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Sócio-fundador da Urso Consultoria Empresarial e da Urso Capital, Ricardo Urso elenca os setores mais promissores para investimento em startups em 2025. Crédito: Marcelo Andrade.

Grande potencial de transformação

4 áreas mais promissoras para o mercado de investimentos em startups inovadoras em 2025 segundo especialistas

Cristina Seciuk
Cristina Seciuk
10/03/2025 16:46
Nos últimos anos, o mercado de venture capital (VC) passou por um ciclo de grande volatilidade. De 2020 a 2023, houve um boom de investimentos, impulsionado pela abundância de capital durante a pandemia e pelo crescente apetite por inovação. No entanto, a euforia cedeu lugar a uma dura realidade: muitas das startups que surgiram no período não conseguiram se sustentar, queimando recursos sem gerar rentabilidade significativa. Em 2023, esse choque de mercado levou a uma revisão dos critérios de avaliação dos investimentos, que, agora, incorporam métricas mais realistas e tradicionais, comuns em mercados de private equity.
Em entrevista, Ricardo Urso, sócio-fundador da Urso Consultoria Empresarial e da Urso Capital, explicou que a reconfiguração das métricas de análise, com um foco maior em parâmetros de caráter mais tradicional (como Ebitda e fluxo de caixa) é um reflexo de um movimento de maior prudência por parte dos investidores. Para ele, a tendência de 2025 será de um mercado mais cauteloso, porém com grandes oportunidades em setores específicos.

Setores com startups mais promissoras

Embora os desafios enfrentados por muitos investidores nos últimos anos não tenham diminuído o apetite por inovação, as novas apostas estão focadas em áreas de alto impacto e com grande potencial de transformação. Entre os setores que mais atraem a atenção dos investidores, destacam-se:
  • Inteligência Artificial (IA) e Automação: O crescente avanço da IA generativa e a automação de processos estão se consolidando como áreas-chave para investimentos em 2025. A promessa de tornar empresas mais eficientes e escaláveis tem atraído recursos consideráveis, especialmente com o aumento da demanda por soluções baseadas em IA, desde atendimento ao cliente até o desenvolvimento de novos produtos.
  • Climatech e Sustentabilidade: As soluções voltadas para a redução de emissões de carbono, energia limpa, logística sustentável e agricultura eficiente estão em evidência. Startups que buscam melhorar a sustentabilidade ambiental, muitas vezes alinhadas a metas de ESG (ambiental, social e governança), atraem fundos que buscam, além de retorno financeiro, impacto positivo no planeta.
  • Healthtech: A transformação do setor de saúde, impulsionada pela digitalização e novas tecnologias, segue como um dos maiores focos para os investidores. Soluções para melhorar a gestão hospitalar, aumentar a eficiência dos serviços de saúde e acelerar a análise de resultados têm grande potencial de expansão, especialmente no Brasil, onde o mercado de saúde continua crescendo.
  • Infraestrutura para Web 3.0: A transição do atual sistema de internet (Web 2.0) para a Web 3.0, que integra tecnologias como blockchain e descentralização, representa um movimento promissor, especialmente no mercado financeiro e em áreas relacionadas ao armazenamento e gestão de dados. As startups focadas em criar as infraestruturas para essa mudança são vistas como oportunidades de grande potencial.

Perfil do Investidor

O cenário brasileiro atual é marcado pela presença de mais de 260 fundos de venture capital, conforme dados de 2023 da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP). Contudo, a volatilidade do mercado afastou muitos investidores individuais, especialmente pessoas físicas que se aventuraram no mercado sem um conhecimento aprofundado. Com isso, a concentração de investimentos se deu nos fundos mais experientes, que aprenderam com os erros do passado e agora priorizam análises detalhadas e com foco em empresas com métricas sólidas.
O sócio-fundador da Urso Capital destaca ainda que, em resposta à crise, muitas grandes empresas criaram seus próprios veículos de investimento, os chamados corporate venture capital (CVC), que visam não apenas rentabilidade, mas também a criação de sinergias com seus produtos e serviços. Essa tendência deve crescer em 2025, criando um ambiente mais colaborativo entre grandes empresas e startups inovadoras.

Expectativas para o futuro

Apesar da alta taxa de juros e do aumento do risco associado aos investimentos, o cenário para 2025 apresenta uma recuperação gradual. O principal desafio dos investidores será equilibrar risco e retorno, já que as expectativas de rentabilidade de startups em estágio inicial são voláteis.
Ricardo Urso recomenda que, para navegar com sucesso nesse mercado, as startups devem focar em um produto ou serviço específico e viável, priorizando a escalabilidade e a realização de testes antes de buscar investimentos. Além disso, destaca a importância de acelerar esses produtos por meio de programas de grandes empresas ou fundos de VC que já possuem expertise no setor. Para os investidores, a estratégia sugerida é buscar fundos de venture capital com bom histórico de sucesso e uma tese de investimento bem definida, avaliando sempre a rentabilidade no longo prazo.