Final de ano chega e com ele o temido e aguardado momento do feedback corporativo.
A maioria das empresas realiza esse processo nessa época, algumas usando avaliação 360, outras apenas com a avaliação dos gestores e, em alguns casos, o feedback é dado pelo time de RH, que pode nem ter tido contato direto com o seu trabalho.
Independentemente do modelo adotado, todo fim de ano a cena se repete: profissionais se sentam diante dos seus líderes esperando, quase como quem aguarda uma sentença, que alguém lhes diga o que fizeram bem, o que fizeram mal e para onde devem ir a partir dali.
Passamos meses tomando decisões, conduzindo entregas, lidando com pressões diárias, mas na hora de avaliar nosso desempenho, nos comportamos como quem depende de uma autorização externa para existir. Curioso, não?
A verdade é que ninguém conhece seu trabalho melhor do que você. E se é você quem viveu cada erro, cada acerto e cada tentativa, por que permitir que o julgamento inicial venha de fora? Feedback é valioso, claro, mas esperar que ele seja o ponto de partida é desperdício de tempo e autonomia.
Sabendo que nem toda avaliação externa é ideal ou realista em relação ao que você entregou, a atitude mais sensata antes de qualquer conversa formal é fazer a própria autoavaliação.
Em outras palavras: como você avalia o próprio trabalho?
Essa não é uma pergunta retórica. É uma oportunidade de abandonar o papel passivo de apenas ouvir o que dizem sobre você e assumir o controle da narrativa sobre a sua performance. É o momento de pontuar para seus gestores os pontos que você identificou e que podem ser aprimorados para elevar a qualidade das suas entregas.
Talvez você tenha acumulado horas extras porque processos internos eram confusos e faltava clareza, por exemplo. Talvez você tenha trabalhado além da conta porque estava sobrecarregado. São nuances que só você conhece e que precisam estar na mesa.
O autofeedback é um exercício consciente de assumir a responsabilidade sobre suas próprias ações. Não é um ritual narcisista e nem um autoflagelo. É honestidade brutal e coragem para se confrontar e responder perguntas que evitamos no piloto automático:
O que eu realmente entreguei? Onde eu compliquei o simples? Onde deixei de liderar? Em que momento meu emocional dirigiu a reunião por mim? Quanto eu cresci? Quanto eu fiquei parado?
Quando você se confronta com essas perguntas, chega na reunião de feedback não em busca de aprovação, mas de alinhamento entre a sua percepção e a percepção da empresa.
Isso te dá mais clareza sobre o seu futuro profissional. Dependendo do grau de alinhamento (ou desalinhamento), fica mais fácil entender se existe espaço para uma promoção, aumento, mudança de área ou até uma possível saída da empresa, se for o caso.
Autoavaliação consciente e honesta é a versão corporativa do "arrume seu quarto antes de mudar o mundo".
Ela serve para colocar seus pés no chão, ajustar expectativas e te ajudar a enxergar com mais lucidez tanto a empresa quanto você mesmo. Também impede aquela armadilha de se imaginar em um pedestal em que tudo que você faz está certo e os erros pertencem sempre aos outros.
Em resumo: autofeedback é resolução interna antes da cobrança externa.
Por isso, neste fim de ano, antes de abrir o relatório de metas ou marcar a conversa com o gestor, faça a única pergunta que realmente importa: “Se eu fosse meu próprio líder, o que eu diria sobre mim?”