Women Talks
Ousadia, propósito e informação são base para o sucesso de empresas lideradas por mulheres
Ousadia, propósito e informação são ingredientes para empresas de sucesso. Essa foi a principal lição das fundadoras de startups Maria Teresa Fornea, da fintech Bcredi, e Luanna Toniolo, da fashiontech TROC — ambas empresas com alto faturamento e que brilharam no meio empreendedor em 2020. As CEOs foram as convidadas do evento de estreia da temporada 2021 do Women Talks, iniciativa da plataforma de desenvolvimento de lideranças femininas Women Leadership.
O evento desta quinta-feira (28) estreia também uma parceria da empresa com o GazzConecta, a plataforma de inovação e empreendedorismo da Gazeta do Povo, que trará uma série de iniciativas voltadas ao tema que serão divulgadas ao longo do mês de fevereiro e março. O debate teve a mediação da CEO da Women Leadership, Isa Quartarolli.
O objetivo dos encontros, sempre online e gratuitos, é provocar reflexão sobre o empreendedorismo e mulheres na liderança de empresas. A próxima edição do Women Talks está prevista para o dia 11 de fevereiro.
O motivo dos debates sobre mulheres empreendendo não poderia ser diferente. Com mais de 12 mil startups no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), apenas 16% são lideradas por mulheres. O tema central da estreia do Women Talks buscou desvendar como driblar o sistema e alcançar negócios milionários mesmo frente a um percentual tão baixo.
Ousadia ao empreender
Maria Teresa Fornea, CEO da Bcredi, acredita que para empreender com sucesso é preciso ter principalmente propósito e paixão pelo trabalho. A partir de uma boa ideia, que oferece soluções para o cliente, o faturamento se torna uma consequência.
“A questão é que o propósito te mantém inteira e feliz, e isso faz com que você continue motivada a empreender. O valor da empresa é importante, mas sua jornada vale muito mais. Empreender sem propósito não vai fazer ninguém feliz, pois empreender é intensidade”, comenta Maria Teresa.
Para as fundadoras, é preciso ousadia e informação para começar. Maria Teresa explica que há diversos programas de mentoria gratuitos que auxiliam nesse processo inicial, como os promovidos pelo Sebrae/PR. A busca por informações para então desenvolver o negócio também é fundamental. “Seja ousada e não tenha vergonha. Ao empreender, você vai ouvir muitos 'não'. Mas não faça sozinha, procure informações", indica.
Empresas milionárias na pandemia
Não à toa, as CEOs conhecem o caminho para fundar negócios de sucesso: ambas fizeram fusões milionárias de suas empresas durante a pandemia. O primeiro anúncio foi a venda de parte do brechó de luxo Troc à marca Arrezo&Co em novembro. Já Maria Teresa vendeu a fintech de crédito imobiliário Bcredi para o unicórnio brasileiro Creditas e se tornou vice-presidente de crédito da empresa em janeiro deste ano.
Para as CEOs, a pandemia impulsionou o processo de aceleração das empresas, conforme explica Luanna. “A Troc viveu um momento único em que as pessoas viram a importância da sustentabilidade. Nós caminhamos quatro anos em quatro meses, mas vender a empresa nunca foi uma possibilidade. Na pandemia saímos muito mais fortes, não medimos esforços e criamos novos produtos, e daí surgiu a possibilidade de negociar a Troc”, relembra.
Já Maria Teresa conta que a venda da Bcredi foi uma decisão para continuar com o crescimento da fintech em um ano de mudanças e decisões complexas. Segundo a CEO, a fusão entre Creditas e Bcredi quintuplicou o valor de crédito concedido aos usuários. A perspectiva para os próximos anos é que, a partir da fusão, a Creditas abra também o capital para investidores da bolsa de valores.
Igualdade de gênero começa na base
Ao iniciar o processo de desenvolvimento de um novo negócio, diversas mulheres têm como barreira o fato de acumularem diferentes jornadas de trabalho, e isso pode desmotivar o início de uma nova empresa. Mas qual o caminho para que mulheres tenham mais espaço como fundadoras e em cargos de liderança? Para as convidadas, a equidade vem a partir de mudanças no início da fundação das empresas. Para isso, é necessário ter programas dedicados a capacitar e incentivar mulheres.
“É preciso igualar as lideranças através de aceleração e programas públicos, além de continuar lutando por mais holofotes, para que reconheçam mais o nosso trabalho. Não temos muitas fundadoras de startups em Curitiba, por exemplo, mas temos muitos nomes protagonistas como contratadas. Esse movimento está acontecendo e as empresas estão buscando essa equidade”, finaliza Luanna.