Semana passada - e em várias outras semanas antes dessa - eu estava em cima de um palco falando para executivos e executivas sobre os impactos da Inteligência Artificial em seus negócios. As pessoas tiram fotos, fazem perguntas, me seguem. As empresas me pagam para mostrar aos seus funcionários o que pode ajudá-los a alcançar o próximo nível - ou tirá-los do jogo.
Eu só consegui chegar a este nível profissional porque aprendi a contar boas histórias. E esta é uma habilidade ainda subestimada no mundo dos negócios. Até mesmo o Papa do valuation, Aswath Damodaran, fala da importância das histórias e da narrativa: “Um valuation que não é respaldado por uma história é tanto sem alma quanto não confiável. Lembramos melhor de histórias do que de planilhas.”
Storytelling está em todos os lugares. Quando você está fazendo uma entrevista de emprego, a forma como você conta a sua história faz toda diferença. A forma como você posiciona o storytelling de uma apresentação para seu time também. Está criando um novo produto? Levantando dinheiro para sua startup? Tentando vender a ideia de uma nova estratégia de marketing? Storytelling, storytelling, storytelling.
É óbvio que apenas storytelling não é suficiente. Isso se chama charlatanismo ou golpe. Citando Damadaran novamente: “nós nos relacionamos e lembramos melhor de histórias do que de números, mas contar histórias pode nos levar rapidamente para um mundo de fantasia.”.
A história precisa, é claro, de sustentação real. É como sempre digo: ninguém pode lhe levar para onde nunca esteve. E no mundo da internet e mídias sociais, as barreiras para a construção de narrativas - antes restritas a gigantescos conglomerados de mídia - diminuíram drasticamente, fazendo surgir uma legião de pessoas incríveis em contar - inventar - histórias, mas sem nenhum track record.
Contudo, mesmo assim, continuo acreditando no poder do storytelling e, mais do que isso, acredito que esta será uma das habilidades mais importantes deste século. Se estamos falando de um mundo cada vez mais dominado por Inteligência Artificial, automações, e assim por diante, como faremos com que as pessoas criem relações entre si, com marcas, e com estes robôs?
Exato, pelo storytelling.
Apenas por meio de histórias poderosas, que vão no âmago do que significa ser humano, é que poderemos continuar sendo relevantes. Se dados frios são tudo o que importa, máquinas já são - e continuarão sendo - muito melhores do que nós em coletá-los e, muitas vezes, analisá-los.
Dados são apenas a primeira camada. Precisaremos adicionar poderosas camadas de storytelling para que todas as inovações que estamos construindo não sejam inovações frias, que nos façam esquecer do nosso lado humano.