Startups latinoamericanas
Startups latinas captam US$ 5,4 bilhões em 2022 e destaque vai para empresas femininas, aponta LAVCA
Os investimentos de risco em startups latinas foram destaque no mais novo relatório da Associação de Investimento em Capital Privado na América Latina (LAVCA). Apresentado na última semana, o LAVCA VC & Tech Mid-Year Trends na América Latina traz uma análise detalhada do mercado de Venture Capital no Brasil e na América Latina e destaca o volume investido em empresas de inovação nos primeiros seis meses de 2022.
O relatório, que compilou dados sobre os aportes em startups latinas desde 2015, concluiu que 2022 é o segundo ano com a maior concentração de venture capital, atrás apenas de 2021. De janeiro a junho, as empresas captaram US$ 5,4 bilhões, em 541 acordos assinados. O Brasil, neste contexto, representa mais de 40% de todo o volume transacionado, com US$ 2,2 bilhões recebidos em 232 aportes.
"A evolução é gradual, mas constante, em um ecossistema mais experiente, equitativo e resiliente. Isso pode ser visto pelo aumento significativo do financiamento para fundadores e empresas lideradas por mulheres, bem como o um dinheiro substancial para investir em oportunidades, os chamados dry powder disponível para apoiar as early-stage", disse Carlos Ramos de La Vega, diretor de Venture Capital da LAVCA.
Em meio a um contexto de mudanças no venture capital global — agora com menor liquidez e em busca de menor risco — são privilegiados os aportes em empresas com baixo capital de giro, ou seja, que recorrem a um volume menor de capital para manter as operações. Segundo a LAVCA, o venture debt, modelo de financiamento para startups com essas características, já representa 13% do total arrecadado na região.
Principais setores
Na América Latina como um todo, os setores que mais receberam investimentos foram os de fintechs, com cerca de 30% no total, seguidos por empresas de software (20%), e-commerce (16%), proptechs (7%) e logística (6%).
Maior representação feminina
O estudo mostra um aumento nos investimentos em startups lideradas por mulheres - ou com, pelo menos, uma no conselho. De 2019 a 2022, o percentual saltou de 16% para 31%. Com isso, investimentos em empresas lideradas por mulheres já representam um terço do total investido na América Latina.
No Brasil, a maior representação feminina também se deu em números: os investimentos em startups fundadas por mulheres foram de 15% em 2019 para 30%do total em 2022.
"A lacuna de diversidade no mercado de Venture Capital é um reflexo da nossa sociedade e do mercado de tecnologia como um todo. Segundo dados do Women Founder Report 2021, quando se trata de empreendedorismo tradicional, 46,2% das empresas são fundadas por mulheres. No entanto, no ecossistema de inovação, onde os empreendimentos têm foco em tecnologia, essa representação é de apenas 9,8%", afirma Franklin Luzes, vice-presidente de Inovação, Transformação e Startups em fase de crescimento acelerado na Microsoft Brasil. "Precisamos ter um olhar intencional para o setor e buscar mais diversidade quando se trata de direcionar investimentos".
A companhia de tecnologia é apoiadora da pesquisa e proprietária de um fundo de investimento em venture capital dedicado exclusivamente a startups femininas que já aportou em oito empresas nos últimos três anos.