Combustível mais barato?
Startup promete baratear despesas de grandes frotas com um app
De dentro da cadeia logística trabalhando com a gestão de frotas para grandes empresas do varejo e indústria, Ricardo Lerner percebeu que grande parte dos problemas de gestão e relacionamento com transportadoras está na inconsistência de custos — em especial, os relacionados aos combustíveis. Decidido a solucionar uma das principais dores do setor, ele fundou em 2020 a Gasola, plataforma que conecta transportadoras a postos de combustíveis de todo o país e automatiza transações via aplicativo barateando, assim, o valor pago nas bombas.
A proposta do Gasola é substituir de vez o cartão de frota, recurso oferecido por empresas para suas transportadoras como método para pagamento dos abastecimentos, uma espécie de vale-refeição dos combustíveis. Na prática, o aplicativo funciona como um novo intermediário para o pagamento nas bombas. Para isso, um motorista informa o código fornecido pelo aplicativo ao frentista, que o valida e autoriza a criação de uma conta corrente, constituída de maneira imediata para a transação. Depois, o posto recebe, no próximo dia útil, o valor pago.
Na visão de Lerner, o processo ágil e tecnológico ajuda a cadeia como um todo. De um lado, facilita a rotina de motoristas em busca de maior eficiência e agilidade, já que podem concluir transações em questão de segundos na plataforma. De outro, é também uma maneira de aumentar os lucros dos postos de combustíveis, ao passo em que as taxas cobradas pelas operadoras de maquininhas deixam de existir. Em outra frente, a economia para as transportadoras pode chegar a R$ 0,22 centavos por litro de combustível, afirma Lerner.
Até o momento, a startup conta com 900 postos de combustíveis cadastrados e 205 transportadoras. “Não tem fidelidade e ou risco, e como o posto só tem a ganhar, é muito tranquilo conseguir mostrar que vale a pena se cadastrar no Gasola”, explica o empreendedor.
Lerner explica que a margem bruta obtida pelos postos a cada abastecimento gira em torno de 4 a 6%, enquanto as maquininhas costumam cobrar taxas de até 5%. Sendo assim, o sistema “abocanha” boa parte da margem dos estabelecimentos, deixando apenas 1% do lucro. “É um sistema que, inclusive, força postos a pressionarem margens mais altas para empresas que utilizam o cartão”, diz.
Diante da alta dos combustíveis, o modelo de negócio do Gasola cresceu. Em julho, a plataforma transacionou R$ 60 milhões. Nos primeiros seis meses deste ano, a startup cresceu 70% em comparação com o primeiro semestre do ano passado. “Nossa meta é chegar ao primeiro R$ 1 bilhão até final do ano”, completa.
Ainda que os preços dos combustíveis se estabilizem, a expectativa é que o negócio mantenha sua relevância, já que os custos com combustíveis continuarão concentrando um percentual considerável das despesas totais das transportadoras. “É um cenário que incentiva essas empresas a sempre estarem em busca de novas estratégias de economia e gestão. Aí que entra a Gasola no longo prazo”, diz Lerner.
Para o futuro, a proposta é estender as opções à disposição dos clientes e passar a oferecer mais serviços financeiros para os postos. Nessa frente, hoje, além da gestão pelo app e conta corrente digital, a startup também disponibiliza o serviços de antecipação de recebíveis — serviço que já transaciona em torno de R$ 5 milhões por mês.
“Quanto melhor a saúde financeira dos postos, melhor os descontos que podem oferecer às transportadoras e mais saudáveis serão as empresas. Vemos a chance de todo o ecossistema ser beneficiado”, diz.