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Diego Sette

Diego Sette

Diego Sette é diretor de tecnologia da Pearson Latam.

GazzConecta Collab

O que perdemos ao subaproveitar a IA no aprendizado de inglês no Brasil?

04/12/2024 15:35
Desde sua popularização, a inteligência artificial (IA) generativa vem transformando diversos setores, e não tem sido diferente com a educação. Entretanto, no Brasil, essa revolução tecnológica ainda não foi assimilada quando o assunto é o aprendizado de novos idiomas, especialmente o inglês. Apesar do crescente acesso às ferramentas de IA, muitos brasileiros ainda aplicam pouco certos benefícios que podem acelerar e personalizar o processo de aprendizagem. Essa é a realidade mostrada por uma pesquisa da Pearson, realizada em parceria com a Opinion Box: embora os brasileiros sejam heavy users de internet e redes sociais, a aplicação da IA está distante do dia a dia dos estudantes de línguas estrangeiras.
Os dados da pesquisa demonstram que o Brasil é o país que mais enfrenta dificuldades com a aplicação da IA em seus estudos de idiomas, pois, apesar de 64% dos brasileiros já terem ouvido falar sobre soluções de IA para apoiá-los em sua jornada de aprendizagem, apenas 10% sabem como usufruir desses recursos. Esta realidade diverge da familiaridade no país com a internet, haja vista que o relatório da Global Digital 2024 destaca que os brasileiros ocupam o segundo lugar quanto ao tempo de usuários on-line. Tais indicadores revelam o potencial ainda inexplorado da tecnologia educacional, especialmente em um país onde mais de 84% da população tem acesso à web.
Em outros países da América Latina, como Colômbia e Argentina, a adesão ao uso de IA na educação está mais avançada. O ChatGPT é tido como uma ferramenta comum para aprimorar o vocabulário e a compreensão linguística. Segundo o estudo, na Colômbia, 40% dos entrevistados utilizam a aplicação diariamente, comparado a 33% no Brasil. Outra pesquisa, divulgada em maio desse ano pelo Instituto Semesp, revela que três em cada quatro professores são favoráveis ao uso da tecnologia e inteligência artificial como ferramenta de ensino, uma vez que oferece acesso mais rápido à informação. Como ponto negativo, os professores entrevistados disseram que a tecnologia pode fazer com que os estudantes fiquem mais dispersos.

Aprendizado de inglês

O cenário deve ser levado a sério por educadores e formuladores de políticas públicas, afinal, a não familiaridade com as funcionalidades da IA pode resultar em uma lacuna significativa na aquisição de novas competências linguísticas, já que o futuro do aprendizado de idiomas está intimamente ligado à personalização e à utilização de tecnologias emergentes. Atualmente, assistentes virtuais de aprendizado e avaliações automatizadas, têm sido aplicações da inteligência artificial bastante requisitadas.
Uma ferramenta que possui uma funcionalidade de reconhecimento de voz é capaz de ajudar significativamente na correção de pronúncia de uma nova língua, possibilitando a evolução mais rápida do aluno, com o adicional da conveniência. Além disso, com a personalização que a IA proporciona, é possível ajustar o cronograma ao meu ritmo e estilo de aprendizagem, o que é fundamental para manter o engajamento de qualquer aluno. Esse fato reforça a minha convicção de que integrar tecnologias não auxilia apenas na fluência em idiomas, mas também no preparo dos estudantes para um mercado de trabalho que, cada vez mais, valoriza a utilização inteligente das competências tecnológicas a favor de si.
Embora a introdução da IA generativa na educação ainda apresente desafios e esteja em pleno processo de discussão e aperfeiçoamento, especialmente no Brasil é fundamental que essa transformação seja conduzida de maneira estratégica e alinhada às demandas reais do mercado de trabalho e do país. As projeções da série de pesquisas Skills Outlook, da Pearson, têm mostrado, a cada nova edição, que soluções acrescidas de IA, além de desenvolverem habilidades em um novo idioma, ampliam a resiliência dos profissionais. Skills consideradas realmente estratégicas, como a capacidade de se expressar com clareza, assertividade e autenticidade em um novo idioma; liderança; trabalho em equipe; agilidade, entre outras, devem ser bem desenvolvidas por aqueles que buscam se manter relevantes no mercado corporativo futuro.
Embora a IA apresente um enorme potencial para o aprendizado de inglês e outros idiomas — tanto no Brasil quanto no mundo —, sua verdadeira força reside na capacidade de preparar estudantes e profissionais para os desafios de um mundo cada vez mais digital e globalizado. Ao dominar essas novas tecnologias, ganhamos tempo para se dedicar ao que realmente importa: aprimorar habilidades estratégicas e comunicar-se de forma eficaz e autêntica, sabendo que esse aprendizado se dará ao longo de todas as fases das nossas vidas.