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Por meio do preço das coisas, Allan Costa mostra que nenhuma decisão é neutra. Crédito: pixelshot.

Allan Costa

Allan Costa

Allan Costa é empreendedor, investidor-anjo, mentor, escritor, motociclista e palestrante em dois TEDx e em mais de 100 eventos por ano. Co-fundador do AAA Inovação, da Curitiba Angels e Diretor de Inovação da ISH Tecnologia. Mestre pela FGV e pela Lancaster University (UK), e AMP pela Harvard Business School.

Você, amanhã

O preço de qualquer coisa 

27/10/2025 16:46
Você já se sentiu estagnado ao precisar tomar uma decisão? Acho que, assim como todo mundo, já. Vou tentar te ajudar hoje trazendo o seu olhar para uma coisa que você talvez esteja mais familiarizado: o preço. 
Tudo na vida é questão do quanto você está disposto a pagar. E isso não tem, necessariamente, a ver com dinheiro, mas pode ter também. 
O fato é que toda escolha envolve custo. Pode ser financeiro, social, psicológico, amoroso, físico ou até espiritual. E, por mais que tentemos racionalizar, esse é o jeito mais simples e honesto de tomar uma decisão: qual é o custo de fazer,  ou de não fazer, algo? 
Qual o custo de ficar no seu atual emprego ou sair para empreender? Qual o custo de trabalhar longas horas por dia ou pisar no freio para passar mais tempo de qualidade com a família? Qual o custo de ficar isolado em casa ou sair para tomar uma cerveja com os amigos uma vez por semana? Qual o custo de ser sedentário ou botar o tênis e ir para a academia? 
Essas perguntas parecem banais, mas, veja: quando dizemos “sim” para algo, estamos, necessariamente, dizendo “não” para outra coisa. Não existe neutralidade. Não existe essa coisa de ficar em cima do muro. Até a indecisão já é uma decisão, e quase sempre sai mais caro do que gostaríamos. 
Mudar de emprego significa pagar o preço de mergulhar de cabeça no novo — o que pode ser excelente para a sua carreira, ou horrível. Empreender pode custar a sua segurança financeira em troca de autonomia, se tudo der certo com o seu negócio. Permanecer em uma grande empresa pode custar a possibilidade de crescimento profissional em troca de uma suposta segurança. 
Ficar no sofá rolando o feed do celular em vez de ir para a academia pode parecer uma escolha inofensiva hoje, mas pode te custar anos de vida lá na frente. Trabalhar 12 horas por dia pode parecer sinal de dedicação no curto prazo, mas pode custar um casamento, a relação com os filhos ou até a sua saúde mental no longo prazo. 
A vida está sempre te apresentando uma sucessão de trocas e nenhuma delas vem de graça. Quando colocamos na balança aquilo que não estamos dispostos a pagar, as decisões ficam mais claras: o preço da ação compensa o preço da inércia? Se a resposta for sim, você já sabe o que fazer. 
Vale ponderar se você está realmente com falta de opções ou se  não é só o medo de assumir o preço que vem depois da escolha feita. Queremos o bônus sem o ônus, o resultado sem o processo, o ganho sem a perda. Só que a vida não funciona assim. 
Por isso, é importante também definir, antes de qualquer coisa, qual é a sua prioridade.  
Se o preço de ser promovido custa tempo com a sua família, e você está disposto a pagar, então está claro qual é a sua prioridade. Se o preço de empreender no negócio dos seus sonhos é enfrentar algumas instabilidades e incertezas financeiras, e você está disposto a pagar, então está claro qual é a sua prioridade. 
Isso vale para tudo. Da carreira às relações pessoais. Do corpo à mente. Do dinheiro ao tempo. A clareza não vem porque achamos que temos todas as respostas, mas quando definimos o que é inegociável para nós e sustentamos o preço disso. 
E cuidado com a ilusão da “não decisão”. Muitas vezes acreditamos que, ao não agir, estamos nos isentando de pagar qualquer preço. Bobagem. A inação é, quase sempre, uma das escolhas mais caras. O preço da acomodação, da estagnação ou da procrastinação pode custar oportunidades que nunca mais voltam. 
Em última análise, a pergunta que precisamos nos fazer não é “o que eu quero conquistar?”, mas “o que eu aceito perder para chegar lá?”