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A IA está sendo pensada e repensada o tempo todo. Estagnar não é uma alternativa para quem quer estar à frente de cidades mais inteligentes. Crédito: elwynn/Bigstock.

Igor Alberte

Igor Alberte é mestre em Ciências de Computação e Matemática Computacional pela Universidade de São Paulo e graduado em Ciência da Computação (IFNMG) e em Ciência Política (UNINTER). Atualmente, trabalha como analista de sistemas com foco em Inteligência Artificial e Big Data no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).

Inteligência e Cidades

Como os gestores públicos podem dar os primeiros passos para implementar inteligência artificial nas cidades

09/01/2025 20:34
O conceito de cidades inteligentes, do inglês smart cities, envolve diversas iniciativas, entre elas o uso das tecnologias de informação e comunicação na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Essas ferramentas podem ser empregadas em diversos cenários: transporte, saúde, usabilidade de serviços públicos, transparência ou mesmo sustentabilidade.
Nesse movimento de informatizar as cidades, é impossível deixar de mencionar a inteligência artificial, cujas abordagens atuais fazem uso intensivo de dados para automatizar tarefas, melhorar processos, predizer cenários e extrair informações úteis de grandes volumes de dados. A aplicação de IA nas cidades vem no sentido de dar mais agilidade e assertividade ao trabalho dos servidores públicos e de otimizar recursos e decisões.
Diante de tantas possibilidades e tecnologias disponíveis, é normal que tomadores de decisão vinculados às cidades se perguntem: por onde começar? Separamos aqui alguns passos importantes para a aplicação de IA nos serviços públicos.
Sistemas de informação são fundamentais
Na maioria das vezes, os dados são peças fundamentais para implementar IA. Sem eles, é difícil criar alguma aplicação útil e avaliar se a tecnologia funciona bem no cenário desejado. Para coletar dados e hospedar as IAs, é imprescindível que haja sistemas de informação implantados.
Por exemplo, se quisermos desenvolver algum modelo de IA que traga previsões de demanda por determinada especialidade médica em unidades de saúde, é importante que, primeiro, haja um sistema que registre as consultas médicas que os cidadãos têm feito nas unidades.
Além de implementar sistemas de informação para lidar com o cotidiano das instituições, é interessante também implementar sistemas de business intelligence (BI) – ou "inteligência de negócios" – antes das IAs. De forma geral, os sistemas de BI permitem visualizar o histórico dos dados e navegar por eles. Esse é um passo crucial, porque, antes de tentarmos predizer cenários com IAs, é fundamental termos ferramentas para compreendermos bem os cenários atuais e históricos.
Comece pelo mais simples
É muito empolgante participar de palestras sobre inteligência artificial, porque saímos delas com muitas ideias! Entretanto, precisamos avançar com cautela nessa empreitada.
Se determinada cidade não possui nenhum tipo de recurso de IA para seus serviços, o ideal é iniciar pelas aplicações mais simples antes de avançar para as mais complexas.
Ainda com o exemplo de gestão dos sistemas de saúde, é interessante começar com uma aplicação de IA que automatize a análise de documentos antes de pensar em um modelo que traga predições de demandas por especialidades médicas. Isso economizaria tempo dos profissionais envolvidos na atividade e traria experiência para dar os próximos passos em IA.
Busque boas parcerias
Desenvolver tecnologia para o setor público requer uma série de cuidados especiais. Afinal, os sistemas devem ter como prioridade o atendimento às necessidades dos cidadãos e a prerrogativa é que as ferramentas sejam aderentes às legislações vigentes.
Assim, buscar parceiros que tenham experiência no desenvolvimento de tecnologias para o setor público e, especificamente, com o desenvolvimento de tecnologias para cidades inteligentes, torna-se etapa chave para o sucesso de projetos.
Formação continuada
Implementar tecnologias e ferramentas para cidades inteligentes está muito longe de ser trivial. Como já visto, dentre as tecnologias mais proeminentes para essas aplicações está a inteligência artificial que, por si só, já é complexa.
Implementar sistemas de informação básicos, começar pelas atividades mais simples para as IAs e buscar parceiros experientes são três passos importantes para que gestores públicos comecem a implementar a IA em suas cidades.
Por fim, convém destacar a necessidade de formação continuada sobre inteligência artificial para todos os que querem se envolver no assunto. A IA está sendo pensada e repensada o tempo todo. Estagnar não é uma alternativa para quem quer estar à frente de cidades mais inteligentes.