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Desinfecção em Xinfang: reação rápida, enérgica e eficiente.

Felipe Zmoginski

Felipe é ex-head de marketing do gigante tech chinês Baidu e fundador da Inovasia, consultoria de negócios Brasil - Ásia.

Segunda onda de contaminação

Reação chinesa a novos casos de Covid-19 marca diferença com Ocidente

18/06/2020 15:52
Ele voltou. Após mais de 50 dias sem registrar um único caso novo de infecção por Covid-19 em Beijing, o vírus reapareceu. O caso foi descoberto esta semana quando trabalhadores do mercado de Xinfang, um centro de abastecimento de frutas e legumes, manifestaram sintomas da doença. Testados, 40 deles reagiram positivo para Covid-19.
Até aí, tudo normal. O vírus pode reaparecer em qualquer local que o tenha debelado anteriormente. Assim é a biologia, assim é a história das epidemias.
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Destaco aqui, porém, o tipo de reação que o caso gerou no país.  Tão logo os 40 novos casos foram confirmados, 100 mil agentes de saúde foram enviados para os arredores de Xinfang. O bairro todo teve lockdown decretado. Mais de 7 mil condomínios de prédios foram totalmente fechados. Ninguém entra, ninguém sai.
Alguns cidadãos mais espertos, ao sentir que o lockdown aconteceria, fugiram de Xinfang antes que agentes de saúde fechassem as ruas. São agora procurados pela polícia e terão que dar explicações sobre por que agiram assim, colocando suas comunidades em risco.
Isolado, o bairro foi alvo de teste em massa. Mais de 90 mil pessoas foram testadas e aí outros 60 casos positivos foram descobertos. Todas os 100 pacientes estão isolados, em áreas de contenção. Nada de ficar em casa, onde poderiam tomar elevador, conviver com parentes... e disseminar o vírus.
Uma maldade? Uma reação cruel que tira a liberdade de seus cidadãos? Certamente esta é uma interpretação possível. Na China, porém, bem como em muitas nações da Ásia, o coletivo vale muito mais que o indivíduo. Os confinados de Xinfang não devem estar felizes com seu destino, mas quando voltarem às ruas, as encontrarão seguras. É esta mentalidade – sem juízo de valor – que fez o país de 1,4 bilhão de habitantes ter 4,6 mil mortos. No Ocidente, não paramos de empilhar cadáveres. Há quem faça troça, negue a quadratura do quadrado, a circunferência do círculo.
Se todos usássemos máscaras e respeitássemos o distanciamento social, não teríamos 8 milhões de infectados. Do mesmo modo, se todos usássemos preservativos, não haveria epidemia de AIDS. O fato objetivo é que nós, humanos, somos falíveis, imperfeitos, eventualmente preguiçosos em nosso compromisso com a própria saúde e de nossa comunidade. A atuação de uma liderança que organize a reação a ameaças é, portanto, definidora do sucesso ou fracasso no combate às crises.
No caso do Covid-19, os números não deixam dúvidas sobre vencedores e vencidos esta pandemia. Falam tão alto que a única reação possível é negá-los. É dizer que o quadrado não tem quatro lados.