GazzSummit discute inovação e sustentabilidade na cadeia alimentar no seu segundo dia

O GazzSummit Agro e Foodtechs apresentou nesta quinta-feira (27) a programação do seu segundo dia na Ligga Arena, em Curitiba. Iniciativa do GazzConecta, principal plataforma de inovação, tecnologia e empreendedorismo do Paraná, o evento foi realizado junto ao Smart City Expo Curitiba e trouxe quatro horas de painéis e conteúdos de alto nível com speakers que estão entre as lideranças das empresas mais representativas dos setores de varejo e serviços alimentícios, complementando a agenda anterior, que deu destaque à agroindústria.

“Ontem, realizamos algo inédito, que foi trazer a discussão sobre o agro e as foodtechs para dentro do Smart City, promovendo essa conexão que é extremamente importante para o desenvolvimento econômico. Temos grandes eventos do agro no Paraná, mas é fundamental trazer essa discussão para a capital, falar aqui sobre os aspectos da inovação que acontece no campo e como isso impacta a forma como consumimos alimentos nas cidades, esse olhar para o futuro”, comentou Andrea Sorgenfrei, head da Pinó, que detém as marcas GazzConecta e o Bom Gourmet, maior plataforma de gastronomia do Sul do país. 

“Hoje, trouxemos a continuidade da jornada do alimento, que sai do campo, passa pelo processamento da indústria e pega dois caminhos até a mesa do consumidor: o do foodservice e o do varejo”, acrescentou. 

O primeiro painel do dia - “Indústria em movimento: como a inovação está redefinindo o mercado” - contou com a participação da professora e líder de pesquisa Agrifood & Franchising da ESPM e conselheira da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), Luciana Florêncio, e do gerente executivo de arquitetura tech e digital lab da BRF, Michell Longhi, com mediação de Claudio Nessralla, partner & head equities na Ceres Investimentos. 

Entre os pontos levantados, os debatedores destacaram os benefícios que a inovação no setor traz para os consumidores, especialmente quando ela gera impactos positivos na conveniência. 

“Todo mundo trabalha fora, o que torna mais difícil voltar para casa e preparar o seu alimento. Então, a inovação no processamento de alimentos congelados ou proteicos são alguns exemplos que podemos trazer nesse sentido. Um segundo ponto é a saudabilidade, em como as empresas entregam essa conveniência para o consumidor associada a um alimento saudável. O investimento nessas tecnologias é transformado em atributos para o consumidor. Ele não vai identificar se aquele produto tem mais ou menos inovação, mas sim o que ele está entregando em termos de valor”, exemplifica Luciana ao reforçar que a indústria precisa focar na solução para o consumidor, mesmo que ele desconheça todo o processo tecnológico de desenvolvimento necessário para alcançá-la. 

Na sequência, o painel “Foodservice, experiência e tecnologia: as transformações do futuro hoje” trouxe Andrea Sorgenfrei; o sócio-fundador do Grupo Bossa, Glaucio Gonzaga; o CEO da COZI.ai, Yuri Melo; e o coordenador regional de vendas do iFood, Vitor Serrano. Sob a mediação de Ozeias Oliveira, diretor da Gold Food Service, eles comentaram sobre como a adoção de novas tecnologias, especialmente as de inteligência artificial, tem contribuído para otimizar processos e recursos, melhorando a performance das operações. 

Os painelistas, no entanto, foram unânimes ao destacar que ainda há muito potencial represado a ser explorado por meio das tecnologias digitais, especialmente no que se refere ao engajamento dos colaboradores com as novas ferramentas, ao tratamento dos dados e à comunicação mais eficaz e personalizada com os clientes.

O aprimoramento das estratégias de comunicação e retenção dos clientes por meios tecnológicos também apareceu no painel mais aguardado do dia, que reuniu, pela primeira vez, os três nomes à frente das maiores redes supermercadistas do Paraná e encerrou a programação do GazzSummit Agro e Foodtechs com plateia lotada e histórias inspiradoras. 

Sob o tema “Escolhas que transformam: o varejo na era da sustentabilidade e tecnologia”, Joanir Zonta, fundador da Rede Condor, Carlos Beal, sócio-proprietário do Festval, e Everton Muffato, diretor do Grupo Muffato, comentaram sobre os desafios e oportunidades do setor, com mediação de Millena Prado, head do GazzConecta, e de Guilherme Barbosa, cofundador do Masterboard Club e CEO da 3MIND Tecnologia. 

“Nós temos mais de 4 milhões de clientes cadastrados em sistema que analisa os seus hábitos de consumo. A partir da informação de que um cliente compra vinho regularmente em nossas lojas, por exemplo, conseguimos comunicar a ele a entrada de um novo rótulo, uma oferta especial ou demonstrar a qualidade desse vinho, o que contribui para a performance de vendas”, conta Zonta. Segundo ele, alguns produtos já registraram acréscimos de 50% no faturamento com o uso da tecnologia. 

Além das ferramentas digitais e de inteligência artificial, inovações voltadas às questões ambientais também estão no radar dos supermercadistas. O Festval, por exemplo, desenvolveu uma política de resíduo zero, fazendo com que algumas de suas lojas já sejam autossuficientes na gestão do lixo.  

“Nós também temos parceria com o Sesc Mesa Brasil para a destinação para programas sociais de alimentos bons, com qualidade de uso e valor nutricional, mas que muitas vezes não são comercializados. O primeiro passo é a mudança cultural. Estamos num país que tem muito desperdício. É uma tristeza ver o que vai para os lixões das cidades. Curitiba está transformando seu lixão em uma usina solar e nós estamos trabalhando para não mandar mais nada para esse lixão”, contou Carlos Beal, sócio-proprietário do Festval.   

O diretor do Grupo Muffato, Everton Muffato, reforçou que a redução das perdas nas diversas etapas da cadeia até a chegada do alimento à mesa do consumidor é um dos desafios a serem enfrentados, tendo a inovação como aliada. 

“Quando a gente fala sobre cidades inteligentes, sobre tecnologias, é muito oportuno trazer o agro para a conversa. Porque, no fim do dia, tudo começa no agro. O Paraná é muito bem organizado nessa verticalização campo, cidade, comércio. Nós estamos muito conectados a isso, mas pouca gente tem conhecimento sobre esse ecossistema por trás das gôndolas”, resumiu o diretor da rede, que foi a primeira a contar com sistema de autocaixas, implantado em 2012, e com a primeira loja autônoma do país, a Mgo, inaugurada em 2022. 

No total, o GazzSummit reuniu mais de 30 speakers que apresentaram mais de dez horas de conteúdo especializado sobre os setores de agronegócio e foodtechs durante os dois dias do evento. 

“A gente resume em dois dias mais de nove meses de preparação e muita dedicação para a realização do GazzSummit. Tivemos o prazer de receber mais de 500 pessoas, mas penso que o principal balanço é a chancela de que nós somos o catalisador de toda essa informação e um agente de conexão no ecossistema de inovação”, avaliou Millena Prado, head do GazzConecta. 

“O evento simboliza o dever cumprido, mas é, principalmente, uma faísca para a próxima edição”, complementou. A terceira edição do GazzSummit está prevista para agosto de 2025.