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Renata Chemin e sócio da Polen

Entrevista Exclusiva com Renata Chemin

Polen: conquistando a confiança do consumidor através de causas sociais

Papo Raiz*
25/11/2022 18:00
Muito mais do que vender um produto ou serviço, construir uma boa imagem perante os clientes deve ser também uma das prioridades de empresas de pequeno, médio e grande porte. Neste cenário, o apoio e investimentos de muitos empreendedores em projetos de impacto social têm ganhado força nos últimos anos e ajudado muitos negócios a contribuírem não só com o desenvolvimento social, mas também com a própria gestão empresarial.
Para falar sobre a importância desse tipo de investimento e as razões pelas quais muitas empresas optem por apoiar causas que estejam, de alguma forma, alinhadas com o seu público-alvo, o podcast Papo Raiz entrevistou Renata Chemin, que é cofundadora da Polen, uma startup curitibana que nasceu em 2016 e desde então oferece uma plataforma que gera conexão entre empresas, pessoas e projetos de impacto social, visando assim revolucionar o processo de consumo.
Segundo Renata Chemin, esse mercado de investimentos em práticas ambientais, sociais ainda é muito recente sobre a governança de empresas e é possível observar que essa tendência também se deve ao autoconhecimento que empresários ou gestores tiveram nos últimos anos sobre tais causas.
“É um mercado muito incipiente, principalmente nos últimos três anos, começamos a ouvir muito falar em ESG de empresas que buscam impacto, empresas socialmente responsáveis e o quanto isso influencia em como o consumidor vê essa empresa e o retorno desse investimento. A gente vê cada vez mais as empresas repensando a forma de fabricar e comercializar seus produtos e a parte da ação social é como conseguimos trazer esse ESG para hoje”, afirmou a cofundadora da Polen.
Chemin destacou que esse desejo em apoiar projetos de impacto se tornou ainda mais forte com a chegada da pandemia de Covid-19, período que acentuou o compromisso de empresas, pessoas e tantos outros atores a ajudarem o próximo e criar soluções para minimizar os prejuízos causados pela doença. E foi considerando também essa nova realidade, que ainda na pandemia a Polen viu também a necessidade de adaptar os seus serviços e, então, inseriu em sua plataforma a possibilidade de empresas criarem campanhas de arrecadação para organizações que estavam atuando no combate ao coronavírus.
Toda essa automatização de processos que descomplicam muitos negócios e que busca atender uma demanda de consumidores que procuram por empresas conscientes sobre a importância de ações de impacto social, fez com que a Polen se tornasse uma das 100 startups mais inovadoras e escaláveis, de acordo com o ranking 100 Startups to Watch.

De que forma funcionam as soluções de negócio propostas pela Polen?

Transformando a compra em uma oportunidade de gerar impacto social positivo para empresas, consumidores e projetos sociais, Renata Chemin explica que a Polen sempre orienta os envolvidos neste processo da melhor forma, para que todos saiam ganhando, ou seja, as empresas engajam em causas sociais, geram mais valor as suas marcas e assim fidelizam clientes, que também conseguem contribuir para a mudança social ou ambiental de alguma, enquanto as ONGS recebem mais recursos para ajudar aqueles que realmente precisam.
“A nossa proposta é que as empresas adotem essas organizações de uma forma recorrente e que invistam nelas, para que as mesmas consigam trabalhar em suas causas e isso gere retorno, envolvendo também o cliente da empresa nessa ação”, explicou Renata Chemin.

Como a Polen valida o trabalho das instituições de impacto social?

Segundo Renata Chemin, em todas as organizações que entram em contato com a Polen e apresentam iniciativas de impacto social é feita uma curadoria e homologação do projeto, o que evita cadastros falsos ou pessoas de má fé com o real intuito dos serviços disponibilizados pela startup.
 “Nós temos toda uma verificação bem burocrática para escolher as instituições, então a nossa curadoria é igual a uma curadoria de banco, na qual para a organização fazer parte é o mesmo que abrir uma conta digital e também é preciso que a mesma comprove que está impactando de alguma forma. O principal depois de passar pela curadoria é como a organização mantém a plataforma, com todos os recibos de doação que ela recebeu no mês, postagem de conteúdos de impacto, entre outras coisas”, esclareceu.
Chemin ressalta que todas essas informações ficam disponibilizadas na plataforma de transparência das ações e podem ser vistas tanto pelo público em geral quanto pelas empresas que investiram na causa social e, caso alguma polinizadora não atualize tais dados dentro de dois meses acaba recebendo uma bandeira amarela da startup como forma de aviso e, passados três meses de falta das informações, a mesma é bloqueada do site.

O que tem motivado empresas a investirem em projetos de impacto social?

Muito mais do que ter a sensibilidade e motivação para a temática de causas sociais, a cofundadora da Polen afirma que empresas gostam de apostar em ações que gerem algum retorno e que isso não deve ser visto como algo negativo, porque os negócios estão visando sim os próprios interesses, mas também essas iniciativas ajudam a melhorar a realidade social.
“Empresas investem em coisas que têm retorno de investimento. Não significa que a intenção é ruim ou que a empresa está fazendo isso só para lucrar, porque muitas vezes ela entende seu papel e existem muitas outras estratégias de investimentos maiores que a doação, mas foi esta a escolhida”, disse ela.

Como funciona o retorno de investimento em causas sociais?

Chemin explica que o efeito de investimentos que empresas fazem em projetos sociais vai depender muito do tipo de segmento. “Cada empresa atua de uma forma diferente, temos empresas em que a doação se paga totalmente e o gestor decide aumentar a doação ou não, aqueles em que a empresa está vendendo mais do que doando, mas cada negócio tem um posicionamento diferente sobre isso, porque depende da realidade da empresa”, constatou.
Para ela, ao trabalhar com retorno de investimento positivo, a Polen consegue trazer cada vez mais empresas para fazer doação às causas sociais, mas ressalta que para fazer esse tipo de investimento, as empresas também precisam enxergar algum propósito nas ações sociais, além de disposição para ajudar as organizações a transformarem e impactarem de fato outras pessoas, grupos ou mesmo a sociedade como um todo. Renata acredita que o ponto crucial desse processo é ter amor pela solução apresentada e vontade de fazer o projeto acontecer.
“O nosso mercado precisa de empresas mais sustentáveis e também é preciso fazer boas escolhas enquanto consumidor”, conclui. 
*Artigo produzido pelo Papo Raiz – uma conversa descontraída e divertida sobre empreendedorismo e assuntos em alta na sociedade.