É muito legal ver como os ecossistemas estão se organizando pelo Brasil. Em Recife, aconteceu o Eli Summit 2023 - evento promovido pelo Sebrae Nacional com o tema: “Orquestração de Ecossistemas de Inovação”.
O evento teve a curadoria de Josep Piquè, presidente do Technova Barcelona–La Salle Innovation - conhecido pela importante contribuição na construção do 22@ -, Distrito de Inovação de Barcelona que recuperou a área industrial de Poblenou e a transformou em um dos ambientes empresariais mais pujantes do mundo.
Segundo ele, o grande desafio que temos nos ecossistemas não é criar novos agentes, mas sim coordenar esses agentes para assegurar um propósito em comum, que é ativar a inovação econômica e social, fortalecendo a governança e a comunicação entre os pares.
Entre palestrantes nacionais e internacionais, os elementos centrais - Talento, Tecnologia (inovação + empreendedorismo) e Investimento - nortearam todas as discussões. Com representantes dos 27 estados brasileiros, as diferenças de vocações entre os ecossistemas e a importância de respeitá-las e planejar a estratégia baseada em vocação econômica, social e territorial foi uma vertente muito discutida. Isso é fundamental para um país diverso como o nosso.
Por fim, ressaltando a importância de fortalecer a rede local, conectar-se com redes nacionais e aprender com exemplos internacionais, o evento finalizou com mais de 700 participantes e uma conexão intensa de Norte a Sul deste nosso Brasil.
Tive a oportunidade de conversar com dezenas de gestores de ecossistemas na dinâmica de matchmakings. Bahia, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Maranhão, Pará, Paraná… Foi interessante observar que a maioria está com a lição de casa feita - a governança implementada, os atores da tríplice hélice (setor privado, academia e setor público) conectados, mapeamento das vocações realizado ou iniciado, plano de ações; porém muitos com a dificuldade nos próximos passos.
Colocar em prática o planejamento, realizar os projetos, implementar as ações. Para muitos que vieram conversar comigo, pude compartilhar um pouco de experiências, mas também pude comentar sobre como ter o plano de ação que estipule claramente as fontes de recurso, os líderes para cada ação e as metas claras e atingíveis é fundamental para a maturidade dos ambientes. Muitas vezes, ficamos tão presos no plano, que negligenciamos a execução. Em outras, pensamos no plano dos sonhos - e não adaptamos o sonho à realidade local.
A inovação não é uma corrida de 100 metros, é uma prova de maratona. Quem já fez uma maratona sabe que a preparação para os 42.195km exige um treinamento de umas cem vezes essa quilometragem antes. Exige dedicação, persistência e disciplina. Exige esforço para superar a dor e, muitas vezes, o desânimo.
Quem já fez uma maratona sabe que a rede de apoio faz muita diferença, antes e durante a prova. Mas também sabe que a satisfação de cruzar a linha de chegada compensa todas as dificuldades. A sensação de realização de completar uma prova é similar à realização de ver o ecossistema de inovação amadurecendo e gerando frutos.
Por muitas vezes, durante o percurso, temos que nos adaptar. Do Darwinismo, a importância de saber se adaptar. “ As espécies que sobrevivem não são as espécies mais fortes, nem as mais inteligentes, e sim aquelas que se adaptam melhor às mudanças".
No final, é sempre sobre as pessoas e a convivência. Seja a melhor versão de você todos os dias. Não perca de vista as sutilezas que lhe fazem enxergar o diferente e o novo. Não fique tão imerso nas suas certezas a ponto de perder a curiosidade para o aprendizado.
As mudanças são inevitáveis, mas a inovação é uma mudança consciente. Quase sempre provoca desconforto, mas, no fim, a sensação de realização compensa as dificuldades.