Allan Costa é empreendedor, investidor-anjo, mentor, escritor, motociclista e palestrante em dois TEDx e em mais de 100 eventos por ano. Co-fundador do AAA Inovação, da Curitiba Angels e Diretor de Inovação da ISH Tecnologia. Mestre pela FGV e pela Lancaster University (UK), e AMP pela Harvard Business School.
Eu simplesmente adoro quando conceitos e experiências em áreas não necessariamente correlatas trazem ensinamentos relevantes. Um dos grandes conceitos que aprendi na vida e que mudou a forma como enxergo as coisas aconteceu nas minhas viagens de moto.
De moto, sozinho, já fui até Ushuaia, o ponto mais austral do planeta, já atravessei o deserto do Atacama, percorri a carretera austral, no Chile e a Ruta 40, na Argentina. Contornei o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul e percorri todo o Marrocos até o Deserto do Sahara.
Ainda de moto, mas com amigos, já percorri a Rota 66 e a Rota 81, ambas nos Estados Unidos, cruzei a América do Sul, percorri a Austrália de Norte a Sul e andei pela estrada mais perigosa do mundo, a Carretera de La Muerte.
Essas viagens me ensinaram diversas lições. Talvez a mais importante delas tenha sido saber aproveitar a jornada. Isso pode parecer clichê de livro de autoajuda (e quem me conhece sabe o quanto odeio esse tipo de chavão). Mas reproduzo este pensamento como alguém que já esteve inserido em diversos contextos diferentes e que sim, passou a enxergar o mundo e as experiências de forma diferente após absorver esse modelo mental.
Acredito que assim como eu, muitas pessoas em início de carreira buscam enxergar determinados pontos de chegada. Pode ser uma promoção, pode ser um determinado cargo, uma determinada empresa, um intercâmbio profissional.
O mesmo vale para quem está empreendendo. O ponto de chegada pode ser um determinado faturamento, a abertura de x lojas ou a presença em um grande número de estados.
Nada de errado com isso. Quem não tem objetivos está fadado à estagnação. Contudo, o que defendo é que deve existir aí um espaço para que a jornada seja levada em consideração. Por vezes, podemos ficar tão alucinados em alcançar essas metas que nós mesmos estipulamos, que perdemos diversas coisas boas que aparecem pelo caminho.
Nas minhas viagens de moto, havia sempre um ponto de chegada. O destino final daquela viagem. Mesmo assim, esse destino final era apenas mais uma das centenas de experiências que aconteciam durante o trajeto. Estou falando aqui das paisagens, das comidas, das conversas e, por que não, dos perrengues.
Da mesma forma, seja na sua carreira ou na sua empresa, é legal ter destinos finais e trabalhar incansavelmente para atingi-los, mas é igualmente incrível saber olhar para situações cotidianas e apreciá-las. As conversas com os colegas, as pequenas vitórias, as derrotas que parecem o fim do mundo mas que, com o passar do tempo, não eram tão grandes assim e entram para o rol das lições aprendidas. Tudo isso é tão ou até mais importante que o destino final.
Focar demais apenas no destino pode ser extremamente estressante e decepcionante. Isso porque nem sempre conseguiremos atingir o resultado esperado. A vida tem dessas e quem foca apenas no resultado final acaba se frustrando bastante por tudo não terminar como o esperado. Por outro lado, se a jornada como um todo é apreciada, o destino final se torna apenas um detalhe. Uma peça para completar o quebra-cabeça. Se o foco está na jornada, as lições aprendidas se tornam muito mais importantes e cada dia se torna um dia único.
Reflita bem sobre como você enxerga as coisas, seja na sua carreira, seja na sua empresa. Tão importante quanto trabalhar para chegar ao destino é saber apreciar a jornada. Saber apreciar cada dia, cada instante e cada nova batalha e nova pequena conquista. Leve esse pensamento para sua carreira ou empresa e perceberá o quão importante e transformadora é essa mudança de perspectiva.