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O painel “Tecnologias e Inovação em Redução de Riscos de Desastres (RRD)” abriu as reflexões práticas e estratégicas do VI Congresso da Sociedade de Análise de Risco Latino-Americana (SRA-LA 2025) na terça-feira (20) em Curitiba. Crédito: Marya Marcondes.

SRA-LA 2025

Em Curitiba, congresso reúne cientistas latino-americanos para debater soluções tecnológicas para a crise climática

Marya Marcondes
Marya Marcondes
23/05/2025 17:55
Enchentes, secas, tempestades severas e outros eventos climáticos extremos lideram a lista dos maiores riscos globais para a próxima década, segundo o Relatório de Riscos Globais 2024 do Fórum Econômico Mundial. Diante desse cenário, cresce a urgência por soluções tecnológicas que ajudem a antecipar crises, proteger vidas e planejar ações preventivas. E, dentre essas soluções, a inteligência artificial ganha protagonismo.
Foi com esse plano de fundo que o painel "Tecnologias e Inovação em Redução de Riscos de Desastres (RRD)" abriu espaço para reflexões práticas e estratégicas durante o VI Congresso da Sociedade de Análise de Risco Latino-Americana (SRA-LA 2025), realizado em Curitiba, no Centro de Eventos da FIEP. O evento é considerado uma das principais referências na discussão sobre resiliência climática e gestão integrada de riscos no continente. A mesa-redonda, realizada na última terça-feira (20), reuniu especialistas de diferentes áreas para discutir como ciência, tecnologia e inovação podem contribuir para a construção de sociedades mais resilientes.
Mediado pela Ph.D. Danyelle Stringari, do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas Sobre Desastres (CEPED/PR), o encontro tratou de temas como a integração de dados meteorológicos, uso ético da IA, educação ambiental e políticas públicas de prevenção. As falas reforçaram a importância de desenvolver soluções tecnológicas com responsabilidade e visão integrada, especialmente em tempos de aumento das vulnerabilidades sociais e climáticas.
Entre os painelistas, o meteorologista Marco Antonio Jusevicius, do Simepar, trouxe experiências práticas sobre monitoramento atmosférico e sistemas de alerta, destacando como modelos baseados em inteligência artificial podem prever tempestades severas e antecipar respostas. “A resposta dada pela IA é muito útil, mas depende da qualidade dos dados inseridos”, comentou. Com isso, ele também destacou que essas inovações aumentam a demanda por pessoal altamente especializado. 
Já o professor argentino Nahuel Filippini, da Universidad Nacional de San Antonio de Areco (UNSAdA) de Buenos Aires, Argentina, defendeu a aproximação entre ciência e comunidade, com ênfase em processos pedagógicos que promovam o engajamento ambiental desde cedo. “Um alerta salva vidas, mas uma organização estratégica protege antes mesmo dos desastres acontecerem”, ressaltou. 
Representando a UNESCO, o especialista Ph.D. Carlos Augusto Uribe trouxe um olhar internacional sobre a formulação de políticas públicas voltadas à resiliência climática e à colaboração entre governos, setor privado e academia. Segundo o especialista, a IA pode ser grande aliada dessas abordagens, no entanto, necessita de um uso ético e ecológico para não ser um agente ainda mais danoso para as mudanças climáticas devido ao uso de recursos naturais energéticos. Ele também compartilhou o protocolo da própria UNESCO sobre esse uso.  
A tecnologia foi abordada não como fim, mas como meio para fortalecer capacidades humanas, antecipar desastres e mitigar impactos. A inteligência artificial, por exemplo, pode identificar padrões em grandes volumes de dados meteorológicos e sociais, mas sua aplicação requer protocolos bem definidos para que não crie novas desigualdades nem reforce sistemas frágeis.
O Congresso SRA-LA 2025 termina nesta sexta-feira (23). Nos quatro dias do evento, nove eixos temáticos são explorados, entre eles governança, saúde, comunicação de riscos e educação. O evento é considerado um marco para a agenda de RRD no Brasil e na América Latina, reunindo especialistas de diversos países para compartilhar experiências, debater práticas bem-sucedidas e pensar soluções conjuntas para os desafios climáticos e tecnológicos da atualidade.