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No fim das contas, vender não é sobre seguir scripts perfeitos, mas sobre criar conexão real. Crédito: leowolfert.

Thiago Muniz

Thiago Muniz

Thiago Muniz é CEO da Receita Previsível Consultoria, professor na FGV em todo o Brasil de marketing e vendas e mentor de negócios.

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As 3 habilidades que separam os melhores vendedores do resto

06/08/2025 12:19
Imagine um vendedor que nunca segue um script, mas sempre fecha negócios. Ele não tem frases decoradas, mas parece ler a mente do cliente. Enquanto outros se perdem em discursos engessados, os melhores conduzem conversas naturais que levam à assinatura do contrato. O que esse profissional faz de diferente? Ele domina as três habilidades essenciais que transformam qualquer vendedor em um verdadeiro especialista em conversões.
Para te ajudar a se tornar um vendedor assim, abaixo trago as três habilidades que, segundo a Gartner, são essenciais para quem deseja estar acima da média.
Mentalização: entender o cliente antes de vender
Em uma reunião de vendas, Carlos percebeu algo estranho: o cliente estava hesitante. Em vez de pressioná-lo com mais argumentos, ele fez uma pausa e perguntou: "O que mais te preocupa nessa decisão?" O cliente desabafou sobre medos internos que nenhum outro vendedor havia identificado. Em menos de dez minutos, Carlos transformou um "não" em um "sim".
Esse é o poder da mentalização. Vendedores de alto desempenho colocam o cliente no centro, compreendem suas emoções e antecipam seus comportamentos. Eles dominam a escuta ativa, a empatia e a leitura de cenário, habilidades que permitem descobrir objeções ocultas antes mesmo que sejam verbalizadas.
Como diz Aaron Ross no livro Receita Previsível: é necessário identificar o que realmente importa para o cliente. E é duro dizer isso, mas eles não estão preocupados com as metas que você precisa bater, e sim com os problemas pessoais ou profissionais que precisam resolver.
É muito comum vendedores estarem tão preocupados com scripts de vendas — porque seus chefes os cobram — que tornam a venda um processo artificial, sem conexão.
A melhor forma de entender o cliente e fazer com que ele realmente se interesse por você, segundo Aaron, é criar “um plano de sucesso para o cliente”. Ou seja, capte durante a qualificação ou conversa qual é a visão ideal dele e ajude-o a defini-la. Isso fará com que o ciclo de vendas se inverta, e o cliente passe a buscar a solução que você entrega.
Flexibilidade tática: se adaptar para fechar negócios
Se um jogador de xadrez insistir na mesma jogada contra todos os oponentes, ele nunca será um campeão. O mesmo vale para vendas.
Muitos vendedores se prendem a scripts fixos, acreditando que seguir um roteiro garantirá o fechamento. Mas a verdade é que o comprador evolui durante a negociação, e a abordagem do vendedor também precisa evoluir.
Os melhores vendedores adaptam sua comunicação em tempo real, ajustam seu discurso com base nas reações do cliente e criam narrativas personalizadas. Quem entende essa dinâmica evita perder vendas por falta de flexibilidade.
Por isso, é essencial saber, antes de iniciar uma reunião de vendas, quais são as reais dores e necessidades do cliente. Isso ajudará a se adaptar mais rápido durante a negociação, sem ficar preso a scripts.
"Os grandes vendedores identificam as reais necessidades que se escondem atrás dos desejos dos clientes." completa Aaron.
Parceria com a IA: usar a tecnologia como aliada, não como muleta
A Inteligência Artificial está mudando o jogo das vendas. Mas quem depende apenas de automação para gerar resultados está fadado ao fracasso.
Os vendedores de alto desempenho sabem que a IA não substitui a conexão humana, mas pode amplificá-la. Eles utilizam a tecnologia para analisar dados, automatizar tarefas operacionais, entender padrões e personalizar abordagens de maneira inteligente, sem perder o toque humano — que é o que realmente fecha os grandes contratos.
Mesmo que 65% das organizações B2B adotem decisões baseadas em dados até 2026, segundo a Gartner, o estudo do professor Zaltman, da Harvard Business School, continua atual: 95% das decisões de compra são inconscientes. E, até hoje, apenas um ser humano consegue se conectar, interagir e dialogar com o inconsciente de outra pessoa com naturalidade.
No final do dia, esse é o limiar entre os vendedores médios e os vendedores acima da média: aqueles que utilizam a tecnologia como suporte e parceira, mas não como muleta.
Utilizar IA em vendas será commodity, e por um bom tempo muitos vendedores abordarão seus possíveis clientes com estratégias genéricas, entrando em reuniões de vendas com argumentos superficiais. O que te diferenciará será ter conhecimento profundo sobre vendas, entender a verdadeira dor do seu cliente e agir com o auxílio da tecnologia.
No fim das contas, vender não é sobre seguir scripts perfeitos, mas sobre criar conexão real, adaptar-se e agir com inteligência. Quem domina a mentalização, possui flexibilidade tática e integra a tecnologia sem perder a humanização se destaca. Em um mundo onde 60% dos compradores preferem comprar sem interação humana, o vendedor que realmente compreende as dores do cliente e se conecta de forma genuína será um verdadeiro diferencial.