Brasil tem crescimento tímido
Total de aportes em startups da América Latina no primeiro semestre é o maior desde 2022
As startups da América Latina receberam US$ 2,18 bilhões em recursos no primeiro semestre do ano, aponta o relatório de Venture Capital do Distrito. Apesar do resultado mais tímido do Brasil, que cresceu em ritmo mais lento, as startups latino-americanas tiveram o maior volume de aportes desde o segundo semestre de 2022, quando foram captados US$ 2,75 bilhões. Outro destaque da primeira metade do ano foi a elevação do ticket médio das rodadas.
O volume financeiro aportado por fundos de venture capital na região no primeiro semestre teve um crescimento de 40,7% em relação ao mesmo período do ano passado, quando as startups receberam US$ 1,55 bilhão, segundo o relatório do Distrito. Em termos de rodadas, houve uma redução de 414 registradas nos primeiros seis meses de 2023 para 377 no mesmo período deste ano. Com isso, o ticket médio das operações subiu de US$ 3,74 milhões de janeiro a junho do ano passado para US$ 5,78 milhões no último semestre.
“A melhora do mercado aconteceu em função da retomada gradual de rodadas em late-stage, que eram raridade em 2022 e 2023. Nos últimos meses, vimos cheques maiores, sobretudo entre as fintechs, que continua sendo o setor mais dinâmico do universo de tecnologias emergentes da América Latina”, explica, em nota, o CEO e cofundador do Distrito, Gustavo Gierun. “Devemos continuar com esse cenário de melhora ao longo do ano”.
Entre os destaques de investimentos, estão as brasileiras Celcoin, provedora de infraestrutura financeira, que levantou R$ 650 milhões numa rodada liderada pela Summit Partners, e a CRM&Bonus, plataforma de relacionamento com clientes, que concluiu uma Série B no valor de R$ 400 milhões liderada pelo fundo BOND, com extensão da rodada de US$ 10 milhões com Vivo e Industry Ventures no fim de junho. No México, a plataforma de pagamentos Clip recebeu US$ 100 milhões do Morgan Stanley Tactical Value.
O investimento no late-stage somou US$ 1,3 bilhão comparado aos US$ 840,3 milhões do early-stage e US$ 36,7 milhões do pre-seed.
Valor captado por startups brasileiras têm crescimento tímido
No primeiro semestre deste ano, as startups brasileiras receberam US$ 928,3 milhões, de acordo com o Distrito. O número representa uma alta de 14,8% em relação aos US$ 808,46 milhões registrados na primeira metade de 2023. Já comparado ao último semestre de 2023, quando as startups somaram aportes de US$ 1,25 bilhão, houve uma queda de 25,6%.
Assim, as startups do Brasil ficaram com 42,6% de todos os recursos destinados para a América Latina. Apesar de ser ainda o mercado mais ativo da região, o Brasil vem perdendo espaço para outros países, como Colômbia e México.
Em termos de rodadas, o Brasil teve 215 na primeira metade deste ano, contra 255 no mesmo período do ano passado.
“O mercado de tecnologia no Brasil está em um momento desafiador, mas repleto de oportunidades. As incertezas globais e governamentais dificultam a captação de recursos, mas, paradoxalmente, isso permite que empresas de alta qualidade se destaquem em um ambiente mais competitivo”, diz Gierun. “Apesar do resultado mais fraco quando comparado com o resto da América Latina, ainda contamos com um setor de inovação dinâmico e com capacidade de atrair recursos”.
Startups levantam US$ 1,8 bilhão em rodadas de dívida
O Distrito tem acompanhado de perto também a evolução das rodadas de dívida, o que inclui FIDC, venture debt e debt financing. No primeiro semestre, foram levantadas 19 rodadas de dívida pelas startups latino-americanas, o que totalizou US$ 1,08 bilhão. O resultado ficou praticamente em linha com o volume de US$ 1,082 bilhão do mesmo período do ano passado.
Sob a ótica setorial, as fintechs dominam o volume de captação, com US$ 813,5 milhões captados que serão utilizados principalmente para o fornecimento de crédito.
M&As na América Latina
No primeiro semestre de 2024, foram realizados 118 M&As no ecossistema latino-americano de startups. Esse número está em linha com o registrado no primeiro semestre do ano passado, quando o número de operações atingiu 124 deals.
As aquisições foram principalmente de fintechs (25), deeptechs (10) e retailtechs (8), indicando os setores que mais estão se consolidando em 2024.
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