Startup curitibana, Beorange utiliza IA para descomplicar a contabilidade das empresas

A Beorange, startup curitibana de inteligência administrativa, nasceu para simplificar a rotina burocrática de empresas acostumadas a lidar com papeladas e processos administrativos arcaicos. Fundada por Myle Pontes, contadora especializada em normas internacionais, a empresa oferece soluções de automação e gestão para empresas de tecnologia e startups. Para isso, funciona como um escritório de contabilidade digital, que se propõe automatizar rotinas fiscais, contábeis, tributárias, financeiras e de recursos humanos para startups e empresas de tecnologia. Suas soluções já impactam mais de 100 clientes no Brasil.

Agora, a startup anunciou o lançamento oficial de sua plataforma de contabilidade digital com inteligência artificial, a Aya. De acordo com Myle, esta é a primeira versão da ferramenta dotada de IA proprietária que foi desenvolvida para automatizar processos contábeis, financeiros e fiscais.

A novidade tem como objetivo principal poupar tempo e esforços ao eliminar a necessidade de inserção manual de dados nos sistemas de gestão contábil e administrativa tradicionais. A solução da empresa será responsável por gerenciar a inclusão de pagamentos, controle de contas a receber, cobranças e vinculações de pagamentos, independentemente do número de contas ou do software utilizado.

Além dessas funcionalidades, a Aya oferece mapeamento de cobranças, com a capacidade de buscar por DDA (Débito Direto Autorizado), visando simplificar ainda mais os processos de pagamento e recebimento. Na área fiscal, proporciona uma gestão acessível de impostos, permitindo o fechamento de guias e o monitoramento eficaz de tributos, garantindo conformidade fiscal e minimizando riscos. Em RH, a solução facilita a admissão de novos funcionários, o processo de demissão, a gestão de férias e a administração da folha de pagamento, simplificando tarefas cruciais para a gestão de pessoal.

Myle explica que o objetivo da empresa é transformar a forma como a contabilidade é realizada, buscando uma abordagem mais precisa e alinhada com a realidade das empresas. Isso é feito para evitar possíveis passivos e garantir maior conformidade com as normas fiscais.

A fundadora da Beorange tem a visão de oferecer soluções de automação e gestão eficientes não apenas para empresas de tecnologia, mas também para startups e outros negócios emergentes, com o intuito de impulsionar sua eficácia administrativa.

Por meio da Aya, a empresa vai promover uma visão de futuro em que a tecnologia e a inovação estão ao alcance de todos. Ao simplificar e automatizar processos administrativos complicados, essa solução torna possível para empresas de todos os tamanhos operarem de maneira mais eficaz e precisa.

O primeiro contato de Myle com o universo das startups surgiu ao migrar para uma Venture Builder. Na rotina de Myle estavam extensos processos de Due Diligence para startups, processo que tem como finalidade preparar essas empresas para receber investimentos externos. “Lembro de ter analisado 30 startups e reprovar 29”, conta. “O cenário era o mesmo dos escritórios de contabilidade: fundadores, gestores e líderes não entendiam nada sobre finanças. Alguns sequer entendiam o conceito de ‘fluxo de caixa'”, diz.

Foi observando a dificuldade de startups e empresas de diferentes portes em manter as contas em dia que Myle teve a inspiração para fundar sua própria empresa, um escritório de contabilidade. Dois anos depois, o negócio deu lugar à Beorange, que a princípio começou como uma prestadora de serviços contábeis, mas logo passou a incorporar outras rotinas administrativas terceirizando toda a parte fiscal, tributária, financeira e societária.

Em um segmento fragmentado como o de contabilidade (atualmente, há mais de meio milhão de profissionais do setor no Brasil, com uma densidade de escritórios de pequeno porte), a Beorange busca alguns diferenciais para se destacar. Além do perfil de consultoria, a aplicação de tecnologia é algo novo por ali - a startup desenvolveu uma inteligência artificial (IA) própria capaz de otimizar todos os processos para assim se dedicar totalmente ao atendimento consultivo.

De acordo com a fundadora, a IA da Beorange é dotada de machine learning, além de muitas automações. “O que fazemos é oferecer inteligência em muitas frentes administrativas”, explica Myle. “Na prática, é a tecnologia que fecha o fiscal, ela que fecha as guias, e logo também fará lançamentos bancários por conta própria”.

A Beorange recebeu recentemente um investimento pré-seed da WIM Angels (Women Investment Movement), rede voltada a empresas fundadas por mulheres, além de outros investidores. O processo para o aporte, concluído em meados de março, durou seis meses. Myle conta que, para a Beorange, concluir uma captação junto a um fundo totalmente feminino foi vital, tendo em vista alguns desafios de gênero no universo das startups.

“Para mim, fez total diferença um processo de captação totalmente coordenado e acompanhado por mulheres, pois sempre quis que mulheres entrassem comigo na jornada, já que somos super favoráveis à diversidade e empreendedorismo feminino na Beorange”, conta Myle. Com o aporte, feito a partir de um valuation de R$ 10 milhões, a Beorange pretende refinar ainda mais sua plataforma de IA, adicionando novas versões que serão disponibilizadas no mercado nos próximos meses. Até o fim de 2024, a intenção é chegar a 300 clientes. “Não queremos ser apenas mais um. Somos, hoje, a empresa com o melhor processo de automação administrativa do mercado, e assim nos apresentamos e continuaremos crescendo”, afirma a empreendedora.