"A mudança climática só será efetiva com a transformação do comportamento humano", diz Adriana Hammerschmidt, VP da Potencial Biodiesel

As irmãs Adriana e Luciana Hammerschmidt são filhas do fundador do Grupo Potencial e ocupam lugar na diretoria da empresa. Ambas demonstram não apenas apreço pelo negócio como um forte engajamento com a visão do fundador que enxerga, nos avanços da energia renovável, o caminho certo para o futuro. As duas jovens executivas são um exemplo claro da competência que impulsiona o Grupo. Neste bate-papo, confira algumas das ações mais recentes do Grupo Potencial em ESG e o alinhamento de princípios quando o tema é visão de negócio.

Adriana Hammerschmidt: Ao analisar o setor de combustíveis fósseis, destacamos que nosso grupo é, possivelmente, o único com um presidente visionário que antecipa um futuro sustentável por meio da energia limpa, em busca da mitigação do impacto ambiental com a transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis.

Com 13 anos de operação, somos, hoje, a maior Usina de biodiesel em uma única planta no Brasil e a terceira maior do mundo. Nosso propósito é ser protagonista na transição energética sustentável, contribuindo para um futuro melhor para as próximas gerações. Isso vai além da produção de energia renovável e da redução do impacto ambiental, abrangendo um compromisso com a sustentabilidade em seus três pilares.

As matérias-primas usadas na produção de biodiesel favorecem o desenvolvimento econômico do agronegócio, beneficiando mais de 21 mil famílias de pequenos agricultores por meio da agricultura familiar. Dessa forma, posso dizer que promover a sustentabilidade sempre foi central na estratégia do nosso grupo, muito antes do conceito ESG ganhar destaque no mercado, especialmente nos últimos dois anos, quando muitas empresas começaram a acelerar suas ações sustentáveis em resposta às novas exigências do mercado.

O principal desafio atual é integrar o ESG ao dia a dia de todos os colaboradores, tornando-o responsabilidade de cada um, desde a alta liderança até os demais níveis da equipe. Em minhas comunicações, sempre enfatizo que o ESG não é apenas uma responsabilidade minha ou de um setor específico, mas de todos nós. Não deve ser visto como uma obrigação ou uma meta a ser cumprida, mas como um compromisso com o mundo e com as futuras gerações - com nossos filhos e netos. É sobre oferecer ao mundo aquilo que o dinheiro não compra.

Não se trata apenas de reduzir o impacto ambiental, mas de transformar a sociedade. Queremos uma sociedade onde as mulheres sejam ouvidas e valorizadas, onde haja espaço para todos, uma empresa inclusiva que respeite a diversidade, que ouça, acolha e desenvolva seus colaboradores. As pessoas são nosso maior patrimônio e tudo começa com elas. Não há mudança sem ação humana - e a mudança climática só será efetiva com a transformação do comportamento humano. Ao mudar nossas atitudes, conseguiremos reduzir o impacto ambiental, diminuir custos, gerar mais renda, aumentar nossa visibilidade e, consequentemente, obter melhores resultados em todas as áreas.

Nossa planta investe em tecnologias inovadoras para otimizar o processo de produção. Adotamos um modelo de economia circular, reaproveitando os resíduos gerados durante a produção. Por meio do processo de glicerólise, reutilizamos subprodutos do biodiesel, como ácido graxo e borra, transformando-os em óleo sintético que retorna como matéria-prima para a cadeia produtiva. Além disso, transformamos a glicerina bruta (subproduto do biodiesel) em glicerina refinada com índice de pureza próximo de 100%, que é comercializada para mais de 20 países e utilizada nas indústrias alimentícia, farmacêutica, automotiva, entre outras. 

Outro subproduto significativo na nossa cadeia produtiva é o tocoferol (vitamina E), um poderoso antioxidante que desempenha um papel crucial na proteção das células humanas contra doenças e alterações no DNA, ajudando na prevenção do envelhecimento precoce e do câncer. 

A utilização do óleo de cozinha usado na produção tem um grande impacto social e ambiental. Esta responsabilidade socioambiental é fundamental para o nosso negócio. Além de promover a conscientização ambiental, cada litro de óleo de cozinha usado que reciclamos evita a poluição de 25 mil litros de água. Desde 2016, recolhemos mais de 30 milhões de litros de óleo de cozinha usado, evitando a poluição de 750 bilhões de litros de água.

Outro projeto importante em andamento é o caminhão-tanque 100% movido a biodiesel, que está em operação desde o final de 2023. No âmbito social, colaboramos com diversas instituições, como hospitais e ONGs que trabalham com crianças e idosos. Em 2023, doamos mais de R$ 1,5 milhão por meio de leis de incentivo fiscal. Também iniciamos um projeto de impacto na comunidade local, ressignificando resíduos e destinando-os a ONGs que trabalham com reciclagem, transformando-os em novos produtos. Por exemplo, em 2023, produzimos mochilas escolares a partir de uniformes usados e obsoletos para os filhos de nossos colaboradores, impactando positivamente o ecossistema.

Nossa estratégia em sustentabilidade não é recente: é o resultado da preocupação genuína de nosso fundador com os maiores desafios globais. Estamos avançando continuamente na pesquisa de novas tecnologias. Um de nossos desejos é de que o Governo Federal aumente a proporção de biodiesel na mistura, o que ajudará a reduzir ainda mais as emissões de gases na atmosfera e contribuirá para a descarbonização do planeta. Há uma expectativa de que esse percentual atinja 25% até o ano de 2030.

O biodiesel que produzimos reduz, em média, 70% das emissões de CO2 em comparação aos combustíveis fósseis. Atualmente, estamos desenvolvendo estudos avançados para a produção de outras fontes de energia renovável, como o hidrogênio verde (também conhecido como diesel verde) e o SAF (combustível de aviação sustentável).