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Formatos validados foram tema da apresentação de Hanah e Alef no Hotmart Fire 2025. Crédito: Giorgio Dal Molin / Gazeta do Povo.

Era da Retenção

Hi-Fi vs Lo-Fi: por que o simples, e até tosco, pode ser a chave para engajar nas redes

Giorgio Dal Molin
Giorgio Dal Molin
16/09/2025 17:30
Superproduções, cenários impecáveis e vídeos dignos de cinema. Por muito tempo, esse foi o imaginário do conteúdo de marca nas redes sociais. Mas os números e os cases mostram outra realidade: o simples, ou lo-fi, e até o “tosco”, é o que mais prende a atenção e gera engajamento.
Isso não é por acaso, como mostram o estrategista de conteúdo Rafael Kiso, fundador da mLabs, e o casal de criadores de conteúdo Hanah Franklin e Alef Marqs. Em suas palestras no Hotmart Fire, em Belo Horizonte, no fim de agosto, eles trouxeram dados científicos e fundamentos que mostram que empresas e pessoas podem (e devem) apostar em formatos que não exigem grandes investimentos.

A era da retenção

Rafael Kiso, por exemplo, refrescou a memória do público ao citar um estudo da Microsoft, em que, medindo a atividade cerebral de 2.000 voluntários, ficou comprovado: a tendência de atenção média caiu de 12 segundos no início dos anos 2000 para oito segundos em 2015. É menos do que a de um peixe dourado, que fica “atento” por 9 segundos.
“No caso do Instagram, isso é ainda menor: você tem 1,7 segundos para prender a atenção”, disse. Nesse cenário, capturar olhares já não basta. A disputa é para reter e transformar atenção em conexão. “Conseguir a atenção é só o começo da ressonância para o conteúdo ser mais memorável do que descartável”, completou.
Conseguindo a atenção, lembra o especialista, você ainda tem outro desafio: o da retenção. E somente depois esperar a interação. Para chegar lá, Kiso propõe quatro fundamentos que ajudam marcas pessoais e corporativas a alcançar ressonância:
  1. Gancho: significa abrir o conteúdo com algo que faça a pessoa parar. Pode ser uma dúvida comum ou uma quebra de expectativa, por exemplo. “Os meus conteúdos começam com dúvidas, e eu respondo com dados”, exemplificou.
  2. Autenticidade: Pessoas se conectam com pessoas. Evitar “conteúdo de vitrine” ou imagens de banco de imagens são um bom começo. “Não transforme o feed em panfletagem digital”, afirmou.
  3. Storytelling: histórias emocionam, geram comentários e fortalecem o reconhecimento de marca. Conteúdos com emoção aumentam em até 55% o reconhecimento de marca, pois despertam sentimentos, principalmente os positivos.
  4. Produção Lo-Fi ao invés de Hi Fi: na internet, a simplicidade vence. Um vídeo direto, gravado com o celular, parece conversa. E engaja mais.
“Se você segura a audiência por 15 segundos, já está no caminho certo. O Instagram identifica esse conteúdo como bom e entrega para mais pessoas”, disse Kiso.

O poder do Lo-Fi vs Hi-Fi

O contraste entre Hi-Fi (alta produção) e Lo-Fi (produção simples) não é apenas estético. Ele revela como o público consome conteúdo hoje na internet. No celular, ninguém espera assistir efeitos especiais. “O cérebro já foi condicionado a ver o cinematográfico na TV e, no celular, você quer pular”, destacou Kiso.
O que gera conexão são vídeos rápidos, diretos e imperfeitos por um motivo: parecem reais. É o que o especialista chamou de infotenimento: mistura de alguma informação com entretenimento online.
Crédito: Giorgio Dal Molin / Gazeta do Povo.
Crédito: Giorgio Dal Molin / Gazeta do Povo.
E é aqui que entram as dicas de Hanah e Alef, que traduziram essa teoria em prática. Eles comprovam que um criador que fala com o celular parado pode prender mais atenção do que um vídeo cheio de efeitos visuais.

Formatos validados de Hanah e Alef

Esse “tom de conversa” é o que diferencia os conteúdos que são pulados daqueles que viram ponto de interação, e conquistam novas pessoas. E Hanah é a prova viva disso: “Hoje eu tenho mais de 600 mil seguidores, e 400 mil vieram só este ano porque pensei em algo diferente. Eu identifiquei um formato que funcionava para mim”.
Se Kiso trouxe a teoria, Hanah e Alef traduziram em prática. Juntos, o casal acumula milhões de seguidores e mostra que viralizar deixou de ser questão de sorte e virou método.
Hanah explicou que, depois de experimentar dezenas de estilos, percebeu que os maiores criadores sempre encontram um formato vencedor e o repetem sem medo. “Meu formato é o de análise. Repetindo, consigo melhorar e dar previsibilidade para o público e também para os algoritmos”, confessou.
Alef resumiu em uma fórmula simples: a regra do 80/20.
  • 80% do tempo, postar no formato validado.
  • 20% do tempo, experimentar novos formatos em busca do próximo padrão de sucesso.
“Repetição não é chato. Ela cria marcas e engajamento”, defendeu Alef. E se houver dúvida no formato? “Testa rápido, e tenta melhorar nos próximos criativos”, disse Hanah.

Exemplos de formatos validados

  • Tela dividida (react/análise): comum em reacts, gera sensação de conversa e polêmica.
  • Experimento social: cria expectativa de virada, lembrando pegadinhas de TV. Aquele vídeo em que a pessoa vai para a rua falar com desconhecidos, segundo Hanah.
  • Conflito situacional: cenas do cotidiano levadas ao extremo ou com humor irônico. São situações que o cérebro entende como urgentes, ensina o casal.
  • “Palestrinha”: pensar em uma dor do seu cliente ou audiência e, literalmente, fazer uma breve apresentação ou desenhar em quadros em branco.
  • Tela verde: escolher um tema em que você é “craque” e gravar em frente a um fundo liso (preferencialmente verde) e usar um efeito como o “Chroma Key” do aplicativo Capcut para inserir imagens ao fundo.
Esses formatos funcionam porque são fáceis de produzir, exploram emoções e oferecem ao público algo que ele já espera ver, segundo esses especialistas. Melhor ainda: com a personalidade do criador ou da marca.

Guia rápido: como aplicar na sua marca com Lo-Fi

Se você é empreendedor e quer começar ou melhorar sua presença nas redes, siga este checklist:
  • 🎯 Comece com um gancho: faça perguntas que seu público já se faz ou mostre uma curiosidade inesperada.
  • 🤳 Prefira o simples Lo-Fi: use o celular, fale direto, evite produções caras. Lo-Fi é mais próximo e mais eficaz.
  • 👤 Mostre pessoas, não vitrines: seu cliente quer ver autenticidade, não fotos de banco de imagem.
  • 📊 Meça retenção, não só curtidas: se o público assiste até o fim, você está no caminho certo.
  • 🔁 Encontre seu formato validado: teste diferentes estilos e descubra qual gera mais resultado.
  • 📌 Aplique a regra 80/20: 80% de repetição do que funciona, 20% de testes criativos.
  • 🧩 Conte histórias: emoção e narrativa aumentam em até 55% o reconhecimento de marca.
  • 💬 Gere diálogo: responda comentários, incentive inbox, crie interação real.