Exago
Da teoria à prática: Alexandre Conte fala sobre como implementar a inovação no seu negócio
Conteúdo aspiracional e cases de sucesso em cursos e MBAs sobre gestão existem aos montes: ver uma aula sobre e-commerce cujo case de inovação é a Amazon, que tornou o CEO Jeff Bezos o homem mais rico do mundo, é relativamente comum. Mas e aquelas histórias de pessoas que bateram na trave ou de insucesso? Dessas, pouco se fala. E é aí que mora um erro clássico ao empreender, acredita o Head de Novos Negócios e Marketing da startup portuguesa Exago, Alexandre Conte, que também é um dos mentores do Ação Inovadora, projeto do Gazz Conecta em incentivo a inovação das empresas paranaenses.
Mestre em Estratégias de Marketing e Comportamento do Consumidor pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), professor em instituições como PUC-PR e FAE Business School, Conte atua há mais de 20 anos no mercado de marketing e internet. Era o "startupeiro" do fim da década de 1990, com o surgimento dos primeiros sites e do uso massivo da internet. "Desenhava layout de boletos e vendia site o que, naquele momento, muita gente considerava absurdo" relembra. Esses profissionais que enxergaram oportunidade na tecnologia e no potencial da internet lá atrás, acredita ele, foram os que permitiram que hoje se exista Google, Amazon, Netflix, entre outras bigtechs. "Foi algo que de alguma forma se idealizou lá atrás" fala.
Com vivência e atuação no mercado de marketing e internet há mais de 20 anos, ao longo dos quais teve passagem por escritórios de marketing e agências de comunicação, promoção e marketing digital, Conte -- hoje gerente de Marketing da Totvs Curitiba e à frente da Exago -- busca fomentar a inovação tornando-a mais simples: a startup oferece uma plataforma que permite organizar processos internos e a gestão da inovação na empresa.
Na mentoria do Ação Inovadora, Conte quer trazer uma carga de conteúdo para que os profissionais entendam de que forma a inovação funciona. "Um CEO que toca uma empresa há décadas de repente começa a ouvir falar sem parar em inovação mas não sabe como fazer na prática"diz.
Um exemplo pessoal de inovação na prática que ele cita é o de quando ele ajudou a trazer a Curitiba, em 2013, a Easy Táxi. Na época, Uber e outros apps ainda não era uma realidade no Brasil, e chamar um táxi por aplicativo era novidade. Para validar a startup no mercado, Conte percorria a cidade de táxi, oferecia ao serviço aos taxistas e realizava a conversão durante a corrida. "Convertemos muito rápido. Um projeto previsto para seis meses durou três".
Cases de insucesso
Conhecer experiências de quem errou no negócio, e como errou, é algo valioso quando a empresa está em um processo de busca por inovação, enfatiza Alexandre Conte. "É mais instrutivo do que o sucesso. Nem sempre precisamos fazer tudo do zero. Temos que ter a maturidade de olhar para o mercado, replicar e aperfeiçoar". Também é importante que o empreendedor saiba reconhecer o seu próprio perfil: mais arrojado ou tradicional. Isso vai dizer o quanto de risco e mudanças a pessoa, e o business, podem suportar.
Conte também alerta que o crescimento em escala (algo sempre atrelado ao sucesso) nem sempre são viáveis para todos os negócios. Ele exemplifica: uma padaria que é bem sucedida em um bairro não necessariamente será em outro, pelas diferenças de público, localização, etc. Toda a expansão é algo que precisa ser muito bem mapeado. "E aí o que acontece é que o empreendedor começa a usar o caixa do estabelecimento que dá certo para bancar o outro, e no final prejudica os dois. Precisa analisar com cuidado: será que é mesmo o momento de expandir e ser uma rede de panificadoras, ou posso manter o meu negócio como única loja com saúde financeira? Mesmo que não se ganhe em escala, às vezes, a segunda opção é melhor em alguns casos" salienta.