Thumbnail

As oportunidades de tecnologia para negócios tradicionais

Allan Costa

Allan Costa

Allan Costa é empreendedor, investidor-anjo, mentor, escritor, motociclista e palestrante em dois TEDx e em mais de 100 eventos por ano. Co-fundador do AAA Inovação, da Curitiba Angels e Diretor de Inovação da ISH Tecnologia. Mestre pela FGV e pela Lancaster University (UK), e AMP pela Harvard Business School.

Disrupção

As oportunidades de tecnologia para negócios tradicionais

18/01/2022 12:00
É comum termos acesso a cases de startups inovadoras que alcançaram valores de mercado bilionários em apenas alguns anos de existência. Para além das startups unicórnio - aquelas que atingem valor de mercado de pelo menos US$ 1 bilhão - adoramos ler e discutir cases de negócios que estão buscando revolucionar os seus mercados. Tudo isso é muito excitante, certo?
Pode ser, mas existe um outro conjunto de empresas que muitas vezes foge do clichê e das notícias nos portais, mas que são verdadeiros oceanos azuis de oportunidades. Estou falando aqui de empresas que atuam em áreas mais tradicionais, como logística, indústria, manufatura e infraestrutura.
O termo “tradicionais” pode soar um tanto pejorativo para alguns. O racional aqui é que esses negócios estão em indústrias que já estão ativas há muitas décadas - em algumas vezes, até séculos - ao contrário das startups, que em sua maioria atuam em negócios envolvendo tecnologias mais novas e disruptivas.
O ponto é: a junção de tecnologia e negócios mais tradicionais pode trazer resultados super expressivos.
Veja por exemplo o caso de startups como Loft e QuintoAndar, avaliadas em bilhões de dólares. Elas atuam em um dos mercados mais tradicionais e valiosos do mundo, o imobiliário. Estamos falando aqui de prédios. Aluguel. Contratos. Uma indústria muito tradicional. O que estas startups fizeram com maestria foi utilizar a tecnologia para melhorar imensamente os processos engessados já consolidados dessa indústria. Para retirar atrito do processo. Para criar disrupção.
Ter um negócio ou trabalhar em indústrias mais tradicionais pode ser, no fim das contas, uma grande vantagem. É justamente para onde menos gente está olhando, o que faz a competição ser menor. Além disso, por serem setores mais convencionais, pequenos incrementos de tecnologia já podem trazer grandes resultados.
Não à toa algumas das indústrias mais cotadas para sofrerem disrupção nesta década são justamente as mais tradicionais e mais difíceis de mudar, como saúde e educação. E aqui não estou falando necessariamente da criação de algo totalmente novo. Isso é muito raro.
O ponto central está em utilizar tecnologia para melhorar os processos e burocracias já engessados por décadas de “sempre foi feito assim” dentro destas indústrias. Você localiza um processo que pode ser melhorado e, aí sim, pode pensar em quais tecnologias seriam úteis para otimizá-los.
O que frequentemente vejo é que fundadores e executivos fazem o caminho inverso: se apaixonam por determinada tecnologia e querem “forçá-la” para dentro de suas empresas, sem atacar um problema real latente.
Se você for capaz de encontrar mercados tradicionais em que determinados processos permanecem os mesmos há décadas, talvez seja bom olhar com carinho: você pode estar diante de uma grande oportunidade.