Camila Lorenz e Gislayne Muraro
A falta de execução está adiando seus objetivos? Como fazer um planejamento estratégico para 2023
Com um mercado cada vez mais competitivo, ter um plano estratégico é essencial para que uma empresa consiga se manter, impulsionar os resultados e também se destacar no ramo em que atua. Neste cenário, o fim do ano é um ótimo momento para gestores começarem a organizar as ações que colocarão em prática no ano que está por vir e quais os objetivos que pretendem alcançar com isso. Para ajudar empreendedores a traçarem esses planos estratégicos, o podcast Papo Raiz conversou com Camila Lorenz, que é CEO da Agência de Gestão, e Gislayne Muraro, Founder CMKT Soluções.
Durante o bate-papo, as entrevistadas aproveitaram para falar sobre uma dúvida que muitos empreendedores têm e que diz respeito à validade do planejamento estratégico e como saber quando essa ação precisa de algum reajuste. Segundo Camila Lorenz, é preciso que o gestor sempre pense qual é a rotina de gestão que a empresa tem, fazendo um acompanhamento de metas e corrigir isso se não estiver evoluindo. Ela explica que a ideia, nesse caso, é ir ajustando o planejamento para conseguir chegar no objetivo final que a empresa pretende alcançar.
Especialistas no assunto, as duas explicaram também como delegar e organizar um bom planejamento estratégico e o quanto essa ação é importante dentro de qualquer empresa que busca atingir metas a curto, médio ou longo prazo.
Qual o primeiro passo de um planejamento estratégico?
Entender o que é um planejamento estratégico é um dos principais pontos para que um gestor consiga ter uma visão mais ampla do próprio negócio e, assim, consiga traçar estratégias para otimizar o trabalho e fazer com que uma empresa conquiste novos patamares.
De acordo com Camila Lorenz, o primeiro passo para construir um planejamento estratégico é o empreendedor entender para onde quer ir com uma organização, pois hoje, cada vez mais a cultura da empresa, missão, valores e propósito fazem parte do planejamento estratégico.
“É preciso pensar qual é o primeiro passo que eu tenho que dar em 2023 para chegar a 2030, por exemplo, com a visão que eu quero alcançar. É sempre uma questão de visão”, afirmou a CEO da Agência de Gestão.
Já para Gislayne Muraro, um bom planejamento estratégico também depende de uma gestão que avalie os pontos fortes e fracos de uma empresa e que saiba também observar o mercado em que a organização está inserida.
“Muito planejamento não dá certo porque, muitas vezes, falta às empresas ter coragem de olhar no espelho, o planejamento é feito com base no olhar externo e interno da empresa. Outro motivo de o planejamento não dar certo é porque a empresa superestima a capacidade dela de execução ou de investimento. Para a gente ter um planejamento que de fato seja realizado, a gente precisa pensar em ações executáveis”, avaliou.
Como fazer uma projeção de crescimento empresarial?
Desenvolver a projeção de crescimento empresarial é um grande desafio e também exige muito trabalho e organização de gestores, mas, segundo Camila Lorenz, é preciso ter em mente que para elaborar essa projeção são necessários alguns cuidados e também considerar as situações em que a empresa está inserida.
“Depende de como está o cenário da empresa, mas em geral, se utiliza o crescimento do mercado, qual a tendência da inflação, e daí sim avaliar o quanto a empresa quer crescer de fato. A gente analisa coisas pontuais para não ser um crescimento maquiado”, disse ela.
Neste mesmo sentido, Gislayne Muraro destaca que a observação da participação que a empresa está tendo no mercado em atua e o apetite para crescer que esse negócio tem são aspectos essenciais na hora de projetar um crescimento.
Como planejar o orçamento de uma empresa?
Quando se fala em planejamento estratégico, na prática, o orçamento é a última ferramenta que é preenchida, segundo Camila Lorenz. Antes dessa etapa, a especialista esclarece que o mercado e os concorrentes já devem ter sido analisados pela empresa, bem como quais os pontos positivos e negativos que a própria empresa possui, quais são os objetivos estratégicos que tem e as oportunidades que pode aproveitar no setor, para só então começar a colocar o plano de orçamento em prática.
“A empresa é um organismo vivo e a gente tem as engrenagens que são os departamentos, setores e tudo isso é pautado pelo planejamento estratégico. Então, tudo depende do objetivo empresarial e o orçamento também depende desse objetivo”, destacou Lorenz.
Quem participa do planejamento estratégico empresarial?
Construir um planejamento estratégico exige um esforço contínuo de toda a equipe que faz parte de uma organização. De acordo com Camila Lorenz, esse trabalho em conjunto também vai depender muito da maturidade que um negócio possui, pois existem empresas que ainda estão formando líderes e, neste caso, não têm como envolver outras pessoas no processo de desenvolvimento de um planejamento estratégico e aí apenas os proprietários conduzem essa jornada, e têm aquelas empresas em que a liderança participa na etapa da discussão do planejamento. Lorenz afirma que essa participação é algo que vai se adequando conforme a empresa vai se consolidando no mercado.
“Eu sempre separo uma empresa entre o operacional, tático e estratégico. O operacional está focado nos procedimentos operacionais dia-a-dia e quem vai participar do planejamento é o setor tático, que é o cobrado pela meta e o estratégico. Agora, em empresas mais avançadas, cada departamento vai formar o seu orçamento e planejamento”, afirmou.
Para Gislayne Muraro, contar com um engajamento coletivo e mostrar para os colaboradores que eles podem participar da construção do planejamento estratégico da empresa são ações importantes e que podem facilitar esse processo. “Eu acho que quando você envolve as pessoas e elas sabem o porquê da ação delas, aquilo é muito mais fácil de ser executado”, analisou a consultora.
Quais ferramentas usar para fazer planejamento?
Trello, Análise Pestal, Planilha do Excel, enfim, muitas são as plataformas que o empreendedor pode utilizar na hora de desenhar um planejamento estratégico, mas, segundo Camila Lorenz, isso também vai depender muito do quanto essa ação será acompanhada e de qual a ferramenta melhor se adequá à empresa. “O gestor deve usar o que dá certo para ele, desde que esteja acompanhando o planejamento e o colocando em prática”, orientou.
Já para Gislayne Muraro, a plataforma de gerenciamento de projetos é apenas um facilitador do processo.
“Não adianta você ter a melhor ferramenta e não colocar o planejamento em prática”, destacou.
*Artigo produzido pelo Papo Raiz – uma conversa descontraída e divertida sobre empreendedorismo e assuntos em alta na sociedade.
