Rafael Mendes
Rafael Mendes é CEO da RP Trader e coautor do livro "Seja Visto e Lembrado", um manual prático para impulsionar vendas.
Música e empreendedorismo
A música em sintonia com o empreendedorismo: produtor musical revela a mentalidade por trás do sucesso na indústria
De acordo com os dados divulgados pelo IFPI, o mercado global de música gravada cresceu 9,0% em 2022, alcançando US$ 26,2 bilhões. O principal vetor para este crescimento foi o aumento de subscrições pagas a plataformas de streaming musical, que cresceu 10,3%, atingindo US$ 12,7 bilhões.
O total global de assinantes no fim de 2022 alcançou 589 milhões de subscritores. As receitas totais de streaming, incluindo receitas por assinatura e receitas vindas de publicidade, cresceram 11,5%, representando US$ 17,5 bilhões em 2022, e foram responsáveis por 67% do total das receitas globais da indústria. Houve crescimento em todos os outros segmentos: vendas de formatos físicos (+4,0%), direitos de execução pública/performance rights (+8,6%) e sincronização (+22,3%).
Pelo sexto ano consecutivo, o mercado fonográfico brasileiro apresenta crescimento em seus valores totais, atingindo, em 2022, R$ 2,526 bilhões (USD 489 milhões), o que representa um crescimento de 15,4% em relação ao ano anterior. O Brasil ocupa, atualmente, a nona posição geral no ranking mundial do IFPI.
Considerando apenas as vendas digitais e físicas, o mercado brasileiro cresceu 15,4%, com faturamento de R$ 2,2 bilhões em 2022. A arrecadação de direitos conexos de execução pública para produtores, artistas e músicos somou R$ 323 milhões, um aumento de 15,3% em relação a 2021, ano ainda fortemente impactado pela pandemia neste segmento de receita.
O mercado total atingiu R$ 2,5 bilhões, o que representa que, em valores nominais e em moeda local, o setor quase que dobrou seu faturamento nos últimos quatro anos (de 2019 a 2022). O crescimento do mercado em 2022 foi, mais uma vez, majoritariamente influenciado pelas receitas de streaming, que subiram 15,4%, atingindo R$ 2,2 bilhões. Os valores desta modalidade são responsáveis por 86,2% das receitas totais do setor.
Quando Steven Tyler, vocalista da icônica banda Aerosmith, entoou os versos de “Dream On”, uma mensagem poderosa ecoou pelos corações dos amantes da música: cante e siga seus sonhos. No entanto, na realidade da indústria fonográfica moderna, apenas 'cantar' e 'sonhar' não são suficientes para um músico que deseja alcançar o sucesso.
Hoje, artistas são desafiados a serem mais do que intérpretes talentosos; eles devem ser empreendedores habilidosos. É o que conta nosso entrevistado, Marcelo Scutti, produtor musical e criador da produtora e gravadora MS Produções Artísticas: “a indústria da música é como qualquer outra indústria - ela exige uma mentalidade de negócios tão afiada quanto a habilidade de criar belas melodias”.
No entanto, o produtor musical nos conta que existe uma certa resistência entre muitos músicos em aceitar essa realidade. Segundo ele, a mentalidade romântica - e até amadora - de desconsiderar a música como um produto altamente rentável impede que artistas talentosos alcancem o público que deveriam. Além disso, Marcelo enfatiza que “pensar como um empreendedor não lhe faz menos artista, pelo contrário, lhe dá as ferramentas necessárias para concretizar sua visão artística e alcançar novos horizontes".
Integrar os objetivos do artista com as demandas do público é essencial nesse processo. Scutti faz uma analogia com a gastronomia para ilustrar essa ideia: "um chef de cozinha não pode cozinhar apenas o que ele gosta de comer; ele deve preparar os pratos que o público deseja saborear”.
Segundo Marcelo, a chave para o sucesso na indústria musical não está apenas no talento, mas, sobretudo, na mentalidade empreendedora. “É essa atitude que faz a diferença entre os músicos que enfrentam dificuldades financeiras e aqueles que realmente prosperam”, afirma. Essa abordagem é a receita do sucesso em todas as áreas, não somente no meio artístico, como ilustra a sua trajetória.
A música sempre foi uma paixão na vida de Marcelo. Ainda criança, praticava canto e fazia aulas de piano. Contudo, sua carreira profissional seguiu um caminho completamente diferente. Formado em engenharia agronômica, ele trabalhou durante 32 anos no setor agrícola, dedicando-se à revenda de insumos.
Durante esse período, ele desenvolveu habilidades em gestão de pessoas e alta performance em vendas, adquirindo uma expertise que seria fundamental para sua futura empreitada no mundo da música. “Eu não sou músico profissional, sou um bom gestor de negócios”, explica Scutti.