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Inclusão financeira e seus impactos sociais

Marcelo Ramalho*

Educação financeira

Inclusão financeira e seus impactos sociais

07/10/2022 20:48
O Brasil foi o quarto país que mais realizou transações em tempo real no ano passado, em torno de 8,7 bilhões de operações, de acordo com relatório global da ACI Worldwide. Em meio a este cenário, parece difícil enxergar a realidade dos cerca de 34 milhões de desbancarizados. Mais difícil ainda é mensurar o número de semi-bancarizados, que são aquelas pessoas que só têm a conta para receber salário ou algum benefício.
Apesar desse cenário, é importante destacar que a inclusão financeira deu um salto durante a pandemia da Covid-19. Além do estímulo a comportamentos digitais por conta da quarentena, para ter acesso ao Auxílio Emergencial, os beneficiários precisavam abrir uma conta no aplicativo da Caixa Econômica Federal. Segundo dados da estatal, cerca de 40% dos brasileiros (24 milhões de pessoas) que receberam o auxílio emergencial não possuíam conta em banco antes da pandemia do coronavírus.
No entanto, é importante ressaltar que a inclusão financeira não se resume a dar acesso ao sistema financeiro submetendo todos à digitalização. Sem saber quais são e como funcionam os produtos financeiros mais vantajosos, o acesso acaba não sendo mais o principal empecilho. O desconhecimento e ausência de uma educação financeira efetiva ainda geram muitas dúvidas e receios.
É importante considerarmos que essa inclusão financeira não deve ser confundida com a inclusão digital. Há muitas pessoas que optam  por não ter conta em banco ou não fazer pagamentos online, seja por medo de cobranças de tarifas ou por uma desconfiança geral.
Dentro desse contexto, é importante que marcas, organizações e instituições busquem compreender a necessidade destes consumidores. O pagamento em espécie e por boleto ainda vai coexistir com os meios de pagamento modernos em nosso dia a dia por muito tempo. O desafio é que os benefícios da inovação também sejam sentidos por ele.
As fintechs estão no mercado explorando nichos sub atendidos, introduzindo inovações nos mercados financeiros através do uso de tecnologia, com potencial para criar novos modelos de negócios. Essas empresas foram regulamentadas desde abril de 2018 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e vêm facilitando a vida de milhões de brasileiros através do uso de inteligência de dados e oferta de produtos atraentes. Através da tecnologia e inovação, essas empresas criam soluções financeiras de forma totalmente digital, como empréstimos e negociação de dívidas, investimentos, gestão financeira, crowdfunding, e até mesmo serviços de seguros, produtos que antes eram exclusivamente vendidos por bancos tradicionais.
Por causa de tal vantagem competitiva e da capacidade de oferecer soluções menos burocráticas, as fintechs vêm apresentando significativo crescimento. Já são 1.289 fintechs atuando no Brasil, segundo dados do Fintech Report 2022, realizado pela plataforma de inovação Distrito. O estudo aponta ainda que dos US$ 9,4 bilhões investidos em startups brasileiras no último ano, 40% foram destinados às fintechs.
Nada disso seria possível se o órgão regulador não adaptasse suas normas, alinhados com a realidade e demanda da sociedade. Essas ações permitiram a entrada de novos competidores e a adoção de diversas tecnologias que viabilizaram a disseminação da oferta de produtos e serviços bancários pelo país. Quanto mais pessoas estiverem acessando o sistema financeiro e quanto mais eficiente for esse uso, mais desenvolvida financeiramente e socialmente a população se encontrará.
*Marcelo Ramalho é CEO da Provu.

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