Inovação não deve ser só papo: como o Corporate Venture está transformando o jogo?

Ao escutarmos tanto sobre inovação, a verdadeira compreensão do tema às vezes se perde. Alguns ambientes corporativos até reagem com certo ceticismo. A meu ver, é um reflexo da falta do conceito de inovação daquele negócio ou do desvio do foco principal: inovar com resultados.

Aqui, na coluna "Desmistificando o Corporate Venture", vamos esclarecer como essa abordagem atua em sintonia com a inovação corporativa para produzir resultados mensuráveis e eliminar a "espuma" que tantas vezes acompanha o tema da inovação.

Será que a inovação é mesmo essencial para minha empresa? É prioridade? Vou ser bem direto: não é uma questão de querer, mas sim de dever. Dever inovar em seus processos diários, buscar maneiras melhores de fazer as coisas, aproximar de tecnologias, pensar em novos modelos de negócios e trazer soluções ou experiências que fidelizem o cliente. Você tem que se perguntar: estou fazendo o que deve ser feito da melhor forma possível com os recursos que tenho? Se sim ou não, essa questão deve estar vindo à tona sempre em sua rotina!

O Corporate Venture emerge como um caminho para captar, contratar ou conhecer soluções que já existem no mercado, muitas delas nascidas em startups recentes, para negócios que estão em busca dessas inovações. O CV é um tipo de caminho para a inovação aberta na qual corporações ou empresas tradicionais olham para negócios externos e vislumbram transformações futuras em seus processos, produtos ou modelos internos.

Na maioria das vezes, será desafiador termos fluência das partes num relacionamento entre uma startup e uma corporação, quase como querer misturar água com óleo. Metodologias, escopos bem definidos, objetivos claros e educação permitirão chegar a uma solução homogênea para isso. Poderá não funcionar? Sim, o importante é que essa conclusão seja rápida.

Sempre comento que, até quando esse processo é ruim, é bom. É bom porque aprendemos rápido e conhecemos novas formas, racionais e soluções. Poderão ser gatilhos para novas transformações no negócio.

Em uma pesquisa conduzida pela IESE Business School, com mais de 50 líderes de inovação de mais de 40 corporações globais que construíram squads (times específicos) para Corporate Venture com parcerias multiorganizacionais, foram elencados benefícios para corporações que atuam com times para CV.

Os principais benefícios resumem-se ao acesso a um vasto leque de novos negócios e conhecimentos, com 37% delas destacando o melhor acesso a negócios com startups e 29% apontando a melhoria na rede de contatos no ecossistema de inovação. Além disso, 26% veem o compartilhamento de melhores práticas como um benefício valioso, reforçando o papel dessas alianças estratégicas para a inovação e vantagem competitiva.

Tenho um amigo dono de algumas farmácias físicas, fora desse ambiente corporativo multinacional, e ele comentou que tem vendido uma boa quantidade de itens online (fraldas, lenços umedecidos e até sprays de brilho corporal). Uma farmácia “tradicional”, diversificando portfólio, abrindo novos canais de venda, novos clientes e lucrando com isso. Bom, né? Há vários negócios de comércio local querendo melhorar no e-commerce e muitos não sabem por onde começar. Não precisa inventar a roda: pode-se encurtar caminhos, alinhando-se a uma startup que ofereça uma solução ou, até mesmo, adquirindo uma participação nela.

Gerir horizontes de inovação de seu negócio para elencar temas que devem ter prioridade para ganhos rápidos é um ponto de partida que sempre valorizamos nos clientes da inbix em que atuamos com Corporate Venture. Isso faz com que estejamos olhando para soluções de inovação aberta que possam transformar o futuro do negócio, seja por meio de novos clientes e/ou canais, modelos de negócio ou aumento de margens. Nosso próximo papo aqui será sobre mecanismos e ferramentas para o Corporate Venture e contarei alguns cases que estamos vivendo.