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Os sócios e fundadores da PagBrasil, Ralf Germer e Alex Hoffmann. Crédito: PagBrasil/Divulgação.

Pioneira em pagamentos transfronteiriços

Do boleto de 1 hora ao Pix para gringos: como fintech gaúcha PagBrasil tem reinventado a indústria de pagamentos com inovação e capital próprio

Maria Clara Dias
Maria Clara Dias
09/08/2024 18:17
Há 13 anos no mercado, a PagBrasil é um dos poucos exemplos bem acabados de empresas capazes de superar intempéries econômicas e alimentar um roadmap de inovação contínua, mantendo um caráter “bootstrapped”, ou autofinanciado.
Na prática, isso significa que a companhia fundada em Porto Alegre (RS) pelos empreendedores Ralf Germer e Alex Hoffmann mantém suas operações sem qualquer investimento ou financiamento de terceiros, com capital próprio desde a fundação.
“Somos uma empresa que não coloca o lucro ou resultados financeiros em primeiro lugar. No lugar, estão nosso time, cultura e valores. Em segundo lugar está o produto e, em terceiro, a parte financeira — que é apenas um resultado disso tudo”, afirma Germer, cofundador da PagBrasil, em entrevista ao GazzConecta.‌
A filosofia tem dado certo: segundo o fundador, a PagBrasil é rentável desde o início, e tem fechado no azul, a cada trimestre, desde 2011. A lógica também tem permitido à PagBrasil a injeção contínua de recursos em inovações tecnológicas na indústria de pagamentos.
A fintech foi a primeira no país a lançar o “Boleto Flash”, com compensação de pagamentos em cerca de uma hora — quando a média do mercado, até hoje, é de três dias úteis. Em 2023, a empresa também lançou o Pix Internacional para pagamentos feitos via Pix por brasileiros que visitam países como Uruguai, Argentina e Chile. Em julho, anunciou também a expansão para a Europa, em países como Holanda, Portugal e Espanha.
Mais recentemente, também anunciou o lançamento do Pix Roaming, sistema que permite o processamento de pagamentos para estrangeiros que se encontram no país, utilizando o sistema de pagamentos instantâneos do Brasil dentro de seus próprios aplicativos bancários.‌
A nova aposta, que ganhou o apelido de “Pix para gringos” pela companhia, elimina a necessidade de lidar com operações de câmbio e já tem sua primeira parceria anunciada, no Peru. Outros países devem ser anunciados em breve, afirmam os fundadores. Segundo a empresa, o Pix Roaming deve faturar algo em torno de R$ 1 bilhão em 2025 - e R$ 2 bilhões em 2026.

Como surgiu o negócio

A empresa foi fundada em 2010 a partir da união dos empreendedores Ralf Germer e Alex Hoffmann. Germer, um executivo à frente de uma empresa de software na Europa, estava particularmente interessado em desenvolver um processador de pagamentos com operabilidade no mercado brasileiro. A empresa de Hoffmann, uma loja online, era um benchmarking. “Quando conversamos, fiquei impressionado com a organização da empresa e sua eficiência, além do entusiasmo com que ele falava da própria empresa”, lembra Germer.
Da ideia de criar uma empresa capaz de processar pagamentos em território nacional para companhias estrangeiras - e de um investimento de R$ 5 milhões dos dois sócios - surgiu a PagBrasil, que teve seus primeiros clientes e pagamentos processados em 2011.

Entre fronteiras

Desde então, a fintech especializada em processamento de pagamentos assumiu o papel de pioneirismo em pagamentos transfronteiriços, o que importantes players do setor fariam anos depois.
Ao contrário das competidoras, porém, a PagBrasil se concentra apenas em pagamentos nacionais, feitos em moeda local. “Atendemos o mundo todo, mas todos os pagamento que processamos são em reais. Então sempre há um brasileiro envolvido, seja comprando ou vendendo”, diz Germer.
Segundo o CEO, o propósito da PagBrasil sempre foi o de alavancar o sistema de pagamentos brasileiro, trazendo flexibilidade e inovação. Por essa razão, após anos mantendo o pioneirismo com o boleto de compensação ágil, o desafio esteve em trazer a mesma inovação ao substituto Pix, lançado em 2020.
“Sabíamos que o Pix poderia aposentar o boleto. E não tínhamos aqui o diferencial da agilidade que criamos com o Boleto Flash. Mas investimos em melhorias do sistema e posso afirmar com orgulho que nosso Pix, hoje, é o melhor do mercado”, diz.
Anos depois, o compromisso também passou a incluir o olhar para o e-commerce brasileiro. Para isso, buscaram agregar valor aos lojistas do mundo todo que vendem para o mercado brasileiro.
O Pix Internacional é um exemplo disso ao garantir que moedas não passem por desvalorização cambial - e o lojista receba o valor exato de um produto. Além disso, a fintech também já oferece uma plataforma própria, batizada de PagStream, para criação e gestão de negócios por assinatura, o que permite certa previsibilidade de receita recorrente aos lojistas.

De olho no futuro do Pix

Do mesmo modo que a transformação digital da indústria e o surgimento de novas tecnologias para pagamentos instantâneos e transfronteiriços inspiraram o portfólio de serviços da PagBrasil nos últimos anos, a própria agenda de inovação do Pix deve pautar a atuação da fintech daqui para frente.
Segundo Germer, a adoção crescente dos pagamentos digitais e a despopularização dos cartões servem de alerta para a empresa. “O que nós vemos é que todos os tipos de cartões cresceram apenas 10% no ano passado, enquanto o Pix cresceu 60%. Então, provavelmente, os cartões não vão crescer mais - ou muito pouco. Nossa avaliação é que temos de olhar para a inovação”, diz.
A agenda de inovação do próprio Pix é um norte para a empresa, afirma o fundador, já que na esteira de lançamentos do Banco Central são esperadas novidades como o Pix por aproximação e o Pix automático, por exemplo.
“Em nenhum lugar do mundo vemos lojistas fazendo 'propaganda' de um meio de pagamento específico. Mas, no Brasil, há o incentivo para o pagamento com Pix, por ser melhor e mais econômico”, diz Germer. “Por fazer sentido para lojistas e pela própria agenda de inovação do próprio Pix, esse será nosso foco no curto prazo”.
De acordo com Alex Hoffmann, cofundador da PagBrasil, o futuro da empresa também estará baseado nos esforços em diminuir etapas e fricções em pagamentos de todo tipo. “Nosso trabalho é ajudar os pagamentos a serem 'invisíveis’. Medimos isso ao eliminar cada mini ou pequena etapa que tiramos do caminho. É nisso que estamos focados em nossa visão de futuro”, afirma.

E vem aí o GazzSummit Agrotechs

O GazzSummit Agrotechs é uma iniciativa pioneira do GazzConecta para debater o cenário de inovação em um dos setores mais relevantes do país. O evento será realizado no dia 15 de agosto com o propósito de conectar e promover conhecimento para geração de novos negócios, discussão de problemas e desafios, além de propor soluções para o setor.
O GazzSummit promove a disseminação de tecnologias e práticas de inovação que possam levar a cadeia produtiva ainda mais longe. Uma programação intensa de 10 horas de conteúdo, e mais de 25 palestrantes, espera os participantes que poderão interagir com players importantes do ecossistema como grandes empresas, cooperativas, produtores, entidades públicas, startups e inovadores. Garanta já a sua vaga.