
Thiago Muniz
Thiago Muniz é CEO da Receita Previsível Consultoria, professor na FGV em todo o Brasil de marketing e vendas e mentor de negócios.
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O fim da era das consultorias milionárias?
Se você trabalha com consultoria e ainda acha que um PowerPoint colorido justifica um contrato recorrente, é questão de tempo até perceber que esse modelo está com os dias contados. O governo dos EUA começou a apertar o cerco contra consultorias que entregam muito menos do que cobram, e isso é só o começo.
O mercado de consultoria está passando por uma transformação significativa. A pressão por eficiência e retorno sobre investimento está redefinindo o setor, exigindo uma abordagem mais prática e orientada a resultados.
O que está acontecendo com o governo dos EUA?
A administração Trump resolveu revisar contratos bilionários com gigantes da consultoria como Deloitte e Accenture. O motivo? O retorno sobre o investimento simplesmente não justifica o gasto público. O impacto foi imediato: contratos cancelados, ajustes severos e um alerta geral no setor.
Segundo um artigo do Financial Times, até 6% do mercado de consultoria pública pode desaparecer – o que representa uma perda de até US$ 6 bilhões.
Mas o que está em jogo aqui vai além do orçamento. É um sinal claro: o modelo tradicional de consultoria está ficando obsoleto.
Consultoria sempre foi uma farsa?
Nem toda consultoria, mas grande parte do setor, sobreviveu por anos vendendo um bom storytelling, apresentações bem produzidas e promessas genéricas de eficiência.
Quando se trata de impacto real, a pergunta inevitável surge: onde estão os resultados concretos? A Harvard Business Review já alertou que consultorias incapazes de comprovar retorno real estão na mira de cortes e substituições por alternativas mais eficientes, que entregam resultados reais.
O futuro da consultoria: quem vai sobreviver?
O mercado já deixou claro: ou você gera valor real e comprovado, ou está fora. Isso significa uma mudança profunda na forma como a consultoria deve operar.
O futuro da consultoria se baseia em três pilares fundamentais:
Resultados financeiros mensuráveis – Consultoria que não impacta diretamente o faturamento do cliente se torna um custo dispensável. A MIT Sloan Management Review mostra que consultorias focadas em resultados concretos têm mais chances de crescer e reter clientes.
Eficiência operacional – Menos tempo desperdiçado com relatórios extensos, mais execução prática. Empresas que adotam metodologias ágeis e processos mais enxutos estão dominando o mercado.
Automação e inteligência artificial – Consultorias que integram tecnologia para otimizar processos e aumentar a previsibilidade dos resultados terão uma vantagem brutal. A Forbes reforça que automação e IA não são mais diferenciais, mas sim requisitos básicos para se manter competitivo.
Como evitar a extinção?
Para continuar no jogo, é necessário abandonar o modelo ultrapassado e se adaptar rapidamente. Os próximos passos são:
Provar impacto real – O discurso não basta. Consultorias que conseguem demonstrar retorno mensurável e sustentado terão mais chances de garantir contratos de longo prazo.
Diversificar a carteira de clientes – A dependência de poucos contratos é um risco estratégico. Empresas que distribuem suas receitas entre diferentes clientes reduzem a vulnerabilidade e aumentam a previsibilidade financeira.
Agilidade e adaptação constante – Consultorias que não auditam processos, identificam gargalos e implementam soluções personalizadas estão fadadas ao fracasso. A diferença entre crescer e ficar para trás está na capacidade de integrar tecnologia, otimizar operações e entregar previsibilidade.
O mercado está fazendo a triagem natural. Quem não se adaptar, não gerar resultados reais e sólidos para seus clientes não vai sobreviver.