Eu adoro a frase “O futuro já está aqui, só não está igualmente distribuído”, do autor de ficção científica William Gibson. Ele expõe de forma singular e em poucas palavras exatamente como penso. Quando falamos sobre inovação e futuro, é comum nos referirmos a eles como algo único.
A verdade é que não existe apenas um futuro. O que é considerado futuro para algumas pessoas, pode ser presente para outras e até passado para algumas outras. Um exemplo simples: comprar com cartão de crédito pode ser passado para alguém que usa a tecnologia NFC; pode ser presente para alguém que ainda utiliza cartões para as compras; e pode também ser futuro para alguém que nunca teve acesso a esta tecnologia – como ainda é o caso de boa parte da população brasileira.
O mesmo vale para qualquer outra tecnologia. Utilizar blockchain em processos governamentais pode ser algo distante para boa parte dos países, mas é algo já feito na Estônia desde 2012. Carros autônomos podem ser o futuro para boa parte do mundo, mas já são o presente em algumas regiões de San Francisco, nos Estados Unidos.
Agora, conectada com o ponto central deste artigo, uma outra frase clássica e até meio clichê, do pai da administração moderna, Peter Drucker: “A melhor forma de prever o futuro é criá-lo”. Assim como a frase de William Gibson, gosto bastante da visão de Drucker pois ela nos força a ver o futuro de forma ativa, não passiva. O futuro não é algo que simplesmente acontece. Ele é construído, todos os dias, por todos nós.
E uma das melhores formas de construir o futuro é distribuí-lo. Boa parte das grandes tecnologias que usamos a todo momento nos dias de hoje já foram coisas de nichos ultra específicos e tremendamente caras. Bill Gates com os computadores pessoais. Steve Jobs com os smartphones. Jeff Bezos com o e-commerce. Lá atrás tivemos Henry Ford com os carros.
Distribuir o futuro não é algo fácil. O primeiro passo é ser capaz de encontrar o futuro no presente. Assim como na frase de Gibson, o futuro já está aqui, só não está distribuído igualmente. Dessa forma, é importante saber ler o futuro que já chegou, mas ainda precisa ser distribuído. Este é o caso de diversas tecnologias e tendências, como blockchain, internet das coisas, inteligência artificial e cibersegurança.
Todos sabemos que elas serão indústrias cada vez mais demandadas e importantes nesta próxima década. E elas já estão aqui. A questão é que boa parte dessas aplicações ainda não estão distribuídas e disponíveis para boa parte da população em geral. Elas ainda estão em nichos específicos e, em sua maioria, são exclusivas para entusiastas ou grandes empresas.
Quer construir o futuro? Comece por encontrá-lo ainda no presente, enquanto ainda está presente em nichos e é utilizado por alguns usuários apaixonados, onde bastante dinheiro já é gerado, mas ainda sem chamar a atenção do público em geral. E então pense em como você pode distribuí-lo antes dos outros.