Independente da sua idade agora, você está sendo impactado pela tecnologia e pelas mudanças que ela provoca na forma como consumimos, como nos relacionamos, como executamos nossas atividades e até nas escolhas que fazemos.
Claro que os chamados “nativos digitais”, da geração Z em diante (nascidos a partir de 1995), dominaram melhor as novas tecnologias, foram mais abertos para a experimentação tecnológica e conseguiram se adaptar (será?) mais rapidamente às mudanças provocadas por elas. Eles não experimentaram um mundo sem internet.
No entanto, quase 30 anos se passaram e a adaptação ao mundo tecnológico não é mais privilégio das gerações mais novas. Nós aprendemos com eles e eles conosco. O uso da tecnologia por todos os setores da sociedade fez com que ela não fosse mais uma área, uma disciplina, uma habilidade específica. O conhecimento e uso da tecnologia é uma consequência do nosso dia a dia.
Amy Webb, em seu relatório Future Today de 2024, propôs uma nova letra para essa geração, quando estamos passando juntos por uma transição importante, na qual vários avanços tecnológicos estão convergindo e ultrapassando barreiras entre o humano e o artificial. “Nós somos a geração T”, a geração da transição segundo Webb. Para essa janela de tempo, importa menos a idade e mais nosso comportamento em relação ao que está acontecendo. Como seremos quando essa transição acabar?
Muito mais importante do que pensar em quais produtos, serviços, tecnologias estaremos usando - qual inteligência artificial será a definitiva, quais equipamentos serão nossas ferramentas -, é pensar sobre qual sociedade essa geração terá criado. Com quais relações, quantas oportunidades, quais padrões éticos e relacionais?
As respostas a essas perguntas precisam ser construídas agora. Que tipo de profissionais estamos formando? Qual o perfil da liderança? Quanto de diversidade, de colaboração e de inclusão estamos incentivando?
Não somos meros passageiros nessa jornada, somos protagonistas dessa mudança. Nossas escolhas individuais impactam toda a coletividade. Às vezes, nos concentramos tanto em um post de terceiros nas redes sociais que esquecemos que o poder de direcionar nossas vidas está em nossas próprias mãos. Ficamos imersos em discussões sobre o que pensa aquele bilionário, o que faz aquele outro CEO de uma mega empresa e deixamos de pensar e fazer de acordo com nossos próprios valores e princípios. Apesar de ter o poder de mudar muita coisa, o mundo digital reflete o que o mundo físico constrói. No final, é sempre sobre pessoas.
O excesso de informação não significa qualidade de conhecimento. Muitas vezes, há falta de conhecimento na abundância de informação. Para isso, pensamento crítico, inteligência emocional, comunicação eficaz são aliados importantes. O mundo hiperconectado pode nos deixar desatentos, a ponto de sermos levados pela corrente. Sejamos vigilantes, consistentes sobre o que é importante e perseverantes sobre o que é fundamental.