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Tecnologia

Por que eu devo internalizar um setor de drones na minha empresa?

*Bruno Prados de Rezende e Raphael Cândido, para a Comunidade Sebrae Construtech
04/08/2020 14:38
A busca pela terceirização de serviços difundiu-se amplamente em todo o mundo e no Brasil não foi diferente. Por aqui, cerca de 25% da mão de obra é terceirizada. Vários são os motivos encontrados pelas empresas para terceirizar algum serviço: menor custo com funcionários, redução de custos operacionais, priorização de investimentos e etc.
Em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pela Skyward (plataforma que conecta pessoas, projetos e equipamentos envolvidos em soluções com drones através de um eficiente fluxo de trabalho) em 2018 percebeu-se que há uma grande tendência das empresas em passarem a internalizar o uso de drones em vez de terceirizar o serviço.
Nos últimos dois anos esse movimento para trazer um programa de drones para "dentro de casa" apresentou um vertiginoso crescimento que pode ser explicado por três fatores principais: facilidade de adotar a tecnologia e implantar no empreendimento, facilidade de treinar e capacitar pilotos para a operação, mitigando a necessidade de contratar algum terceiro exclusivamente para o serviço e, finalmente, ROI (Return Over Investment) alcançado com poucos meses.
Mariah Scott, presidente da Skyward afirmou ainda que esse estudo apontou que 88% das empresas que internalizaram as soluções com drones obtiveram o retorno sobre o investimento em um ano ou menos. "Apenas 20% das empresas que utilizam a tecnologia de drones estão terceirizando seus serviços", dclarou, após a divulgação da pesquisa.
A terceirização, de fato, pode se mostrar vantajosa em momentos iniciais, mas, à medida que as organizações demonstram maturidade para manusear e tratar a tecnologia de drones, o caminho para a internalização é natural e imprescindível. Uma grande vantagem que a Smart Sky Tech Hub vê no processo de se criar um departamento interno é a escalabilidade que isto pode acarretar internamente para a empresa. Uma vez treinado, o departamento terá multiplicadores dentro da própria organização e, à medida que o uso da tecnologia se tornar algo corriqueiro a todos, a transmissão de conhecimento poderá ser feita em grande escala e assim beneficiar cada vez mais a firma. Outro grande benefício é a centralização dos assuntos relacionados a drone em apenas um setor, facilitando tomadas de decisão e otimizando o uso das aeronaves de acordo com as necessidades da empresa.

Vantagens

Ao longo do ano de 2019 e início de 2020, a Smart Sky conseguiu validar em vários clientes a eficiência desse modelo de internalização da tecnologia. Alguns são os indicadores que corroboram com essa validação:
  • Realização de diversos voos pelo cliente e processamento dos resultados na plataforma Site Scan;
  • Acionamento corriqueiro de suporte para dúvidas e orientações no uso da tecnologia, tanto para questões operacionais quanto para questões de manuseio da plataforma Site Scan;
  • Pedidos de clientes por orientações sobre qual drone e outros equipamentos relacionados comprar, a fim de complementar sua frota para atender a demanda crescente;
  • Solicitações de clientes por renovações e expansões da licença uma vez que a demanda interna por acesso aos dados cresceu e mais setores estão se beneficiando com a tecnologia, e;
  • Contratação ou relocação interna de profissionais para atuarem diretamente com o setor de drones.
Reprodução/Comunidade Sebrae Construtech
Reprodução/Comunidade Sebrae Construtech
Todos esses indicadores apontados existem, exclusivamente, pela observação própria do cliente de toda a cadeia de valor que a internalização da solução pode trazer. Os principais benefícios que a tecnologia traz que desencadeiam essa auto avaliação nas organizações são:
  • Grande redução no escopo de topografia, principalmente em ocasiões como avaliações e prospecções de terrenos;
  • Maior agilidade e maior qualidade nos produtos gerados pra diversas finalidades (licitações, avaliações preliminares, etc.);
  • Redução drástica em custos logísticos oriundos da necessidade de visita às obras e empreendimentos, uma vez que todo o acompanhamento pode ser realizado remotamente;
  • Maior precisão e mais agilidade em estimativas de volumes para corte e aterro;
  • Dados multidisciplinares gerados que ajudam a melhorar a comunicação interna e mitigar erros de projeto e de compatibilização, consequentemente resultando em ganho de agilidade nessa etapa, e;
  • Possuir todo o histórico do empreendimento armazenado, facilitando consultas e análises comparativas.
Além de todas as vantagens acima, que são comuns a praticamente todas as empresas que dedicam um departamento interno para drones, tem aquelas também que são próprias das organizações e dizem respeito às suas operações. Há uma infinidade de proveitos (antes nem imaginados) a serem percebidos à medida que o uso da tecnologia tem um crescimento interno orgânico.

O case Quebec

A competitividade é a capacidade de se sobressair perante os demais concorrentes que possuem uma missão em comum. Nos setores da engenharia, em especial no Brasil, a competitividade, após o famigerado boom da última década tomou proporções negativas, onde deixou-se de lado a qualidade para dar lugar a quantidade. Com isso, tornou-se recorrente erros de construção, em todos os setores da engenharia.
Os erros não ficam direcionados somente à área da construção. Os contratos celebrados entre cliente e empreiteiro tiveram suas características alteradas, no sentido de que a bilateralidade – que se espera na concepção de um contrato – foi substituída pela unilateralidade, onde o cliente, com o seu poder de decisão, começou a buscar vantagens sobre o empreiteiro imputando-o maioria dos riscos da obra por meio de contratos do tipo “turnkey” que além da exigência de um valor global para execução dos serviços, exige-se o gerenciamento de diversas interfaces, como as obras de grande porte possui.
Com isso, os empreendimentos começaram a ser baseados somente no cumprimento de prazos e a qualidade dos serviços definidas a partir do que se pode executar com determinada tecnologia dentro do prazo contratual. Sendo assim, o setor da engenharia começou a ser nivelado pela baixa qualidade dos serviços, grande quantidade de obras prontas que apresentam problemas dos diversos tipos e a grande competitividade, caracterizada pelo surgimento de várias empresas buscando o seu lugar ao sol.
Na contramão do que usualmente vinha sendo praticado por alguns setores da construção, existem as empresas que primam inicialmente pela qualidade dos serviços independente do preço que apresentam ao cliente. A cultura da qualidade possui grande influência do que é praticado fora do país, onde a resistência à tecnologia e às novas práticas de engenharia são menores, trazendo a possibilidade de retorno rápido, quando os processos são inseridos com eficiência nos serviços cotidianos da engenharia.
Quebec, ao longo dos seus anos de atuação no mercado, tem em seu currículo mais de 88 projetos concluídos, sempre na área da construção pesada e é conhecida pela qualidade dos serviços executados e das boas práticas de engenharia que garantem ao longo dos anos a sua manutenção e reconhecimento à nível nacional. O papel de empreiteiro foi ficando pequeno para as aspirações da empresa e nos últimos anos tem dividido suas atenções entre a empreitada e o desenvolvimento de seus próprios empreendimentos.
Com o setor de desenvolvimento colecionando resultados positivos no progresso dos seus empreendimentos, percebeu-se a dependência da terceirização dos serviços, que trazia dispêndios financeiros demasiados para os projetos. Em confluência com esta percepção, a Smart Sky apresentou uma solução para a Quebec, onde, a partir do voo com drones, poderia diminuir a dependência dos serviços terceirizados bem como prazos e custos. O gerenciamento seria realizado na plataforma Site Scan, que permitiria o processamento das fotos e serviços ligados a topografia, a gestão de documentos e projetos, tudo em nuvem.
Após as etapas de treinamento e implantação, já se notava o retorno e o ganho de valor que o drone poderia dar às atividades relacionadas. Vendo este potencial e o crescimento das demandas, foi elaborado um processo de gestão para os drones, visando a sistematização dos processos a fim de garantir a qualidade dos serviços, comparados aos terceirizados, mas realizados “em casa”.
Os processos consistiam em parametrizar todas as etapas desde o empréstimo do equipamento até o tratamento dos dados pós voo, passando por treinamentos de demandas internas, visando a qualidade do serviço e da comunicação interna.
Com o passar dos meses, a cada atividade realizada nota-se que os serviços com o drone podem ir além do que se esperava inicialmente. São alguns serviços que o drone possui utilidade nos setores da empresa:
  • Prospecção de áreas (remotas, difícil acesso ou não);
  • Inspeção de áreas (para desenvolvimento ou otimizações de ofertas);
  • Volumetria (para elaboração projetos ou orçamentos);
  • Balanço de materiais;
  • Situações fundiárias;
  • Inspeção de estruturas (linhas de transmissão, fazendas solares e eólicas);
  • Topografia, e;
  • Aerolevantamentos.
Já nas obras, o drone possui utilidade nos seguintes serviços:
  • Topografia;
  • Acompanhamento de produção;
  • Volumetria;
  • Gestão das escavações;
  • Time Lapse, e;
  • Inspeção de estruturas e estradas.
Percebendo toda gama de funcionalidades que o drone pode proporcionar aos serviços, para fechar o ciclo de pós processamento e trabalho com indicativos, foi elaborado uma série de controles com a finalidade de, a partir da coleta de dados com o drone, informar às gerências das obras e da empresa o andamento diário dos empreendimentos.
Os apontamentos que eram feitos quase que mensalmente, devido à complexidade dos trabalhos de medição ou demora da análise dos dados, hoje podem ser realizados diariamente, dependendo da demanda de cada estrutura, o que traz o poder da tomada de decisão instantâneo, podendo-se alterar os rumos da produtividade do serviço, caso atrasado, em poucas horas após a coleta de dados e com a precisão e qualidade ótimos. Aumentou-se consideravelmente o trabalho com indicativos a partir da coleta de dados com os drones, consequentemente aumentando a qualidade da apresentação de resultados.

Vale a pena?

A gestão do drone, a cada dia que passa, se torna mais independente, muito pelo que ela oferece de resultados para os setores da empresa. Os ganhos com a gestão, com o equipamento e com a plataforma podem ser resumidos em redução de custos, prazos além do ganho de qualidade do trabalho, podendo-se adequar e compatibilizar as demandas sem a dependência de serviços terceirizados.
Outro retorno importante é que, além da independência dos serviços terceirizados, a Quebec hoje consegue entregar os produtos do processamento para empresas terceirizadas, no intuito de trabalharem em conjunto, diminuindo prazos antes dilatados por conta de uma dependência total.
O retorno dos trabalhos não aconteceria sem o help desk da Smart Sky Tech Hub que além de orientar os usuários das plataformas, atua constantemente na melhoria contínua dos processos internos da Quebec.
Sendo assim, o lema que foi criado a partir de toda a evolução de toda essa estrutura de administração e gestão é: “The future starts here". O que está sendo elaborado e gerenciado hoje é o início de um processo maior que visa a qualidade dos serviços e a iniciação da implantação para novas metodologias, como o BIM.
Sabe-se que uma parcela das empresas tem migrado para o BIM e recebido projetos e orçamentos somente com a metodologia além de que em pouco tempo as concorrências públicas só serão recebidas em BIM, as empresas entrarão em um processo de aceleração de implantação, indo de encontro ao caminho já escrito anteriormente com relação à qualidade. Sendo assim, quem começou a se preparar antecipadamente e garantindo que os processos tecnológicos funcionem desde sua base, terá uma transição mais branda à próxima etapa.
Concluindo, a resposta para a pergunta tema deste artigo é:
Devo internalizar um setor de drones na minha empresa porque nele se iniciará toda revolução na coleta de dados e análise de indicativos, preparando os colaboradores envolvidos para novas transições de metodologias, tornando-as mais simples e fáceis de compreender.
*Bruno Prados de Rezende é diretor de operações na Smart Sky Tech Hub e Raphael Cândido é especialista em desenvolvimento de projetos através da captação de imagens feitas a partir de drones, da Quebec Engenharia.
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