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É fundamental refletirmos sobre a trajetória das mulheres nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática para celebrarmos suas conquistas. Crédito: Jeswin Thomas/Unsplash.

Cris Alessi

Cris Alessi

Cris Alessi é consultora de inovação e transformação digital, conselheira, palestrante, investidora-anjo e autora do livro "Gestão de Startups: desafios e oportunidades”.

Representatividade

Mulheres em STEM: muito além das siglas

26/06/2024 20:52
No dia 23 de junho, celebramos o Dia Internacional da Mulher na Engenharia, uma data que destaca a importância das mulheres num setor historicamente dominado por homens. A sigla STEM refere-se às áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (Science, Technology, Engineering, and Mathematics, em inglês). Recentemente, a Arte (Art, em inglês) também foi incorporada ao modelo, gerando a sigla STEAM e ampliando as capacidades de resolução de problemas e maior criatividade e inovação.  
É fundamental refletirmos sobre a trajetória das mulheres nestas áreas e celebrarmos suas conquistas.  A data em questão também reforça a necessidade de continuarmos promovendo a diversidade e a inclusão, criando ambientes que apoiem e favoreçam a presença e desenvolvimento das meninas e mulheres.
No contexto atual, temos visto um crescimento significativo de iniciativas voltadas para a inclusão e o empoderamento feminino nas áreas de STEM. Programas de indústrias que incentivam a contratação de mulheres na área, hackathons e mentorias. Em 2021, fundei com um grupo de mulheres a WIM Angels, grupo de investidoras anjo que investem em startups lideradas por mulheres. 
No entanto, ainda há muito a ser feito. De acordo com dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), as mulheres representam cerca de 20% dos profissionais com registro nas diversas áreas da engenharia no Brasil. Elas são a minoria nos bancos das universidades e representam cerca de 17% dos programadores do mundo. Historicamente, as mulheres têm enfrentado diversos obstáculos ao tentarem ingressar e progredir nas áreas de STEM. Desde a falta de representatividade até os preconceitos explícitos e implícitos, as dificuldades são numerosas. 
Sempre que escrevo sobre este tema, recebo muitos comentários (de homens e mulheres) dizendo que há vitimização e que o avanço depende de meritocracia. Porém, alguns dados nos ajudam a explicar o porquê precisamos tratar (e agir) sobre esse assunto.
Além das cadeiras das universidades, o espaço da mulher em carreiras de STEM também parece ser desincentivado em casa, desde a infância, quando se atribui que disciplinas como matemática e física têm melhores resultados quando desempenhadas por homens. Propagandas midiáticas, a educação escolar e a própria família têm influência na criação do estereótipo de que homens são melhores na área de exatas, enquanto mulheres se dão melhor nas de humanas. 
Uma pesquisa realizada pela Microsoft mostrou que as mulheres tendem a se considerar menos aptas para as carreiras de exatas conforme crescem. As meninas costumam se interessar por tecnologia e exatas, em geral, aos 11 anos, mas aos 15 elas começam a desistir. As razões, segundo a pesquisa, são: ausência de modelos femininos na área; falta de confiança na equidade entre homens e mulheres para exatas; e a ausência de contato com cálculo e programação antes da faculdade. 
Eis um grande desafio que homens e mulheres precisam encarar: as mulheres não podem permanecer à margem de uma das áreas que mais cresce no mundo.
O setor de tecnologia é o que deve criar mais empregos nos próximos anos, quando os avanços nas áreas de robótica e inteligência artificial podem causar a automação de boa parte dos empregos do país. A Brasscom, Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, estima que o déficit de profissionais de tecnologia no Brasil deve ultrapassar meio milhão de profissionais até 2025.
E se isso já não fosse relevante, ainda tem o fato de que, globalmente, algumas das profissões que mais empregam mulheres em cargos de renda média baixa, como as de atendimento o cliente e cargos administrativos, estão entre as que mais correm risco de sofrer automação. O Fórum Econômico Mundial listou alguns dos principais avanços tecnológicos previstos para acontecer até o final de 2030. A conclusão? A tecnologia terá um poder de influência gigantesco em nossas vidas e em nossas carreiras.
No entanto, é inspirador observar que, apesar dessas barreiras, muitas mulheres não só persistiram, como também alcançaram feitos extraordinários.
Além das minhas experiências pessoais, há inúmeros exemplos de mulheres que revolucionaram a tecnologia. Ada Lovelace, considerada a primeira programadora da história; Grace Hopper, pioneira na computação; e, mais recentemente, figuras como Reshma Saujani, fundadora da organização Girls Who Code, têm sido faróis de inspiração para muitas de nós. Elas abriram caminhos, muitas vezes desbravando territórios muito duros, para que futuras gerações pudessem seguir com mais suporte e menos resistência.
A representatividade importa. Quando vemos mulheres em posições de destaque nas áreas de STEM, somos lembradas de que também podemos chegar lá. Acredito que cada uma de nós tem o potencial de ser uma agente de mudança. Ao apoiarmos umas às outras, compartilharmos nossas histórias e celebrarmos nossas conquistas, construímos uma comunidade mais forte e resiliente.
Mas é fundamental que as empresas, universidades e governos adotem políticas de diversidade e inclusão, garantindo que as mulheres tenham oportunidades iguais de crescimento e liderança. Essa não é uma luta de nós, mulheres. É uma bandeira que a sociedade precisa abraçar. Em um mundo cada vez mais tecnológico, não podemos permitir que o gap da tecnologia aumente o gap social.

E vem aí o GazzSummit Agrotechs

O GazzSummit Agrotechs é uma iniciativa pioneira do GazzConecta para debater o cenário de inovação em um dos setores mais relevantes do país. O evento será realizado no dia 15 de agosto de 2024 com o propósito de conectar e promover conhecimento para geração de novos negócios, discussão de problemas e desafios, além de propor soluções para o setor.
O GazzSummit promove a disseminação de tecnologias e práticas de inovação que possam levar a cadeia produtiva ainda mais longe. Uma programação intensa de 12 horas de conteúdo, e mais de 25 palestrantes, espera os participantes que poderão interagir com players importantes do ecossistema como grandes empresas, cooperativas, produtores, entidades públicas, startups e inovadores. Garanta já a sua vaga.