Muito se fala sobre transformação digital, mas de nada adianta inserirmos novas tecnologias e processos se não trabalharmos o aspecto de pessoas. É algo que venho falando há muito tempo: inovação é sobre pessoas. E se inovação é sobre pessoas, esse processo passa, é claro, pelas lideranças. De nada vale que os profissionais mais juniores estejam comprados na ideia de transformação se não existe o mesmo empenho por parte da liderança.
Ao longo dos últimos anos, acompanhei de perto o processo de inovação e transformação digital em diversas empresas, dos mais diversos setores e tamanhos e pude constatar a existência de três habilidades necessárias, que muitos dos líderes dessas empresas - bem-sucedidas nestes processos - tinham em comum.
1. Ser menos planejador
Pode até parecer paradoxal. É claro que um determinado nível de planejamento é necessário e muito importante. Contudo, muitos líderes ainda estão presos no pensamento de décadas atrás em que as lideranças detinham todo o conhecimento e eram como grandes “donos da verdade”.
Isso ainda é muito mais comum do que deveria, infelizmente. Gosto de pensar em líderes não como grandes planejadores, mas como grandes catalisadores e orquestradores. A diferença pode parecer sutil, mas é poderosa. Ser um catalisador significa ter, sim, um determinado nível de planejamento, mas ser flexível o suficiente para mudá-lo rapidamente quando for necessário e, mais do que isso, ser uma figura catalisadora para que os liderados sejam capazes de executar o que foi planejado e orquestrar para organizar e direcionar os esforços.
2. Confiança, confiança, confiança
Ainda é indiscutível que a visão estratégica permanece como um pilar essencial. Contudo, a habilidade de coordenar pessoas assume um papel de vital importância na era digital, com cada vez mais tecnologias e novas práticas que adicionam complexidade ao problema, como trabalho remoto e híbrido.
Liderar na Era Digital tem a ver com construção e manutenção de confiança. É preciso incentivar os colaboradores a participarem ativamente do processo de tomada de decisões e estabelecer uma cultura que propicie um ambiente seguro para que assumam riscos e atuem em prol dos interesses organizacionais.
3. Curiosidade + Intencionalidade
Em um mundo que se move tão rápido, é necessário ser um curioso insaciável. Se a era digital é sobre inovação e transformação digital, essas duas vertentes só são possíveis se os profissionais são curiosos: por novos modelos de negócio, novas tecnologias, novos processos. E isso só acontece se for catalisado pela liderança.
Curiosidade sem intencionalidade, contudo, pode ser uma armadilha. Curiosidade sem ação lhe torna um ótimo consumidor de informação. Mas isso não é necessário para trazer transformações. Por intencionalidade, quero dizer ter foco o suficiente para colocar aquilo em prática. De nada adianta estar ligado nas últimas tecnologias, processos e modelos de negócio se não existe foco para, quando fizer sentido, colocar aquilo em prática dentro do negócio.