Diversidade: Vida, Vozes e Trabalho
Geração Z no trabalho: o desafio de ouvir (e aprender com) quem pensa diferente
O ingresso da Geração Z no mercado de trabalho tem provocado uma mudança silenciosa (e inevitável) nas relações dentro das empresas. No terceiro episódio do podcast “Diversidade: Vidas, Vozes e Trabalho”, Cláudia Malschitzky, diretora de diversidade da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-PR), conversa com Andrea Sorgenfrei, head da Pinó, sobre como esses jovens estão redefinindo o que significa trabalhar, pertencer e evoluir profissionalmente.
Antes de ocupar o cargo atual, Andrea – que é jornalista de formação – foi responsável pelo setor de trainees na Gazeta do Povo. Essa experiência, segundo ela, foi fundamental para se aproximar das novas gerações e entender sua forma de ver o mundo.
“A gente entendia que havia uma necessidade de conversar com nossos futuros colaboradores ainda na época de formação. Nós os trazíamos para nosso dia a dia para que entendessem um pouco do mundo real”, conta.
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Essa convivência precoce com jovens em formação permitiu a Andrea compreender um novo modo de enxergar o trabalho – mais questionador, conectado e voltado a propósito. Mas a aproximação entre gerações também trouxe choques inevitáveis. De um lado, os mais novos, que criticavam estruturas antigas e sugeriam mudanças. De outro, os profissionais veteranos, que viam nas críticas um sinal de imaturidade.
“É um desafio. Muitas vezes, você está acostumada com um jeito de pensar ou falar, e quando vem essa geração nova ela te provoca. A primeira reação é de resistência: ‘como assim, tá chegando, nem aprendeu as coisas e já quer mudar?’”, relata.
A resposta para esse impasse, acredita Andrea, está na escuta ativa e na disposição para aprender. Não se trata de abandonar valores antigos, mas de repensá-los à luz de novas perspectivas.
“Ter a conexão com o jovem faz com que você procure o novo. O caminho mais fácil é dizer ‘você não sabe’. Mas, se você tenta entender o que tem por trás de falas e comportamentos, você percebe um reflexo da nossa sociedade”, afirma.
Para Cláudia Malschitzky, compreender a Geração Z também exige olhar para o contexto que moldou seus valores. O comportamento imediato e a busca por crescimento rápido, segundo ela, têm raízes na experiência coletiva dessa geração.
“Essa geração viu os pais enfrentarem grandes desafios econômicos. Eles viram a luta pela estabilidade e entendem que seu futuro é próximo. Por isso, querem crescer muito rápido nas organizações”, explica.
Esse olhar mais atento às novas gerações também inspirou mudanças dentro da própria Pinó. Com a criação da Casa Bom Gourmet, no início de 2025, a empresa buscou um formato de trabalho que refletisse a essência desse novo tempo: flexibilidade com propósito, autonomia com conexão.
“Percebemos que o formato híbrido tem funcionado muito bem. É importante ter momentos de foco individual, mas também é essencial o contato, as conversas espontâneas e o sentimento de pertencimento que surgem quando estamos juntos”, explica Andrea.
Mais do que um ajuste de modelo, ela vê nessa dinâmica uma estratégia de cultura — essencial para engajar especialmente as novas gerações, que buscam propósito e laços genuínos no ambiente profissional.
Para Andrea, mais do que se adaptar às novas gerações, é preciso aprender com elas. Afinal, escutar o novo é uma das formas mais genuínas de continuar evoluindo.
Assista ao episódio completo no canal do YouTube do GazzConecta.



