Uma das minhas analogias preferidas sobre inovação tem a ver com sexo. Já mencionei isso diversas vezes para minha equipe e em palestras ao redor do Brasil: inovação é como sexo na adolescência - temos um monte de gente falando sobre, mas pouca gente realmente fazendo.
Nada é mais verdade do que isso no ambiente corporativo, quando se fala de inovação.
Temos palestras, hackatons, comitês de inovação, treinamentos e tudo mais. Mas, no fim do dia, o cliente ainda tem enormes desafios para resolver seus problemas, por exemplo. De nada adianta falar um mundo sobre inovação e trazer o melhor conteúdo sobre o tema para dentro da empresa se ações não são tomadas.
Tem empresa por aí falando sobre inteligência artificial, blockchain, e tudo mais, mas que não resolveu ainda nem mesmo o básico. O cliente não recebe o produto. O cliente não consegue suporte, e assim por diante.
É óbvio que não estou dizendo aqui que novas tecnologias não são importantes. Mas como sempre digo, tecnologia é potencializadora. Se o feijão com arroz não está sendo bem feito, não vai ser o fato de implementar IA ou blockchain que vai transformá-lo. Na verdade, inserir tecnologias poderosas em processos ruins pode ter um efeito contrário, como já vimos diversas vezes.
A inovação é, no fim das contas, como um grande teatro. Temos muitas pessoas assistindo, aplaudindo ou criticando. Falando sobre. Temos poucas pessoas no palco, realmente tentando, errando ou acertando.
Uma das razões para isso é que a inovação virou um negócio. Sei muito bem disso como sócio de uma empresa de educação focada em inovação e como palestrante sobre o tema há quase 10 anos.
Falar sobre inovação é ótimo. É glamuroso. Você apresenta cases, fala sobre o futuro, discute novas tecnologias. Tudo isso traz uma sensação de que, agora sim, a empresa está pronta para inovar e todos descobriram o santo graal da inovação.
Apesar de empreender na área, sei que isso é também um problema. Empresas gastam centenas de milhares de reais por ano em hackatons, palestras, treinamentos, workshops etc. É óbvio que isso tem seu valor - fundei uma empresa que faz exatamente isso.
Contudo, muitas empresas caem na armadilha de achar que isso é suficiente. Não estamos inovando o suficiente? Vamos gastar mais dinheiro com essas iniciativas.
Educar é, sim, importante. Mas tomar ações a partir do que foi aprendido é o que realmente transforma.
Menos palco, mais ação.