Ecossistema, na definição de dicionário, é um conjunto de comunidades que vivem em um determinado local e interagem entre si e com o meio ambiente. O resultado é um ambiente estável, equilibrado e autossuficiente. Em 2004, o professor de Harvard, Marco Iansiti, traçou uma analogia entre o ecossistema biológico e o ambiente empresarial, no qual a interdependência dos atores impacta em muitos fatores, inclusive no ambiente. Na prática, um ecossistema organizado transforma uma organização, uma comunidade, uma cidade inteira.
Esta semana, foram conhecidos os finalistas do Prêmio Nacional de Inovação, uma iniciativa da Mobilização Empresarial para a Inovação, realizada pela Confederação Nacional da Indústria e pelo Sebrae. Os três ecossistemas de grande porte finalistas foram Curitiba, com o Vale do Pinhão, Florianópolis e Porto Alegre.
O Vale do Pinhão é também uma das sete comunidades mais inteligentes do mundo (pelo ICF); finalista em Seul, na Coreia do Sul, com os projetos de cidades inteligentes reconhecidos; entre várias outras premiações. Porto Alegre, com o Pacto Alegre, tem dado um novo dinamismo ao seu ecossistema e Florianópolis, impulsionada pela Acate, desponta na liderança nacional entre cidades. As três também possuem um movimento de colaboração chamado TechRoad - com objetivo de atração de investimentos em startups para a região sul.
Não é por acaso que esses reconhecimentos acontecem. A organização de ecossistemas é uma estratégia que tem se mostrado valiosa para o sucesso das cidades, mas também dos ambientes empresariais. A criação de ecossistemas corporativos, nos quais empresas, fornecedores, colaboradores e até concorrentes se unem para fortalecer seus negócios e seu mercado também é diferencial competitivo.
Pensar de forma ecossistêmica é organizar uma governança colaborativa, coordenada, mas com uma hierarquia distribuída. Saindo do consolidado sistema vertical de liderança para o horizontal, no qual os atores se alteram entre liderar e serem liderados, dependendo da situação e da pauta. Na visão de ecossistemas, há valorização das relações entre as pessoas em uma estrutura dinâmica - e aqui vem um grande desafio. Nem todas as pessoas ficam motivadas o tempo todo, e nem todos têm a mesma disponibilidade ao mesmo tempo. Por isso a governança estruturada é fundamental.
Para trabalhar de forma ecossistêmica, é importante que os atores se enxerguem na rede, entendam quais são suas principais contribuições, quais são os parceiros diretos e indiretos no seu relacionamento e que haja pontos frequentes de contato e alinhamento constante. Como resultado, um ecossistema, seja na cidade ou empresarial, se fortalece e alcança novos atores, que se somam à estratégia e entregam valor ao grupo, reinventando-se constantemente.
A visão de colaboração é fundamental para a inovação. Vivemos em um mundo cada vez mais compartilhado onde há mudança nos comportamentos e necessidades. Hoje, ter um carro não é mais objeto de desejo para muitos jovens; ter um escritório próprio já não é a única opção para empresas que podem se instalar em coworkings; até a moda se torna cada vez mais circular.
As interações sociais, os avanços tecnológicos, a globalização e a consciência ambiental provocam essas mudanças. E a consolidação de ecossistemas nos quais muitos são protagonistas e interdependentes se torna não só viável, mas necessária para a melhora dos ambientes dos negócios, das empresas e das cidades.
Diversidade é outra palavra de ordem. Há estratégia, método e resultados dessas conexões potentes. Bora lá?