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ESG ainda tem cenários promissores no Brasil, aponta especialista. Crédito: doidam10.

Arnaldo Maluf Gesuele

Arnaldo Maluf Gesuele

Arnaldo Maluf Gesuele é fundador e CEO da ESG Land.

GazzConecta Colab

ESG no Brasil: é possível gerar lucros e garantir aprofundamento?

29/07/2025 14:02
De acordo com a Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape), o setor registrou crescimento de 42,3% no saldo acumulado entre janeiro e junho de 2023 — os números do primeiro semestre foram coletados pelo Radar Econômico da Abrape, com dados do IBGE e do Ministério do Trabalho e Previdência. O cenário é promissor já que, entre 2020 e 2021, devido à pandemia de Covid-19, a área deixou de faturar R$ 230 bilhões no Brasil. Em 2023, os eventos e o hub setorial somam 3,8% do PIB brasileiro, além de um faturamento anual de R$ 291,1 bilhões.
Dentre os muitos assuntos que podem ser abordados nessa área, destaco o cenário de eventos ESG (Environmental, Social and Governance — na tradução Ambiental, Social e Governança), em que o Brasil vem crescendo exponencialmente, além de sofrer grande influência internacional, que pressiona para que a temática esteja mais em evidência. Diante de um cenário como este, o país precisa estar em consonância com essa agenda, além de atualizado no debate.
Neste sentido, os espaços que promovem conexões e diálogos sobre ESG são extremamente necessários e, por isso, eventos com essa abordagem são cada vez mais relevantes para a evolução deste conceito nas empresas do Brasil e, principalmente, com os tomadores de decisão. Porém, vale ressaltar que não podemos banalizar o assunto visando apenas lucratividade – é essencial gerar um capitalismo consciente, levando todos à reflexão sobre a importância da democratização dessa temática.
O fato é que muitos eventos não conseguem passar por todas as letras da sigla. Na realidade, o que se vê no mercado, atualmente, são debates que não destrincham de forma clara os impactos das questões ambientais, sociais e de governança, gerando temas extremamente macros. Por isso, é necessário criar uma união entre todos os agentes do ecossistema, caso contrário, o ESG perderá sua credibilidade.
Com a ascensão do ESG, é possível observar uma busca desenfreada em se tornar referência no assunto, assim, o que mais acontece nos dias de hoje são pessoas que não entendem com profundidade o tema querendo se posicionar como especialistas, o que acaba criando um grande caos, além de um falso sentimento de que ESG é apenas uma nomenclatura ou uma moda que passará em breve.
Ao analisar o mercado atual, percebemos que apenas algumas empresas, em sua maioria grandes organizações ligadas ao mercado de capitais, estão avançadas na temática. Sendo assim, passou do momento de destacar que todos os negócios, independentemente do tamanho ou setor de atuação, precisam cumprir com os compromissos impostos no cenário global. Assim, é crucial a participação em eventos, principalmente para criar networking e ter acesso a conteúdos com especialistas e participantes do segmento de forma mais efetiva.
As estratégias para fornecedores e organizadores de eventos do setor ESG devem começar com uma análise sobre as empresas parceiras, a fim de verificar que não atuam em favor do greenwashing – divulgação falsa sobre sustentabilidade. Na sequência, é interessante criar uma rede com especialistas que vivem essa temática no cotidiano. Além disso, é necessário ter todas as políticas conectadas, incluindo crédito de carbono e net zero na geração de resíduos. É importante trazer também soluções inovadoras e que criem conscientização na execução dessa jornada – não apenas durante, mas também no pré e pós, mensurando com clareza todos os resultados atingidos no período de realização. A transparência é o princípio básico de um ESG sólido e robusto.
Os eventos que possuem curadoria de ponta e palestrantes que vivem realmente as situações discutidas em cada letra da sigla, sem dúvidas serão capazes de auxiliar as empresas a tomarem novas medidas. Sabemos que congressos dessa temática no Brasil necessitam de uma agenda pragmática, além de parceiros e apoiadores que estão atuando de forma consciente e coletiva na mudança. Não se pode aproveitar de um assunto tão relevante visando apenas a lucratividade, já que, no fim, o que importa é a preocupação com o planeta. Caso contrário, teremos sérios problemas a curto, médio e longo prazo.