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Para inovar é fundamental entender o mercado, dispor de análises profundas, de métricas realistas e de um plano de contingência. Crédito: Freepik.

Leonardo Pansardi Grisotto

Cofundador da Zaxo M&A Partners, especializada em preparar empresas para fusões e aquisições.

Inovação

Os horizontes de inovação

02/02/2024 17:25
Recentemente, estive em Salvador ministrando a palestra “Liderança, Inovação e Negócios: Transformando Desafios em Oportunidades”, voltada a executivos, empreendedores e profissionais do mercado. Algumas das reflexões que apresentei - e outras tantas que emergiram da interatividade com o público - seguem fervilhando - e considero importante compartilhá-las aqui.
No encontro, lancei a interrogação: por que, em uma mesma atividade econômica, quando esta passa por transformação, algumas empresas sucumbem e outras, ao contrário, despontam? Citei como exemplo a Blockbuster e a Netflix. Ambas lidavam com locações de filmes. A Blockbuster não resistiu à expansão das mídias na internet. A Netflix, ao contrário: era bem menos, ou quase nada, conhecida que a outra, e hoje é, praticamente, sinônimo de streaming.
Avalio que o diferencial está na forma como a inovação é entendida e buscada. Veja bem: a diferença está para além do produto, do fruto da inovação; refere-se à forma como o conceito de inovação é concebido por uma organização.
Nesse sentido, entendo que uma empresa, de qualquer porte, de qualquer atividade econômica, deve ser, por natureza, inovadora. Mas inovar como, com quê, de que forma? Respondo citando os “horizontes de inovação”. Em suas trajetórias, as organizações devem trilhar o caminho da inovação, mirando em três horizontes. São eles:
1. A inovação “core’. Ou seja, uma empresa deve sempre inovar dentro daquilo que é a essência, o coração de seu negócio. Envolve melhorias no processo, aprimoramentos. É uma inovação de baixo risco, de curto prazo. Fundamental.
2. A inovação adjacente. Neste caso, o empreendedor deve ampliar seu olhar para o entorno. Perguntar-se: naquilo que dialoga com a área de atuação da empresa, mas não é sua atividade-fim, em que é possível investir? Inclui, então, desenvolver novos processos e mesmo novos produtos. É uma inovação para médio prazo - e um pouco mais arriscada. Imprescindível.
3. A inovação da disrupção. No horizonte do empreendedor deve estar um projeto, um sonho que o motive a buscar algo de fato inovador, disruptivo. Experiência acumulada, faro e coragem são ingredientes. É para ser alcançada a longo prazo. É, evidentemente, bem mais arriscada que as demais. No entanto, transforma. Por isso, é indispensável.
Tais horizontes demandam habilidades como a de se antecipar e se adaptar, além do gosto por inovar. Enfim, é preciso ser RIDE — rápido, interconectado, dinâmico, emergente.
Não são atributos que caem do céu, nem que obtemos solitariamente. Exige muita leitura, estabelecer contatos com pessoas, trocar ideias e desenvolver uma mentalidade questionadora. Importante, também, não ter medo de testar. É só experimentando, dando aquele passo a mais, que se inova.
Nesse sentido, processos de M&A (fusões e aquisições) abrem muitas portas para a inovação ao permitir que negócios diferentes se conectem por meio de uma transação que, pela simples atuação no mercado, eventualmente não ocorreria. M&A pode não só viabilizar, como também, e principalmente, acelerar planos de inovação ao “oxigenar” um negócio, trazendo, por exemplo, gente, tecnologia e produtos que vão aumentar a competência das duas partes.
Quanto às adversidades na busca por horizontes de inovação, elas estão aí para serem compreendidas, enfrentadas e superadas. Mesmo quando se trata de obstáculos cujo controle escapam à nossa alçada. Por exemplo, lidar com adversidades de conjuntura econômica. Assim, é fundamental entender o mercado. Dispor de análises profundas, de métricas realistas e de um plano de contingência.
Afinal, inovar é ousar. Mas não é uma ousadia aleatória, irresponsável e inconsequente. É fruto de muito estudo e trabalho, metodologia e criatividade. É enxergar além.
Para terminar, deixo duas sugestões de leitura: A regra é não ter regras — a Netflix e a cultura da reinvenção, de Reed Hastings e Erin Meyer; e Faça as perguntas certas e viva melhor, de Marille G. Adams.

E vem aí o GazzSummit

O GazzSummit Agro e Foodtechs é uma iniciativa pioneira do GazzConecta para debater o cenário de inovação em dois setores de grande relevância para o país. O evento será realizado nos dias 8 e 9 de maio de 2024 com o propósito de conectar e promover conhecimento para geração de novos negócios, discussão de problemas e desafios, além de propor soluções para o setor.
O GazzSummit promove a disseminação de tecnologias e práticas de inovação que possam levar a cadeira produtiva ainda mais longe. Uma super estrutura espera os participantes, que poderão conferir mais de 30 palestrantes e mais de 300 empresas. O evento vai reunir players importantes do ecossistema como grandes empresas, cooperativas, produtores, entidades públicas, startups e inovadores. Garanta já a sua inscrição no site.

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