptado as necessidades da empresa”, explicou Loreta durante a transmissão ao vivo.Como exemplos dessa parceria, Loreto citou gigantes do setor como a Tigre, multinacional especializada em materiais de construção, que investe em programas de aceleração para incentivar startups a desenvolverem soluções voltadas a esse ramo.
Outro importante ponto levantado no relatório dedicado a
mapear o entendimento de inovação no mercado brasileiro foi a quantidade de verba
destinada diretamente pelas empresas para esse setor. Ao todo, 77% das
companhias afirmaram investir menos de 1% do faturamento total especificamente
em inovação e apenas 11% disseram dedicar 5% ou mais do faturamento a esta
causa.
Para Loreto, aportes nessa área significam o futuro dos negócios, precisando ser computados como investimentos e não como custos, mesmo em tempos de crise. “De uma maneira geral é preciso entender onde estou perdendo dinheiro. É mais fácil mensurar o impacto de uma solução inovadora quando tenho calculado, por exemplo, o quanto um problema que está atrasando minha obra poderia ser resolvido com uma solução inovadora”, explica o especialista.
"Eu construiria um portfólio de inovação, onde cerca de 70% dos dinheiro seria direcionado para solucionar desafios e processos internos menores, e os outros 30% para aquilo que é uma solução de fato disruptiva, um novo desenvolvimento, em longo prazo”, detalha.
Para o sócio da Terracota Venture nós temos a tendência de focar nos grandes problemas e nos mais complexos, quando deveríamos começar pelos pequenos e ir ganhando confiança e experiência antes de partir para os mais desafiadores. "Gosto de citar o caso de um shopping que convidou colaboradores a pensarem em soluções inovadoras para o negócio. Um operador de manutenção sugeriu pequenos ajustes na iluminação e em questão de ar condicionado, que geraram uma economia de mais de R$ 10 milhões para a empresa, por ano”, arremata.

Tendências

Durante a live transmitida no Instagram do Gazz Conecta, Loreto também falou sobre tendências do setor para os próximos anos. Para ele, o mercado brasileiro deve fechar o ano com mais de 800 construtechs estabelecidas, um crescimento notável perto das 250 mapeadas em 2017, primeiro ano em que a Terracotta Ventures realizou um levantamento do número de startups desta área. O Paraná detém cerca de 12% desse mercado, sendo o terceiro estado brasileiro com o maior número de construtechs. Em primeiro lugar está São Paulo e em seguida, Santa Catarina.
De olho neste ecossistema em expansão e em novas tecnologias que valem o aporte, a Terracota Ventures aposta principalmente na digitalização dos processos de gestão de canteiros de obras, construções modulares, soluções financeiras e otimização de geração de valor através de ativos imobiliários, principalmente as que promovem locações de imóveis unidas a oferta de serviços e experiências para os inquilinos.
“No curto prazo estamos apostando em companhias que digitalizam a compra e venda de imóveis, um processo que ainda é muito arcaico, apesar de ser uma transação de milhares de reais”, explica.
Já na área de construção civil, além de digitalizar os processos nos canteiros, a tendência é a industrialização do setor, automatizando desde as condições de entrega de materiais até a construção da obra em si. “O grande desafio do setor, nas últimas quatro décadas é a produtividade. A construção ainda sofre com a inconstância do clima e da dinâmica ainda muito artesanal de levantar os tijolos. Para ser disruptivo nesse caso não há escapatória, se não trabalhar em escala industrial, dominando a jornada em toda a cadeia de produção, reduzindo desperdícios de material e o número de acidentes de trabalho. Mas esse método de montagem rápida não vai acontecer do dia para a noite. A nossa previsão é que nos próximo quatro anos menos de 3% do mercado trabalhará com construção industrializada, como a modular”, finalizou.

Comunidade digital

O Sebrae-PR lançou nesta terça-feira (21) uma plataforma própria de conteúdos colaborativos. Na comunidade digital, profissionais, estudantes e entidades de classe do mercado de construtechs estão convidados a compartilhar experiências, divulgar relatos e outros materiais que possam ser relevantes para este ecossistema de inovação. Esses conteúdos também poderão ser replicados no Gazz Conecta, após curadoria. Para participar da comunidade digital, basta acessar este link.