Monopólio das buscas
Google pode ser forçado a vender o Chrome - e também o Android
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) apresentou na quarta-feira (20) uma série de propostas destinadas a limitar o domínio do Google no mercado de buscas online. De acordo com a Reuters, entre as medidas sugeridas estão a venda do navegador Chrome, o compartilhamento de dados de busca com concorrentes e, possivelmente, a venda do sistema operacional Android. As ações buscam corrigir o que foi classificado como monopólio ilegal, responsável por cerca de 90% das buscas online nos EUA, e fazem parte de um caso histórico que pode redesenhar o futuro do setor.
Ainda segundo a Reuters, as propostas incluem o fim de acordos bilionários entre o Google e fabricantes, como a Apple, que garantem a posição de destaque do mecanismo de busca em dispositivos móveis. Além disso, o Google seria obrigado a licenciar seus resultados de busca a preços simbólicos e compartilhar dados coletados de usuários com concorrentes, sem custo, para reduzir barreiras à entrada de novas empresas no mercado. A empresa também seria proibida de exigir que dispositivos Android incluam seus produtos de busca ou inteligência artificial como padrão.
O Google classificou as medidas como uma intervenção sem precedentes, alertando que elas poderiam prejudicar consumidores e enfraquecer a liderança tecnológica dos Estados Unidos. "Essa abordagem colocaria em risco pequenas empresas e a economia americana em um momento crítico", afirmou Kent Walker, diretor jurídico da Alphabet, controladora do Google, ouvido pela Reuters. A companhia ainda argumentou que forçar a venda do Chrome e do Android, plataformas baseadas em código aberto, prejudicaria empresas que dependem dessas tecnologias para seus próprios produtos.
Além das restrições no mercado de buscas, as propostas proíbem o Google de adquirir ou investir em concorrentes na área de inteligência artificial ou publicidade digital, além de impedir que colete dados de usuários que não possa compartilhar devido a preocupações com privacidade. Um comitê técnico independente, supervisionado pelo tribunal, seria responsável por monitorar o cumprimento das regras.
O julgamento das propostas está previsto para abril de 2024, mas mudanças na administração federal, incluindo o novo governo de Donald Trump, podem alterar o rumo do caso. Enquanto isso, o Google tem até dezembro para apresentar alternativas que possam ser aceitas pelo DOJ. O caso, que já teve impacto negativo no valor das ações da Alphabet, promete trazer grandes consequências para o mercado de tecnologia e para os usuários em todo o mundo.