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A Fisher propõe a formatação de startups do zero, considerando inclusive os especialistas de mercado que possam melhor compor o quadro societário da empresa.

Aceleradoras

Fisher: o venture building que mira a profissionalização de times e já fundou 6 startups

Maria Clara Dias, especial para o GazzConecta
23/01/2023 19:32
Para empreendedores de primeira viagem, encontrar o equilíbrio perfeito entre uma proposta de valor e a demanda do mercado por novas soluções não é tarefa fácil. Diante disso, tornou-se comum a crescente de iniciativas de fomento a empresas novatas, populares por apoiarem fundadores de startups e ajudá-los a encontrar o melhor caminho para crescer. Na lista estão aceleradoras, hubs, fundos de venture capital e desafios de inovação aberta.‌
A Fisher é uma dessas iniciativas. Fundada em 2017, a firma de Venture Building (VB) aposta em um modelo de criação conjunta de novos negócios no qual a composição da empresa antecede a ideia. Na prática, isso significa que antes mesmo de ir ao mercado, a Fisher propõe a formatação de startups do zero, considerando inclusive os especialistas de mercado que possam melhor compor o quadro societário da empresa.‌
A ideia é dos empreendedores Pietro Bonfiglioli, Carlos Gamboa, Marcelo Nascimento, Daniel Oelsner e Amanda Graciano, executivos com passagens pelo mercado de capitais e consultorias e com experiência no dia a dia legal de pequenas empresas. Juntos, os atuais sócios da Fisher trouxeram ao Brasil um modelo ainda pouco difundido por aqui, mas que já mostra seus primeiros resultados em mercados internacionais e que tem ganhado popularidade de 2016 para cá.‌

Como funciona o venture building

No caso do venture building da Fisher, a intenção é a de se tornar um cofundador serial de startups para que, no futuro, uma eventual saída possa acontecer. “O final do nosso ciclo sempre está no exit, seja ele com a diluição da nossa participação em rodadas mais avançadas de investimento, ou pela venda total da empresa”, explica Pietro Bonfiglioli, um dos cofundadores da Fisher.
Como pioneira neste mercado, a Fisher já tem seis startups em sua conta. Destas, uma está em estágio de captação Série A, uma em fase seed e outras três em pré-seed. Outra já foi vendida a uma grande empresa: trata-se da Atta, startup de crédito imobiliário adquirida pelo QuintoAndar em 2021. Uma nova empresa já está em fase de criação e deve ser anunciada ao mercado no primeiro semestre deste ano.‌
A aposta da Fisher é no potencial dos pequenos negócios de tecnologia em ganhar mercado a despeito de todas as turbulências típicas de empresas de primeira viagem, a começar pela discordância entre os fundadores. Com pouca ou nenhuma experiência na gestão de negócios próprios, os fundadores têm dificuldade em definir o time perfeito e, com isso, têm dificuldade em tirar ideias do papel e posteriormente, captar recursos para elas.‌
Com o venture building, essas fricções podem diminuir, já que a tese de fundação e todo o escopo da startup é definida com base não apenas em oportunidades de mercado, mas no conhecimento dos profissionais por trás da empresa. Diante disso, o foco inicial da Fisher — uma empresa com especialistas no mercado de capitais — foi nas fintechs. Agora, o escopo também está nas startups de recursos humanos, economia circular e até mesmo plataformas de dados. “Somos agnósticos em relação aos setores, mas estamos focados em resolver problemas grandes e relevantes”, diz Bonfiglioli.‌
Por trás da decisão está também a avaliação da possibilidade de solucionar tal problema com tecnologia. “Nos apaixonamos por um problema a resolver, mas precisamos garantir que teremos como solucionar isso com tecnologia e se há espaço no mercado ou se já está saturado”, completa. A Fisher atua na área legal, comercial e auxilia em questões de divisão de equity, por exemplo.

Para onde vai o modelo

Pelo mundo, o modelo de VB também ganha espaço pela criação de corporate venture buildings, no qual grandes empresas criam novos negócios da porta para dentro. É o caso de empresas como Tickets.com, Yelp, Tumblr e, aqui no Brasil, do Zé Delivery, criado pela Ambev.
Segundo estudo da rede de startups studio Global Startup Studio Network (GSSN), 60% das startups fundadas dentro de VBs chegam ao Series A. A título de comparação, no Brasil, apenas 1,5% das empresas chegam nesse estágio.
Para Bonfiglioli, a quantidade de exemplos de sucesso em venture building fora do Brasil inspira a Fisher a crer que há ainda mais espaço para a expansão desse modelo por aqui. O modelo, segundo ele, vem para complementar a construção de negócios.
“Nesse cenário, de menor recurso para investimento, a eficiência e expertise em lidar com o dinheiro diminui riscos, por isso defendemos o uso de capital de forma consciente pelo maior número possível de empreendedores”, afirma. “O venture building não substitui aceleradoras, empreendedores solos ou venture capital, mas vem para fortalecer todo o ecossistema”.