Modelos de negócio
Eventos virtuais: quatro dicas para aumentar o engajamento online
Justamente por ter sido uma das áreas mais atingidas pela pandemia de Covid-19, o setor de eventos está protagonizando umas das maiores mudanças quando se trata de modelos de negócio. Um levantamento realizado pelo Sebrae, em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC) e União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe), mostrou que o novo coronavírus impactou 98% das empresas deste setor, um mercado que até então respondia por quase 5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A saída para a crise foi a digitalização e junto com ela, o desafio de entender como promover o engajamento do público, online.
Para Luiz Gustavo Borges, diretor-executivo da plataforma Congresse.me, especializada na promoção de eventos virtuais, o segredo está em entender que as transmissões digitais não podem oferecer a mesma experiência das presenciais, mas têm o potencial de reinventar os formatos e conteúdos que até então eram entregues aos participantes.
“O futuro é um modelo híbrido no qual os eventos online vão impulsionar os presenciais, atingindo um público maior que antes sequer teria a oportunidade de participar pessoalmente. Não é possível reproduzir digitalmente a experiência em networking ou a venda de stands para patrocinadores, por exemplo, mas no virtual você consegue não só agregar participantes de qualquer parte do mundo como também reunir palestrantes que antes não seria possível conectar”, explica.
Desde o começo do ano, a Congresse.me já reuniu mais de 600 mil pessoas em eventos online e pretende fechar o ano com mais de 1,5 milhão de convidados. “Antes, eventos que reuniam no máximo 500 pessoas hoje atingem 20 mil”, aponta o especialista. “Áreas como a medicina, o direito e a educação são os que mais tem transportado suas grades de conteúdo para o virtual”, garante.
Para conseguir adaptar os eventos para o modelo digital e engajar o público, Borges dá quatro dicas básicas tanto para quem pretende transmitir para um público nicho reduzido quanto para quem precisa reunir milhares de convidados.
Seus objetivos vão determinar a plataforma
Qual é a melhor plataforma para transmitir o vídeo e convidar o público? Essa é uma das dúvidas mais frequentes, já que existem opções ao vivo que vão desde as redes sociais, de forma gratuita mas com tempo limitado de transmissão, até versões pagas especializadas nisso.
Para Borges, o objetivo do evento é o item determinante para esta decisão. “Se você está começando e quer atingir um público menor, que já são seus seguidores e trata-se de uma transmissão mais curta, o mais popular é o Instagram ou Youtube”, sugere. “Já para eventos maiores e profissionais, o ideal é recorrer a uma plataforma, justamente porque as pessoas se cadastram e aí você gera um relacionamento pré e pós-evento e pode notificá-las, por exemplo, quando a transmissão está prestes a começar. Isso é fundamental para obter engajamento”, relata.
Invista em especialistas renomados
A maior vantagem de transmitir um evento é justamente poder contar com a presença de especialista de qualquer parte do mundo. Custos como deslocamento, hospedagens e também problemas de agenda são praticamente eliminados no formato digital, o que favorece a busca por palestrantes renomados e consequentemente o interesse do público.
“A grande sacada aqui é disseminar conhecimento de forma acessível. O engajamento acontece de forma natural quando você oferece um conteúdo e palestrantes que realmente têm relevância no mercado. A grade de conteúdo é a principal diferença de um evento profissional e um amador”, exemplifica o CEO da Congresse.me.
Estude formas de monetizar o evento
Para eventos online, que em sua maior parte têm sido ofertados de forma gratuita, é preciso encontrar formas de monetizar a oferta de conteúdo para além da cobrança de ingressos. Modelos que envolvem patrocínio, oferta de produtos e certificados são alguns exemplos e também influenciam diretamente no engajamento do público durante uma transmissão.
Outra dica dada por Borges é reduzir os valores cobrados para inscrições, com base na diminuição do custo operacional de um evento digital. “A maior dificuldade é equilibrar o preço desse ingresso. É preciso levar em conta nessa definição que no universo online você tem um custo para realizar o evento menor, consegue vender os ingressos para mais gente e há um impacto de branding maior, inclusive podendo gerar outros tipos de receitas”, exemplifica. De acordo com o especialista, atualmente os tickets para eventos online não costumam passar de R$ 250.
Fique atento ao tempo de cada palestra
Online, a concentração e dedicação a um conteúdo ficam reduzidas em comparação a um evento presencial. Por isso, é preciso prestar especial atenção ao formato e ao tempo que cada palestrante terá disponível para sua fala. Envolver o público abrindo caixas de perguntas e diálogos também é um bom método para manter o engajamento alto durante o evento.
“O ideal é que as falas durem no máximo de 30 a 40 minutos. Este é um período excelente para que uma mensagem seja passada sem que o palestrante seja prolixo e garantindo a máxima atenção do público”, opina Borges. “Este tempo também ajuda a atrair, porque eles precisam empregar menos esforço na construção do conteúdo, focando nos pontos mais importantes para serem passados ao público”, arremata.