Andre Inohara
Andre Inohara é cofundador e CEO da Inovasia, consultoria de educação executiva que ajuda empresas brasileiras a se conectar aos modelos mais disruptivos de negócios na Ásia. Antes de criar a Inovasia, André atuou como assessor de comunicação na Amcham, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil, e ajudou a criar o conteúdo multiplataforma da entidade. É jornalista e administrador, com MBA em Informações Financeiras pela FIA (Fundação Instituto de Administração) e pós-graduação em Comunicação Digital pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
Controladora da 99 no Brasil
China aperta o cerco antimonopólio contra Alibaba, Tencent e Didi Chuxing
tornou líder de mercado em 2016, quando adquiriu a operação chinesa do Uber em
uma controversa operação. No Brasil ela é mais conhecida por ter adquirido a 99
em 2018. A operação brasileira vai de vento em popa, mas na China a fusão da
Didi com o Uber não foi aprovada até hoje pela SAMR, sigla em inglês para
Administração Estatal de Regulação de Mercado, que vem a ser o principal órgão
regulador antitruste da China.
revertida por não ter sido cumprida as exigências de mercado, com consequências
ainda não mapeadas para as operações internacionais da Didi. De qualquer forma,
chama atenção a forte atuação das autoridades antitruste chinesas nas últimas
semanas. Tudo começou em outubro, com as declarações de Jack Ma, o icônico
multibilionário chinês que fundou o Alibaba e a Ant Financial (a fintech que
tem valor de mercado superior ao de Itaú e Bradesco juntos), sobre reformas no
sistema financeiro.
semanas antes do IPO da Ant Financial – que aconteceria em novembro –, Ma criou
polêmica ao discursar duramente contra o sistema regulatório e pedir por
reformas que estimulassem a inovação e redução da burocracia. Foi o bastante
para irritar profundamente as autoridades e desencadear uma clara mudança de
atitude em relação à Ant Financial e Alibaba, como também às demais big techs
chinesas.
questionamentos das autoridades sobre a governança do império de Ma. O
levantamento de exigências para a regularização foi intensa e provocou o
adiamento da operação por tempo indefinido. Obediente, a Ant Financial já
declarou que cumprirá todas as exigências públicas necessárias para dar mais
transparência às operações.
Antes da fatídica reunião com o governo, a abertura de capital da Ant vinha sendo especulada como a maior da história. Havia a expectativa do mercado de que Ma e os investidores embolsariam US$ 37 bilhões na operação.
por reformas no sistema financeiro em prol de mais autonomia e inovação das
empresas desencadearam uma ampla e rígida fiscalização das autoridades sobre o
Alibaba e outras big techs chinesas.
empresas afiliadas da Tencent (controladora do principal app de mensagens da
China, o WeChat) e a gigante de logística SF Express por práticas
anticoncorrenciais.
da tecnologia e vêm na sequência da onda antitruste global que os reguladores
dos Estados Unidos e União Europeia iniciaram meses antes, com o objetivo de
avaliar a atuação de outros titãs, como Google e Facebook, nos respectivos
mercados.
fundo de cena com a intensidade com que o governo reagiu ao discurso
liberalizante de Ma, não se pode dizer que a guinada é surpreendente. O governo
já vinha monitorando a atuação das empresas e alertando em relação a práticas de
concentração de mercado e participação nos meios de pagamento, como é o caso da
Ant Financial (que administra os serviços financeiros do Alibaba) e a Tencent.
que o caso Ma tenha sido usado como justificativa perfeita para intervir nas
empresas de tecnologia e desestimular práticas de concentração de mercado, a
exemplo do que está sendo feito no Ocidente.
antitruste serão moderadas. Liu Zejing, da corretora Huaxi Securities, escreveu
um relatório afirmando que o governo não tem como objetivo reprimir a indústria
da internet, mas fazer o "movimento inevitável" de conter um
potencial comportamento monopolista.
da tecnologia vão se submeter à lei antitruste da China, o que é um evento benéfico
e direcionar o retorno delas à inovação tecnológica. No entanto, alguns
excessos, como a polêmica operação de fusão entre a Didi Chuxing o Uber, que ainda
está sob avaliação da SAMR.