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Paulo Batista, fundador e CEO da Alicerce. Crédito: Divulgação.

Edtechs

Com R$ 40 milhões para investir, edtech Alicerce escolhe Curitiba como epicentro e quer impactar 10 mil crianças e jovens

Maria Clara Dias
Maria Clara Dias
29/12/2023 15:15
Quando fundou a Alicerce, startup social voltada à área de educação, o empresário Paulo Batista levou em conta seu primeiro ofício, como professor, ainda na juventude. O tempo em sala de aula despertou nele o desejo de criar um negócio capaz de suprir carências do modelo educacional de base do país - e, de quebra, adotar tecnologia.
Dessa motivação nasceu, em 2019, a edtech Alicerce. A proposta da empresa é a de melhorar os nada satisfatórios índices de educação no Brasil, a começar pelas disciplinas mais elementares da grade curricular de crianças e jovens: português e matemática.
A startup começou como no modelo B2C, oferecendo reforço escolar no contraturno para crianças e jovens de 6 a 18 anos das classes C, D e E. As aulas eram pagas pelas próprias famílias, algo parecido com o modelo adotado por escolas de idiomas e cursos complementares.
O diferencial, porém, estava na inclinação social do negócio. Para além de auxiliar no desempenho escolar, a Alicerce servia de alternativa a pais e mães que não tinham onde deixar as crianças enquanto trabalham. Tudo isso a um preço mais acessível — as mensalidades custam em torno de R$ 200.
“O apagão da base educacional no Brasil é, sem dúvida, a nossa maior dor social atualmente. O que também gera muito valor e oportunidades e valor para muitos stakeholders”, explica Batista, fundador e CEO da Alicerce.
Por trás da proposta está uma metodologia de ensino própria, que considera o nível de aprendizado de cada aluno de forma individual. Tudo começa com um diagnóstico inicial para entender em qual ponto de aprendizagem o aluno se encontra, o que auxilia na criação de um plano de aprendizagem individual.
Basicamente, o que fazemos é ensinar no nível certo de cada um, dentro de sua capacidade de aprendizagem pessoal”, diz. “Em dois meses, conseguimos recuperar os conteúdos de um ano escolar inteiro.
A ideia tem inspiração internacional: por trás da metodologia da Alicerce está um histórico de viagens para diferentes países referência em educação, como China, Estados Unidos e Finlândia por um comitê técnico da própria edtech. “Nossa metodologia foi criada por um comitê técnico muito qualificado, e é algo muito assertivo". Além das disciplinas tradicionais, a grade curricular da Alicerce também aposta em aulas voltadas a habilidades socioemocionais.

Reviravolta

A pandemia deu um chacoalhão no negócio. Com o fechamento forçado das 49 unidades físicas, a Alicerce voltou seus esforços para a criação de um modelo B2B, voltado a empresas que desejavam oferecer o reforço escolar como um benefício para filhos de colaboradores, ou ainda, criar treinamentos e qualificação, corrigindo a defasagem em português e matemática ou até mesmo criando trilhas de capacitação em temas como diversidade e inclusão para os times. Alguns dos principais clientes da Alicerce nesta frente são a MRV, Itaú, Suzano, CSN, Nubank e Petlove. A empresa também conta com um projeto junto da Vale para o nivelamento de base educacional de mulheres engenheiras.

Curitiba na mira

Mesmo diversificando suas frentes de receita, Batista sempre quis manter a fundação da Alicerce em seu real propósito: o reforço no contraturno, de maneira presencial e contínua. O arrefecimento da pandemia tem cooperado para a retomada desse desejo.
Sem muitos alardes, a empresa retomou o modelo B2C em 2022, com a abertura de quatro tímidas unidades na cidade de Curitiba. Um ano depois, retomou isso com mais avidez: foram 44 unidades abertas em apenas dois meses na cidade.
Para ele, a escolha da cidade se justifica pela extensão, além de ser a amostra ideal do potencial de desenvolvimento de negócios na região Sul e Sudeste, principais mercados econômicos do país. “Tudo que dá certo em Curitiba tende a dar certo fora dali”, diz.
Além disso, a cidade, segundo ele, é do tamanho ideal, pois permite uma testagem em um número maior de bairros. “É importante para nós conseguir colocar uma unidade da Alicerce em todos os bairros B e C de uma cidade, então seria inviável começarmos por São Paulo ou Rio de Janeiro”, afirma.
Os esforços para intensificar a operação B2B já renderam a Alicerce alguns milhões de reais em investimento. Há dois meses, a startup captou R$ 40 milhões em uma rodada pré série B liderada pela firma de private equity Rise, dedicada a negócios de impacto social. O valor tem financiado a iniciativa em Curitiba.
“Já temos 360 alunos em apenas dois meses. Tem sido um grande sucesso”, diz. Para o ano que vem, Batista afirma que a Alicerce já tem outras três cidades na mira, mas deve continuar mirando Curitiba e região metropolitana, com a meta de impactar, ao menos, 10 mil alunos.
Segundo Batista, hoje o mercado de educação soma mais de 200 bilhões de reais em oportunidades. Contudo, as soluções criadas (especialmente por startups do nicho) estão limitadas ao público de alta renda ou à criação de produtos tecnológicos específicos.
No mercado de edtechs, vemos muitos provedores que desenvolvem tecnologias e ferramentas que atuam nos bastidores da educação, e por isso se limitam a ser instrumentos que facilitam o dia a dia de instituições”, diz. “Desconheço outros players que, como nós, foquem 100% no usuário final, levando educação de qualidade até a ponta, que são os alunos.
Ao mirar em um dos principais problemas sociais do país e concentrar os esforços na capital paranaense, a Alicerce espera capturar um momento único do mercado de educação. Em 2023, a empresa cresceu cerca de 63% e, em 2024, projeta crescer mais 130%. “Vamos crescer a taxas aceleradas até abrir o capital em 2027, e ser a primeira empresa de impacto na bolsa brasileira. Vamos chegar lá”, afirma.

E vem aí o GazzSummit

O GazzSummit Agro e Foodtechs é uma iniciativa pioneira do GazzConecta para debater o cenário de inovação em dois setores de grande relevância para o país. O evento será realizado nos dias 8 e 9 de maio de 2024 com o propósito de conectar e promover conhecimento para geração de novos negócios, discussão de problemas e desafios, além de propor soluções para o setor.
O GazzSummit promove a disseminação de tecnologias e práticas de inovação que possam levar a cadeira produtiva ainda mais longe. Uma super estrutura espera os participantes, que poderão conferir mais de 30 palestrantes e mais de 300 empresas. O evento vai reunir players importantes do ecossistema como grandes empresas, cooperativas, produtores, entidades públicas, startups e inovadores. Garanta já a sua inscrição no site.

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