É comum encontrar quem busca agradar a todos no ambiente corporativo. Essa necessidade de aprovação, ou o medo de desagradar, é uma das características mais destrutivas e frequentes nesse meio. Muitos profissionais e até empresas inteiras estão imersos na cultura do "vamos manter o clima leve", onde todos sorriem e se esforçam para serem agradáveis.
Quando o feedback surge nesse cenário, ele frequentemente vem envolto em "palavras bonitas, mas vazias", sem utilidade prática. Frases como "adoro sua energia", "você tem muito potencial" ou "tudo que você faz é incrível" soam empáticas e gentis, mas são, na verdade, genéricas e sem significado. O que realmente significa ter "potencial" ou "boa energia"? Essas expressões são apenas "positividade vazia", transformando o que deveria ser uma comunicação construtiva em um mero "verniz disfarçado de 'cultura cool'".
Ao optar por essas expressões genéricas, escolhe-se o caminho mais fácil, dizendo o que a pessoa quer ouvir para evitar atrito. Contudo, essa atitude é uma forma de se esquivar da responsabilidade de ser verdadeiro e de perder a oportunidade de ser útil.
A futilidade dos emojis no feedback
Os emojis se tornaram a "nova moeda do 'feedback moderno'", com palminhas, foguinhos e corações substituindo análises reais. Receber três palminhas no WhatsApp não garante que o trabalho foi bem feito; é apenas uma maneira digital de dizer "muito bom" sem reflexão alguma sobre o elogio. Pior ainda, pode indicar que nem houve atenção ao que foi apresentado.
Essa "positividade sem propósito" não forma líderes, mas sim "profissionais frágeis" que nunca foram confrontados e não aprenderam a lidar com críticas construtivas. Esse ciclo vicioso leva a "profissionais despreparados formando mais gente despreparada".
O caminho para um feedback construtivo
Não se trata de ser rude ou falar de qualquer jeito. Ninguém precisa ser indelicado para ser assertivo; a questão é ter uma "presença verdadeira".
Se dar feedback gera desconforto, uma alternativa inteligente é fazer perguntas. Em vez de um "arrasou", experimente:
"Quais partes da sua apresentação você acredita que foram mais eficazes?"
"Se você pudesse refazer algo, o que mudaria e por quê?"
"O que você acredita que pode ser feito para tornar este projeto ainda mais exequível?"
Essas perguntas estimulam a pessoa a refletir e a se tornar protagonista de sua própria análise. Assim, o feedback não é rude, desagradável ou vazio. Transformar um "elogio" superficial em uma "oportunidade real de aprendizado é liderança de verdade".
Liderança real: coragem e cuidado
A transição de uma liderança mediana para uma "liderança real" ocorre quando compreendemos que o feedback é um ato de "coragem e cuidado". Ele "vai gerar desconforto", mas é justamente no desconforto que reside o crescimento.
Líderes eficazes não são aqueles que apenas elogiam, mas sim os que têm a "coragem de ser verdadeiros, mesmo quando é difícil". Eles sabem que a liderança genuína exige responsabilidade, não apenas aprovação.
O feedback é uma das ferramentas mais poderosas para o desenvolvimento humano e essencial para reter talentos no mundo corporativo. Contudo, só funciona quando há "sinceridade, clareza" e uma "intenção real de ajudar". A positividade vazia, além de inútil, é desrespeitosa com a inteligência do outro.
Para ajudar alguém a evoluir, evite elogios genéricos. Abandone o papel de "inspirador" e escolha ser útil. Faça perguntas que provoquem a reflexão e ofereça observações específicas. Acima de tudo, seja honesto. A verdadeira liderança não busca fazer as pessoas se sentirem bem o tempo todo, mas sim inspirá-las a serem melhores.