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Mauricio Montilla, CEO da Arlequim; Haroldo Jacobovicz, fundador e presidente do conselho de administração; e Noeli Isfer, fundadora e vice-presidente do conselho de administração. Crédito: Alexandre Carnieri.

Desktop as a Service

Arlequim: startup curitibana de "supercomputadores" anuncia entrada no varejo

Maria Clara Dias
Maria Clara Dias
18/03/2024 17:39
Um sistema capaz de transformar qualquer máquina em um supercomputador dotado de inteligência, agilidade e capacidade de armazenamento e processamento bem acima da média. A descrição parece ter saído de um enredo de ficção científica, mas é justamente a proposta da Arlequim Technologies, startup curitibana que desenvolveu uma plataforma de computadores virtuais para o setor público e privado e que vai anunciar sua entrada no varejo.
Num modelo batizado de Desktop as a Service (DaaS), a Arlequim promete transformar diferentes dispositivos — de celulares a tablets e desktops — em máquinas potentes, ágeis e com acesso remoto, ou seja, totalmente na nuvem. Para tornar isso tudo possível, a startup desenvolveu, em meados de 2020, uma plataforma digital por assinatura, na qual empresas podem acessar um computador virtual hospedado na nuvem a partir de seus próprios aparelhos, ainda que ultrapassados.
A ideia é oferecer uma estrutura robusta e o acesso remoto a um supercomputador à distância — uma necessidade que foi percebida pelos fundadores ainda na pandemia de Covid-19, quando companhias esbarraram em entraves de estrutura e segurança em sua infraestrutura de TI.
“Muitas empresas estavam tendo dificuldade para fazer a transição dos seus times para o trabalho remoto. Faltavam recursos para que essas empresas trabalhassem de forma apropriada”, explica Maurício Montilla, CEO da Arlequim. “O uso de computadores pessoais e a necessidade de levar equipamentos para casa eram custos adicionais e riscos para a produtividade e segurança de dados, por exemplo”. O projeto inicial da Arlequim, um spin-off da empresa de telecomunicação Horizons Telecom, nasceu um ano depois.
Com o acesso remoto aos computadores da Arlequim, qualquer aparelho pode desempenhar funções antes restritas a computadores mais robustos, explica Montilla. “É algo como fornecer um computador virtual gerenciado remotamente. Isso se encaixa muito bem à realidade de empresas e órgãos públicos que precisam ter uma infraestrutura robusta, mas não podem investir em novos equipamentos”, diz.
Para ter acesso aos supercomputadores da Arlequim, basta ter um dispositivo eletrônico com acesso à internet, um login e senha. De acordo com Montilla, há uma economia relevante para empresas que utilizam Arlequim, além da possibilidade de escolher diferentes configurações, a depender da necessidade de cada time. “Uma empresa pode determinar diferentes tipos de “Arlequins”, com diferentes configurações de software e processamento, que variam com a necessidade de cada setor ou profissional”, afirma.
Além de empresas privadas que desejam refinar sua infraestrutura de software ao mesmo tempo em que reduzem custos, as soluções também são direcionadas ao setor público — especialmente na educação. Um exemplo está em governos estaduais que podem decidir oferecer os computadores virtuais da Arlequim ao invés de renovar o inventário de tablets e outros aparelhos. “Uma escola pode transformar um tablet em um computador Windows, e não se trata apenas de trocar ou não de computador, mas sim de ampliar o escopo de acesso e utilização para dispositivos que já existem, tornando-os atuais e condizentes com as novas ferramentas de educação”, diz. “Nesse mercado de educação, a aceitação de nosso produto é realmente muito grande”, conclui
Atualmente, a startup possui contrato com a prefeitura de Osasco, na grande São Paulo, para oferecer os computadores virtuais aos alunos e professores do 5º ao 8º ano do Ensino Fundamental. A Arlequim também atende as cidades de Curitiba e Florianópolis com suas soluções, dando suporte a secretarias municipais.

De olho nos gamers

Há dois anos no mercado, a Arlequim agora pretende ir além do setor público e privado, atendendo também o varejo, com soluções voltadas às pessoas físicas. A ocasião escolhida para o anúncio da entrada no novo segmento foi o Smart City Expo Curitiba, feira de cidades inteligentes e tecnologia que acontece na capital paranaense entre os dias 20 e 22 de março.
Desde 2023, a Arlequim vinha estudando a possibilidade de atender também pessoas físicas. Com isso, a incursão no varejo vem acompanhada de uma ambição para atender uma demanda crescente do mercado: a de gamers casuais. “Tentamos encontrar quem era de fato o consumidor do nosso produto, e entendemos que nosso provável novo consumidor é o gamer ocasional, não os profissionais”, afirma.
De acordo com a pesquisa Game Brasil, 74% da população brasileira tem contato com jogos digitais, e 66% dos gamers jogam eventualmente por meio de desktops e laptops. “Basta olhar para esses números para entender a quantidade de gente que joga, por prazer, mas sem ter um equipamento decente para isso”, diz. “O que queremos fazer para o público gamer é disponibilizar um computador virtual que entrega todas as funcionalidades necessárias, mas sem que os consumidores precisem despender um dinheiro exorbitante para isso, na compra de equipamentos”, explica o CEO.
No varejo, ao invés de cobrar uma mensalidade, a proposta da Arlequim será cobrar por demanda. Ou seja, como um pacote de dados, consumidores poderão escolher diferentes configurações de computador virtual de acordo com a sua necessidade pontual —  no caso dos gamers, a escolha de computador poderá seguir os requisitos necessários para cada tipo de jogo, seus gráficos, entre outros fatores.
O mesmo modelo de contratação sob demanda também deve ser estendido a outros públicos, como o de profissionais liberais que trabalham por demanda e projetos individuais que exigem programas atualizados, porém custosos. Alguns exemplos, segundo Montilla, são os arquitetos e engenheiros. Apesar de anunciar a entrada no varejo em março deste ano, a Arlequim ainda não passou a atender consumidores pessoa física, e pretende começar oficialmente no primeiro semestre do ano. “Ao longo de 2025, esperamos que o varejo represente em torno de 25% do negócio. Se chegarmos lá, seria incrível”, diz.

E vem aí o GazzSummit

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