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Kelly Silva Baptista é diretora executiva da Fundação 1Bi. Crédito: Divulgação.

Beatriz Bevilaqua

Beatriz Bevilaqua

Jornalista e Comunicadora de Startups. Formada pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), foi condecorada em 2013 pelo Prêmio Sangue Novo no Jornalismo Paranaense, em Curitiba, pelo Sindijor PR e, em 2019 E 2021, como Melhor Profissional de Imprensa do Brasil pelo Startup Awards, maior premiação do ecossistema de startups da América Latina. Instagram @beatrizbevilaqua.

Tecnologia na educação

Kelly Baptista, a líder que revoluciona a educação pública com tecnologia

16/11/2023 11:44
Uma mulher audaciosa e que sempre acreditou no poder da educação. É desta maneira que podemos descrever Kelly Silva Baptista, diretora executiva da Fundação 1Bi, instituição sem fins lucrativos que trabalha tecnologias digitais criando oportunidades inclusivas para jovens em situação de vulnerabilidade.‌
Para a executiva, investir em educação é uma das decisões mais importantes que podemos tomar. “A educação não apenas abre portas para oportunidades de carreira, mas também ajuda a moldar nosso pensamento crítico e habilidades de resolução de problemas”, afirma.‌
Segundo Kelly, temos que olhar para a educação do futuro com as seguintes perspectivas:
  • Igualdade e oportunidades: a educação é a única forma de nivelarmos esse jogo, proporcionando a todos a chance de ter sucesso, independentemente de seu histórico, desde que ofereçamos uma educação de qualidade a todos.;
  • Desenvolvimento econômico: países com altos níveis de educação tendem a ter economias mais fortes. A educação é um motor de crescimento econômico e de desenvolvimento;‌
  • Desenvolvimento de habilidades: a educação ajuda a desenvolver uma variedade de habilidades, incluindo habilidades de pensamento crítico, resolução de problemas e habilidades de comunicação, fazendo com que nossos jovens se tornem mais independentes e adultos mais conscientes.‌
Kelly foi uma das finalistas do “Jovens Mulheres Líderes”, um programa de fortalecimento em questões de gênero e juventude da ONU Mulheres e concedeu entrevista exclusiva para o “Conexão Startup”, aqui no GazzConecta‌:
Você é uma mulher à frente de uma fundação que utiliza tecnologias digitais para reduzir desigualdades na educação pública brasileira. Como você vê, hoje, a participação cada vez maior de mulheres à frente de instituições de impacto social?
Kelly Silva Baptista: A participação de mulheres à frente de instituições de impacto social tem crescido significativamente nos últimos anos. As mulheres estão cada vez mais envolvidas em todos os níveis de liderança e gestão dessas organizações, desde a fundação até a execução de programas e projetos, mas é perceptível que os homens ainda estão à frente das maiores instituições e arrecadações.‌
Na pandemia, observamos o crescimento de organizações sociais comunitárias, atuando em caráter emergencial, liderados por mulheres que já desenvolviam trabalhos sociais nas comunidades.
Na Fundação 1Bi, potencializamos o impacto de organizações sociais que executam projetos sociais de apoio à populações em situação de vulnerabilidade social e/ou grupos minorizados, em desafios relacionados à tecnologia e gestão. A maioria das organizações - cerca de 75% - são lideradas por mulheres e observo que elas estão trazendo novas perspectivas e abordagens para a resolução de problemas sociais. Além disso, elas constroem redes e alianças para aumentar o impacto e a eficácia de suas ações.‌
Quantas pessoas (entre professores e alunos) foram impactados pela fundação neste ano? Quais foram as ações mais relevantes em 2023 e quais as perspectivas para o próximo ano?
Kelly Silva Baptista: Desde sua criação, o AprendiZAP já foi utilizado por mais de 2,5 milhões de pessoas. Só em 2023, foram mais 1 milhão de professores e alunos beneficiados pela plataforma e chatbot.
A introdução da inteligência artificial é algo de que nos orgulhamos muito. Agora, com apenas um clique, os professores que utilizam o AprendiZAP para auxiliar no planejamento de suas aulas podem criar novos conteúdos, como atividades de múltipla escolha, exercícios abertos, questões com estrutura de exames nacionais, entre outros.
Neste ano, os alunos também foram beneficiados com a IA no AprendiZAP. Lançamos mais de 8 mil novas atividades com essa tecnologia, usando metodologias ativas de ensino e contando com a revisão de professores de todo o país.‌
Para 2024, desejamos ampliar nosso atendimento para secretarias estaduais específicas, formando docentes na nossa plataforma e mensurando impacto, inserindo conteúdo de educação para equidade, elaborando materiais pedagógicos para apoiar professores de escolas públicas a implementar a Lei 11.645 em suas aulas, chegando a 5 milhões de atendidos.
Têm aumentado os atentados em escolas públicas brasileiras. Como tornar esses ambientes mais seguros para todos?
Kelly Silva Baptista: É necessário que a gente se atente cada vez mais aos debates sobre saúde mental, tópicos que envolvem outras necessidades do grupo escolar precisam ser considerados, tais como saúde, alimentação, moradia, educação, trabalho, renda, saneamento básico, entre outros, já que a composição deste todo afeta a comunidade.
Também é indispensável que os gestores se preocupem em formar sua equipe docente para lidar com essas questões, a escuta e o incentivo ao diálogo, são passos iniciais importantes para a criação de uma rede de apoio e combate à violência em âmbito escolar.
O burnout atinge 1 em cada 3 professores no Brasil. Como apoiar mais os educadores da rede pública? Quais ações seriam fundamentais por parte do governo?
Kelly Silva Baptista: Diariamente, muitos professores lidam com violência verbal e até física dentro das escolas, a falta de estrutura da rede pública também é um ponto que influencia neste esgotamento mental.
Investir em salários melhores, no desenvolvimento de um bom plano de reconhecimento profissional dos professores, por parte da gestão escolar e também dos alunos, garantir que os docentes possam atuar em espaços seguros e proporcionar acompanhamento psicológico de qualidade são ações que cabem ao governo implementar e acompanhar com mais qualidade.
Como reter os nossos talentos? Quais os maiores desafios e oportunidades na educação brasileira?
Kelly Silva Baptista: O Brasil, infelizmente, tem um contexto sociocultural, além de econômico, que prejudica quem ambiciona seguir uma carreira. O país não investe tanto quanto deveria em políticas públicas que incentivem a educação, principalmente para os menos privilegiados. Se houvesse esse incentivo, muitos talentos na educação deslanchariam e não trocariam as salas de aula pelo trabalho precoce .

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