Pandemia e disrupção
Grupo Boticário adere a óculos de realidade aumentada para conectar fábricas
O Grupo Boticário passou a adotar em suas fábricas, neste mês, uma nova tecnologia para integrar as equipes das unidades em Camaçari (BA) e São José dos Pinhais (PR): um óculos de realidade aumentada, ou smart glasses, da marca Vuzix. O equipamento norte-americano possibilita que técnicos e pesquisadores da equipe paranaense possam acompanhar em tempo real a fabricação na Bahia, oferecendo aos trabalhadores da linha de produção orientação, corrigindo processos e tirando dúvidas.
A novidade, que está em fase de testes até o fim de 2020, surgiu como uma solução para evitar o deslocamento dos profissionais, durante a pandemia. Antes, cada técnico perdia cerca de 18 horas entre deslocamentos de uma fábrica a outra periodicamente, e ajudava a emitir 410 kg de gás carbônico (CO2) em cada viagem. Com a adesão aos óculos, além da segurança sanitária dos profissionais, o grupo pretende dar um passo extra rumo a uma produção mais eficiente e sustentável.
Por enquanto, apenas uma unidade dos óculos está sendo utilizada neste processo e fica em posse de um operador na fábrica, na Bahia. O trabalhador recebe suporte de áudio e vídeo diretamente de São José dos Pinhais, ficando com as mãos livres para executar as instruções recebidas.
"Estes primeiros testes mostraram que conseguimos fazer a mesma função da presença física através dos óculos, mas com a vantagem de evitar o deslocamento e principalmente incluir mais de uma equipe ao mesmo tempo nas análises da linha de produção e na coordenação do operador. Isto torna o processo de desenvolvimento de produtos e início de produção muito mais ágil e efetivo", explica Rafael Muller, gerente de pesquisa e desenvolvimento da empresa, que está liderando esse projeto.
O executivo explica que equipes de perfumaria e de cuidados corporais, por exemplo, agora podem acompanhar simultaneamente a montagem de kits temáticos, orientar de forma mais ágil as paradas das linhas de produção para troca de produtos e remanejar o tempo de trabalho antes gasto em viagens para aproximação com o público e estudo de tendências de consumo.
"Esperamos que esta inovação seja mais uma das ações para superarmos mensalmente nossos recordes de produção. É claro que ainda é preciso criar uma cultura de trabalho online e de enxergar a tecnologia como uma ferramenta de auxílio e não de substituição de postos de trabalho. Mas a partir do momento em que fica claro que é mais eficiente e produtivo trabalhar desta forma, abre-se caminho para usar a tecnologia também para outras coisas".
Realidade aumentada no futuro
De acordo com Mueller, uma das possíveis futuras aplicações dos óculos de realidade aumentada nos processos do Grupo Boticário será na homologação de novos produtos e matéria-prima junto a fornecedores e acompanhamento logístico e de distribuição.
"Uma tendência é aumentar o número de óculos nas duas fábricas tornando os processos cada vez mais integrados e digitais. Para outras áreas podemos imaginar outras aplicações que podem ir até a fase de empacotamento e carregamento dos caminhões, com o acondicionamento correto dos produtos. Os óculos podem nos ajudar em todas essas fases", explica.
No mês passado, o Grupo Boticário bateu o seu recorde de volume de produção em um trimestre desde a fundação e cresceu quase 9% em relação ao início do ano, antes da pandemia, chegando próximo à capacidade total de suas unidades produtivas. Em agosto, o grupo também inaugurou um centro de distribuição na cidade de Campina Grande do Sul (PR), responsável pela logística de entrega de produtos adquiridos por e-commerce da marca O Boticário e também Eudora e quem disse, berenice?, parte do mesmo grupo.