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Carlos Eduardo Chaves, sócio da Hilab, ao lado dos fundadores da biotech, Marcus Figueredo e Sergio Rogal.

Tecnologia aplicada à saúde

Conheça a Hilab, a biotech que democratiza os exames laboratoriais no Brasil

Fernando Henrique de Oliveira, especial para o GazzConecta
26/07/2023 14:53
Quando a Positivo Tecnologia entregou seu primeiro cheque para a Hilab, a biotech curitibana pretendia ser apenas uma fabricante de equipamentos para exames laboratoriais. “Foi como nós nos vendemos para eles”, conta Marcus Figueredo, CEO e sócio-fundador da empresa que nasceu em 2016 com o propósito de democratizar os serviços de saúde no Brasil.
No entanto, depois de analisarem o mercado e criarem a tecnologia por trás de cada equipamento, Marcus e seu sócio, Sergio Rogal, perceberam que, para que o negócio desse certo e atendesse ao propósito que desejavam, a própria Hilab precisava se tornar um laboratório descentralizado de análises clínicas.
Isso porque a ideia da empresa era criar equipamentos portáteis que pudessem facilmente realizar exames de sangue em laboratórios. No entanto, se o propósito era democratizar o serviço de saúde, esses equipamentos precisavam estar em mais lugares, dentro de hospitais, postos de saúde, clínicas médicas e assim por diante. E uma vez que os exames fossem realizados, era preciso que um time pudesse gerar os laudos desses exames.
Hoje, a Hilab é uma empresa que tornou o acesso a exames laboratoriais mais acessível a milhões de brasileiros utilizando, para isso, uma tecnologia de ponta, capaz de analisar as amostras de sangue coletado, processar os dados e interpretá-los por meio de uma linguagem de inteligência artificial desenvolvida pela própria Hilab. Os dados são disponibilizados em nuvem para o laboratório central da empresa, onde uma equipe multidisciplinar gera os laudos que serão enviados à equipe de saúde responsável pelo paciente.
Com cinco equipamentos, a Hilab é capaz de realizar até 30 exames de sangue, que correspondem a 85% do volume total de exames realizados no mundo, de forma descentralizada, com os dados enviados pela internet. Dois dos equipamentos utilizados foram lançados nesta semana no Annual Scientific Meeting & Clinical Lab Expo, maior evento de medicina laboratorial do mundo, que é realizado em Anaheim, na Califórnia (EUA).
Marcus Figueredo, CEO e sócio-fundador da Hilab, e o Flow, um dos cinco equipamentos de exames de sangue da empresa. Crédito: Divulgação.
Marcus Figueredo, CEO e sócio-fundador da Hilab, e o Flow, um dos cinco equipamentos de exames de sangue da empresa. Crédito: Divulgação.
“Nossa missão é dar acesso para as pessoas à saúde. Por isso, nossa energia está focada nesses 30 exames. Cada equipamento utiliza uma metodologia bioquímica diferente para que cada tipo de exame possa ser realizado, por isso temos mais de um equipamento para realizar todos esses exames”, explica Figueredo.

Laboratório descentralizado

Para ter uma dimensão do impacto da Hilab no mercado de exames clínicos no Brasil, é preciso entender a dinâmica deste mercado, centralizado em grandes laboratórios. Normalmente, um exame de sangue simples exige a coleta de sangue venoso em postos de atendimento laboratoriais e o transporte das amostras até um laboratório central, onde são processadas e analisadas até a geração do laudo encaminhado para o paciente. Este processo pode levar horas ou dias, tendo em conta que nem todo centro urbano dispõe de um laboratório central.
No caso da Hilab, esse resultado pode chegar em 30 minutos, uma vez que o sangue coletado é processado nos seus equipamentos e os dados são enviados automaticamente pela internet até o laboratório central da empresa. E com uma vantagem, o exame é realizado com apenas algumas gotas de sangue, coletado de forma capilar, isto é, com apenas um furinho no dedo.
As gotas de sangue são colocadas em cápsulas que contém os reagentes determinados para cada tipo de exame e são introduzidas no equipamento que, por meio de um sensor, faz a análise das reações químicas resultantes do contato do sangue com o reagente. Os dados gerados são processados por um hardware instalado no equipamento e a compilação deles é feita pela inteligência artificial. Os dados, depois, são transmitidos via internet. Toda a tecnologia, incluindo os reagentes, são produzidos e fabricados pela Hilab, inclusive o desenvolvimento da linguagem de inteligência artificial utilizada no processo.
Primeiro equipamento da Hilab, o Lens, com o detalhe da cápsula que leva a amostra de sangue para o exame. Crédito; Divulgação.
Primeiro equipamento da Hilab, o Lens, com o detalhe da cápsula que leva a amostra de sangue para o exame. Crédito; Divulgação.
Enquanto um grande laboratório faz mais de mil exames por hora, os equipamentos da Hilab são capazes de fazer apenas um exame por vez. Porém, como os intermediários do processo são eliminados, principalmente a logística, o resultado é mais rápido e igualmente preciso. Isso facilita que a empresa possa atender regiões que não dispõem de laboratórios para os principais exames de sangue. Um exemplo foi uma ação recente da Hilab no Parque Indígena do Xingu, no norte do estado do Mato Grosso.
“Mas não adianta entregar o resultado muito mais rápido se o paciente estiver longe do profissional de saúde. O resultado do exame, por si só, não faz nada, ele precisa ser interpretado por um médico para que este resultado possa gerar um diagnóstico. É por isso que nossos equipamentos estão em instituições de saúde e não na casa das pessoas”, revela Figueredo.
Para ele, a ideia da Hilab é dar acesso ao serviço, não substituir o laboratório tradicional. “Na verdade, é complementar algo que já existe e aumentar o acesso a esse serviço. O laboratório faz um trabalho super importante de saúde e o que a gente busca é ampliar esse trabalho, melhorar a experiência do paciente”, diz.

Tecnologia para a vida

Neste ano, a Hilab foi eleita uma das 20 empresas mais inovadoras do Brasil segundo o estudo Innovative Workplaces 2023, produzido pela MIT Technology Review Brasil, plataforma de conteúdo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a maior publicação do segmento do mundo. Parte deste reconhecimento se deve às inovações realizadas pela empresa com o intuito de democratizar os exames de sangue no país.
Mais do que uma healthtech, que seria uma empresa que disponibiliza tecnologia para o trabalho em saúde, Figueredo prefere classificar a Hilab como uma biotech, um conceito que tem se popularizado no exterior e no qual melhor se enquadra a empresa segundo ele, uma vez que, para além da tecnologia, um serviço complexo é ofertado para o cliente final, ou seja, o paciente.
“Somos uma empresa de tecnologia para a vida. Vendemos nossa biotecnologia em um modelo B2B2C, no qual os equipamentos são apenas um meio para a realização deste fim”, explica.
“Uma coisa que tem acontecido - e na qual estamos apostando muito - é transformar o sistema de saúde. Quanto mais rápido você faz o sistema de saúde ser, no sentido de fazer a informação trafegar rapidamente neste sistema, você gera mais economia de dinheiro. E economia de dinheiro traz mais mais recursos para você atender mais pessoas e, assim, você democratiza este serviço”, pondera Figueredo.
Atualmente, a Hilab já realizou mais de 6 milhões de exames em mais de 1,5 mil cidades do Brasil. São mais de 5 mil clientes que utilizam a tecnologia no país. Para reforçar a expansão comercial, a empresa trouxe Marcelo Mearim, ex-Dasa, maior laboratório do país e quinto maior do mundo. Outro reforço importante foi a contratação dos médicos Gustavo Campana e Carlos Ballarati para o seu conselho consultivo em saúde.
A Positivo Tecnologia é a principal investidora da empresa. Ela esteve presente nas quatro rodadas de aportes recebidos nesses sete anos da Hilab. A última rodada também contou com grandes fundos nacionais e internacionais. Os valores dos aportes não foram divulgados.

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